Capítulo 2 - Bloody Mary

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"Clássico, exótico, uma combinação nada convencional. Ou amam ou odeiam"

Roberta não disse absolutamente nada desde que chegou a casa dos tios, sentou-se no sofá enquanto o tio dava seu esporro sem pausa, e isso durou horas. Ela observava as rugas que ele ganhou ao longo dos anos, juntamente ao dobro de fios brancos. Sua feição era ainda mais rígida do que ela se lembrava, mas isso poderia ser pela situação do momento. Supõs.

- Sério, como você consegue ser tão imatura, não tem um pingo de juízo e maturidade. Volta sem avisar, se esconde de mim e ainda vai pressa. Presa, Roberta! Pelo FBI! - ele já havia repetido aquilo mais de vinte vezes.

- Tecnicamente eu não fui presa. - Ela comete o erro de o responder e lá se foram mais duas horas de sermão.

Ele sempre foi assim, rigoroso quando se tratava do comportamento das meninas, ele era doce e gentil na maior parte do tempo, mas em qualquer deslize que ele analisava prontamente com sua régua moral, lá vinha um longo diálogo e castigo para correção. A vantagem da vida adulta de Robera, era que o diálogo deve, porém o castigo era algo do qual não servia mais.

Por sua sorte sua prima mais nova veio ao seu socorro o que a possibilitou escapar do tio para o quarto, mas sabia que durante o jantar, almoço, café da manhã e da tarde qualquer que fosse a oportunidade, ele retomaria com o sermão.

Em seu antigo quarto, que por mais surpreendente que fosse ainda continuava do mesmo jeito com as paredes em tinta gasta pintada em roxo, e os velhos pôsteres de boybands, e da Taylor Swift em seu início de carreira. Ela contava tudo a prima detalhadamente do que ocorreu na noite anterior, principalmente o que não contou aos tios.

- Eu não posso acreditar que tudo isso aconteceu. Você bateu em um agente do FBI, você é maluca.

- Sério que você acha essa a pior parte? - pergunta e flashes de mais cedo inundam sua cabeça. - hum, não estou envergonhada aaaaaa - ela se enrolava no lençol com o rosto no travesseiro abafando o grito. - Aquele agente me viu como eu vim ao mundo.

- Calma, podia ter sido pior. - Regina tenta consolar.

- Pior? Impossível, eu fiz tudo de mais constrangedor naquela noite, e você sabe como eu fico quando perco o controle, eu não falo nada com nada

- Não...- ela não conseguia imaginar a cena. Roberta adquiria um humor tenebroso, suas piadas eram as mais constrangedoras e inconvenientes possíveis.

- Sim, eu falei tanta merda. Você não tem ideia.

- Não quero ter. - falava chocada. - Mas sério, por que se escondeu da gente? Nem para mim você contou. - A universitária pergunta chateada.

- Eu só queria me resolver antes, sabe. Me estabelecer bem, quando tudo estivesse resolvido.

- Calma, então pretende ficar mesmo, tipo real, para o resto da vida? - a chateação deu lugar a empolgação.

- Aí, isso eu não sei, toda vida é muito tempo, ou não, vai saber. - Ela dá de ombros.

- Ai credo - a prima bate na cômoda próxima- Vira essa boca pra lá. - Roberta rir, se tinha algo da qual ela não tinha medo era da morte, vivia sua vida da maneira como queria, gostava de viver ao máximo fazendo tudo que quisesse, então se algum ceifador batesse em sua porta ela iria de boa vontade, sabendo que não tinha do que se arrepender.

- Eu resolvi tentar em uma sociedade com Martin.

- Martin? Martin Brooke?

- Sim. Já está tudo resolvido, eu usei o dinheiro da herança. Ele cuida de toda burocracia. - Regina a olha chocada, Roberta nunca quis mexer no dinheiro.

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