- 𝘼𝙙𝙙𝙞𝙘𝙩𝙚𝙙 𝙏𝙤 𝙔𝙤𝙪𝙧 𝙀𝙮𝙚𝙨; (𝘫𝘦𝘰𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯)

2. YOUR EYES CURE

Ele tirou a pulseira do bolso e apertou as pedrinhas entre os dedos. A lembrança era viva, a cicatriz ainda não era indolor e talvez nunca seria. Bang Chan não conseguia esquecer, mas dedicava sua vida toda a fugir da culpa e dos pensamentos, mas agora não conseguia. Precisava de um conselho, precisava de um irmão.

Depois do que aconteceu, não conseguia suportar lembrar do medo que causou naquele garoto. Odiava fechar os olhos e ver seu rosto cheio de lágrimas implorando pela própria vida, Chan não conseguia entender como deixou as coisas chegarem nesse ponto, como foi tão controlado por alguém que acabou perdendo a noção do que era certo ou errado.

Agora tinha tido um choque de realidade. Não queria ser aquela pessoa, não queria chegar naquele ponto outra vez e amedrontar alguém daquela forma. Finalmente tinha entendido porque seu irmão foi tão torturado, pois diferente dele, Wooseok era puro e era bom. Ele jamais conseguiria machucar alguém daquele jeito, e por isso foi chamado de fraco quando tudo que fez foi não ceder ao controle.

O coração de Bang Chan doía, e sua mente travou uma guerra contra si mesmo. Era difícil ir contra tudo que aprendeu e a criação que teve, mas desde que Wooseok se foi ele passou a questionar seus atos e sua vida, e mesmo nunca fazendo nada pra mudar ainda tinha aquele sentimento no fundo do peito que lhe dizia pra seguir outro caminho. Esse sentimento ficou mais forte agora, e seu interior era dividido em duas partes, a parte que ainda estava absorto no que lhe foi ensinado, e a parte real de si mesma que queria desesperadamente viver.

Como resultado desse desespero, buscou seu único passatempo e mais uma vez se enganou quando pensou que fosse esquecer o que lhe incomodava. Enquanto a música tocava dentro da casa e as pessoas se divertiam, Bang Chan foi tentar buscar um pouco de paz no jardim. Viu algumas pessoas na entrada da casa sentadas na calçada e no gramado enquanto riam e bebiam, Lee Minho era uma delas, e beijava um garoto mais baixo enquanto segurava uma garrafa de soju.

Se sentou em um banco e respirou o ar fresco da noite, guardou a pulseira no bolso e olhou pro relógio que tinha no pulso. O prazo acabava dentro de uma hora, e muito provavelmente seu pai já estava preparando seu castigo. Ele sabia que ia dar errado, sempre que tentava resolver as coisas do jeito certo ninguém lhe obedecia. Agora, teria de sequestrar aquele garoto e muito provavelmente mata-lo, mas só o pensamento já lhe dava vontade de vomitar.

Colocou a cabeça entre as mãos e suspirou pesado, tentando descobrir qual foi o ponto que tudo tinha explodido daquele jeito. Estava perdido, precisava fugir pra algum lugar, precisava fugir de si mesmo e daquela vida que era obrigado a ter. Não conseguia entender como seu pai se sentia feliz com isso, como o sorriso sempre aparecia em seu rosto quando via alguém ter medo, a única coisa que Bang Chan sentiu quando Jeongin chorou era pena, pena dele e de si mesmo por não conseguir fazer a coisa certa.

Alguém sentou do seu lado, pensou que era Minho, a única pessoa naquela festa que as vezes conversava com ele, mas Minho estava muito chapado pra ter uma conversa agora. Levantou seu rosto e viu que a pessoa segurava um pacote, e seu corpo tremeu ao ver Yang Jeongin.

A primeira coisa que sentiu foi alívio, não só pelo pagamento, mas por ver seu rosto outra vez. Seu olhar não se sustentava no seu, ele desviava e olhava pra longe, mostrando que ainda tinha medo de Bang Chan. Apesar de doer, ele se sentiu um pouco melhor, porque pelo menos seus olhos de águia brilhantes não estavam molhados de lágrimas de novo.

— O meu pai ganhou dessa vez – tirou o pacote do colo e colocou sobre o banco – Está tudo aí, a dívida e o juros, pode conferir.

Chan nem se quer olhou pro pacote, não conseguia tirar seus olhos do rosto dele, sentia que precisava fazer alguma coisa mas se sentia congelado no tempo. Jeongin precisava de um pedido de desculpas, mas Bang Chan percebeu que nem isso ele sabia fazer, pois em toda a sua vida quase nunca se desculpou por seus atos.