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VISÃO DO [NOME]

Era estranho ver Hanma tentando cozinhar, e [Nome] ainda não tinha se acostumado com isso. Mesmo depois de um mês Hanma ainda não o havia tocado com desejo, e não passou de beijos, parecia determinado a respeitar o espaço pessoal de [Nome]. Hanma era péssimo na cozinha, mas tentava seu melhor, os dois se revezavam nas tarefas domésticas da casa, e os dois haviam achado um emprego novo. Agora [Nome] oficialmente tinha um trabalho descente, no mercado que Hanma o recomendou ele agora era o atendente da padaria.

Ele ainda se lembrava do primeiro dia, suas bochechas ficaram doidas de tanto sorrir, suas pernas ficaram doidas e ele se sentia exausto, ele não sabia que teria de fazer tanta coisa, por 8 horas, com apenas dois intervalos (o do café e almoço), ele não parava quieto. Era os pães fatiados na estante, os doces e salgados do balcão, fazer pão de queijo sempre que uma forma chega na metade, lavar as formas, atender os clientes, arrumar os milhares de temperos que ficavam ao lado da padaria.......e arrumar tudo de novo e de novo a medida que os clientes bagunçavam. 

Mas......ele estava feliz, se fechasse os olhos para tudo o que aconteceu antes de conseguir esse emprego, pareceria que ele e Hanma era somente um casal que morava em uma pequena casa e que tinham uma vida simples mas feliz, não haviam "sequelas" do passado. [Nome] só tinha o contato de Nozomi, e os dois de falam com frequência. Hanma virou entregador de festfood (Por que não queria deixar de andar de moto, e como sempre estava de capacete os clientes não viam seu rosto.) [Nome] não tinha adquirido nenhum trauma com o incidente do beco, eles moravam longe do Bordel, então ninguém o reconheceria. E o melhor de tudo, nenhum dos dois tinha atraído problemas durante todo esse tempo.

Hanma ainda brigava de vez em quando, e voltava com hematomas, mas.....essas brigas estavam pouco a pouco perdendo a frequência e [Nome] ainda se esforçava para ver Hanma como......bem, como Hanma, e não como um assassino insensível.

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-- Você quer.....ir ao cinema? -- Aquilo foi repentido, e pegou [Nome] desprevenido.

-- Ahn.....para qual filme? -- o menor tinha acabado de secar a louça quando foi abraçado por trás. Hanma deu um riso esquisito, um que geralmente o deixava arrepiado e nervoso.

-- Um sobre zumbis -- Hanma já havia lhe dito do apelido de "Zumbi" que ele ganhou em uma luta, por algum motivo [Nome] rio levemente e depois girou nos braços do maior, ficando de frente para ele sorrindo.

-- Ainda prefiro ficar em casa, me suborne.

-- Um beijo? -- O menor nega em silêncio -- Dois beijos? -- Outra recusa -- ............lanche por minha conta? -- [Nome] Se soltou dos braços de Hanma e foi até o quarto que eles dividiam, parou na porta e o encarou.

-- Não vem se arrumar?
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O [Nome] sentiu a cabeça doer levemente ao saírem do cinema. Ele ficou confuso de inicio, até lembrar de algo muito importante, nesse mês que ele havia ficado com Hanma em sua nova casa, ele não havia induzido suas visões ou seja...se ele não corresse pra casa e induzisse uma agora ele poderia ter uma em um lugar aleatório. 

-- Vamos pra casa! -- [Nome] afirma segurando a mão de Hanma e o puxando rapidamente para onde a moto tinha sido estacionada. 

-- Você não gostou do filme?

-- Não é isso, tem algo que eu preciso fazer urgentemente -- Hanma estava visivelmente confuso e curioso, pela postura relaxada ele ainda estava calmo, o que era de se esperar, pois ninguém sabia das visões de [Nome]....até hoje -- Eu te explico em casa, mas agora eu preciso que você nos leve para casa o  mais rápido o possível!

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VISÃO DO HANMA

Assim que eu parei a moto [Nome] tirou o capacete enquanto corria para o pequeno apartamento, deixei a moto na garagem e fui para dentro, e assim que abro a porta me deparo com [Nome] caído no chão. No mesmo instante meu coração acelerou e eu me desesperei, corri até ele e o peguei no colo, o colocando no sofá e depois verificando o pulso.

Está batendo, e a respiração está regular como se estivesse dormindo. O que diabos acabou de acontecer!?!?

Foi desesperador, Hanma não sabia o que fazer, ele notou a pressa obvia que [Nome] tinha para chegar em casa, mas o pequeno não estava com medo, apenas preocupado, então como Hanma deveria se sentir? Ele escolheu ficar ali, ao seu lado, e esperar, o medo de perder o amado para seja lá o que tivesse acontecido.

Foram os piores minutos da vida de Hanma, pior do que quando [Nome] estava no hospital, por que lá ele estava sendo cuidado por pessoas experientes e seus ferimentos tinham uma explicação, mas agora....ele não tinha nenhum ferimento, tinha apenas desmaiado do nada, sem explicação, e estava em casa, sob os cuidados de uma pessoa que só sabia machucar e não cuidar.

Hanma fechou os olhos, implorando mentalmente pelo bem de [Nome], até que sentiu uma mão delicada tocar sua bochecha, abrindo os olhos ele encontrou com as orbes lindas e brilhantes de [Nome]. 

-- Quer ouvir uma história? -- [Nome] sorriu, aquele mesmo sorriso fofo que fazia seu coração derreter -- tenho muita coisa para explicar.

-- Eu fiquei assustado! -- Hanma abraçou o menor, como [Nome] estava no sofá e Hanma no chão, com o abraço a cabeça de Hanma afundou na barriga de [Nome], bagunçando e desmanchando parte do topete -- eu não sabia o que fazer, se te levava para o hospital ou só ficava aqui...

-- hei, eu estou bem -- o tom suave como uma pluma de [Nome] acalmou quase instantaneamente o coração aflito do maior. [Nome] fez um carinho nos cabelos de Hanma, depois o puxou levemente para cima e se encostou bem no sofá, um convite silencioso para o maior se deitar ali.

Hanma o fez. Deitou-se ao lado do menor e o abraçou pela cintura, agradecendo por ele estar bem.

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VISÃO DO [NOME]

Outra visão estranha, as duas últimas visões de [Nome] tinham sido estranhas, eram confusas de mais se analisadas separadas, e muito confusas por [Nome] não saber muita coisa do passado de Hanma. As duas focaram no garoto de topete, e em resumo....alguém queria que Hanma voltasse, para um confronto ou algo assim, um cara de cabelo rosas e cicatrizes idênticas nas bochechas pedia para Hanma voltar, se juntar a um grupo, e seguir um tal de Mikey. O que realmente preocupou [Nome] foi quando Hanma disse que iria sair, teria de voltar a sua cidade natal por alguns dias. E foi assim que se desencadeou uma discussão, em que [Nome] só queria que Hanma ficasse em casa, sem se meter em confusão, sem arranjar mais brigas. E Hanma falava que essa seria a última, depois saiu de casa batendo a porta.

-- Hanma!! Volta aqui! -- [Nome] Desesperado correu atrás do maior, mas ele já estava dando partida na moto -- HANMA!!

[Nome] olhou para os lados, viu a moto do vizinho e não pensou duas vezes, o capacete ficou meio grande, e a moto era pesada, mas seria por pouco tempo, assim que o vizinho voltou conversando com a esposa e viu nome começou a gritar.

-- Eu te pago por ter pego eu prometo! -- [Nome] Acelerou -- Talvez eu demore, preciso trazer meu namorado inconsequente para casa! -- E então se foi, estranhando em como a palavra "namorado" o aqueceu por dentro.

Demorou horas, horas em que [Nome] pilotou por uma estrada desconhecida, saindo de sua pequena cidade pela primeira vez, no começo ele seguiu Hanma de longe, o reconhecendo pela moto estranha que o mesmo não conseguia se desfazer, seus gritos se perderam no vento e o maior não o ouviu, depois quando [Nome] o perdeu de vista seguiu indo para Tokyo, onde o Hanma disse que veio. [Nome] era preparado, cauteloso por natureza, e quando teve as visões do homem com cabelos rosas anotou o local que ele falou. Ele estava com medo, uma cidade desconhecida, pessoas totalmente desconhecidas, indo atrás de um maluco inconsequente. Seu maluco inconsequente.

[Nome] precisou de ajuda para achar o lugar, pedindo direções para desconhecidos, e quando finalmente achou o lugar estranhou em como parecia silencioso, e então ouviu os gritos de choro de uma pessoa, parecia tão distante. [Nome] Deixou a moto em um canto, para saber qual era a sua e então tentou entrar discretamente. Ele viu dezenas de pessoas, todos adolescentes, parados, alguns chorando, a atenção voltada para dois loiros no centro, onde um estava caído, com uma espada atravessando o peito, e o outro chorando, o implorando para acordar. E após gritar para que o outro abrisse os olhos, ele desmaiou, o corpo mole caindo para o lado, mas sua mão ainda segurando a do que aparentava estar morto.

 [Nome] não saberia explicar o que sentiu naquele instante, ele se sentiu atraído para o centro da multidão, onde estavam os dois inconscientes, como se devesse estar lá, como se tivesse vivido a vida inteira para esse instante. Seus pés se moveram sozinhos, o levando por entre as pessoas. Ele começou a ouvir duas vozes infantis, como dois garotinhos conversando e rindo. Uma mão o segurou pelo braço, Hanma o olhava assustado e confuso, mas mesmo que Hanma fosse seu motivo inicial para estar ali.... o destino o trouxe até aquele lugar, para enfim concertar seu maior erro. O de amar pessoas que não mereceram seu amor. 

 [Nome] se soltou de Hanma, correu até os dois caídos. Algumas pessoas tentaram o parar, provavelmente achando que ele queria fazer algo errado, mas o que ele queria afinal? Era um instinto que o atraia, seus sentidos mal funcionavam, as vozes pareciam distantes, e sua visão perdeu o foco que qualquer coisa que não fosse os loiros no chão. Ele caiu de joelhos ao lado dos dois, e misteriosamente sabia o que fazer. Segurou as mãos juntas deles entre as suas. E então, falou com uma voz que sabia que não era sua, antes mesmo de perceber:

-- Que a origem seja reescrita.






PREDIÇÃO   ( Hanma X Male Leitor )Onde histórias criam vida. Descubra agora