Prólogo.

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1880 - Julho
- Harry, 13 anos -

A vida nunca foi tão gentil com o menino tímido e doce que tinha belos olhos esverdeados e cabelos encaracolados, porém isso nunca fez ele deixar de ver beleza nas pequenas coisas da sua volta, aquelas que todos banalizam por achar irrelevante.

Todos os dias, desde que o pequeno garoto havia se mudado para àquela pequena cidade pacata no interior da Inglaterra, ele pudera ouvir a mesma história repetidas vezes, a mesma que assombrava seus sonhos durante o cair da noite. Aquela história que fazia o pequeno Styles suspirar de medo sempre que passava na frente da suposta personagem principal dos seus pesadelos no caminhos de sua escola e no seu retorno para sua residência, a casa que todos sempre fizeram questão de dar ênfase no aviso de não se aproximar em hipótese alguma.

Harry sentia calafrios só de pensar no que o esperava do outro lado da cerca. Não sabia se seria uma pessoa com intenções de lhe fazer algum mal, se era uma assombração como todos diziam ser ou se teria algum animal selvagem pronto para lhe dar o 'bote' no seu momento de invulnerabilidade. A questão do momento era: entrar e cumprir a maldita aposta de seus amigos ou então amarelar e dar meia-volta fingindo que havia ultrapassado a cerca que, com o passar dos anos, adquiriu inúmeras vinhas e flores ao seu redor. Harry queria muito escolher a segunda opção, porém ele sabia que não seria tão fácil assim se tratando de Zayn, Liam e Niall, ele sabia que os três garotos poderiam estar em qualquer lugar daquela rua, se escondendo, para que pudessem pôr à prova que Styles não lhes passaria a perna na aposta que perdera. Harry só tinha um trabalho para realizar: atravessar a cerca da casa que esteve em todos os seus piores pesadelos desde que tinha 5 anos.

É agora ou nunca.' Pensou Styles quando pareceu que uma gota de coragem preencherá seu peito, depois de muito encarar a fachada daquele lugar. Havia uma imensa árvore que cobria grande parte do quintal, que já não é muito visível, com grandes cipós enrolados em seus galhos e muitos outros caindo por seu comprimento. A Casa em si quase que não existia de tão camuflada, em razão da grande árvore e do mato em volta que cresciam e escondiam a grande residência, porém, a casa ainda exercia sua existência, pois mesmo com tanta vegetação ainda era possível ver parte do telhado e ainda de algumas grandes janelas que aparentavam ter musgo crescendo nas bordas.

Ele olhou para os dois lados para verificar se conseguia visualizar seus amigos espremidos, possivelmente, atrás de um poste um pouco mais afastado de onde Harry estaria, e, bom... As suspeitas do garoto realmente estavam certas, em sua visão a cena era um tanto quanto cômica, mas deixaria eles acreditarem que estavam bem escondidos e que de forma alguma Styles havia notado-os naquela situação embaraçosa.

Harry, em uma pequena lufada de ar, deu um passo à frente e logo procurou uma área para que pudesse usar de apoio e ultrapassar, não era muito difícil escalar, bastava apoiar o pé em um lugar no muro e usar os cipós para se impulsionar para cima. O único problema era o fato de Harry estar surtando internamente e com as mãos trêmulas. Ele teria que encarar seu medo de frente.

Os segundos pareciam ter virado minutos na percepção de Harry. Porque, de repente, ele sentiu uma mão no seu ombro que o assustou de imediato. Ele nem havia notado os amigos se aproximando.

― Precisa de alguma ajuda ou apoio emocional? ― perguntou Zayn em um tom brincalhão.

― Zee! ― disse Styles com a respiração ofegante pelo susto recente ― Definitivamente sim, por favor.

Zayn sorriu e indicou com a cabeça para que Liam e Niall se aproximassem.

― Você não precisa ficar muito tempo lá dentro, de qualquer forma, apenas entre, dê uma olhada e depois saía. ― alertou Liam, com um semblante preocupado.

― Tá tudo bem Payno, eu vou ver o que tem de tão assustador lá dentro e depois volto.

― Isso se você voltar vivo de lá... ― disse Niall num som quase que inaudível mas que foi possível escutar claramente. ― Ai, Liam! Isso doeu!

― Problema seu. Agora anda, vem ajudar o Hazz a subir aqui.

O cacheado ainda estava muito relutante, quase colapsando de nervoso. Suas mãos tremiam e haviam se formado pequenas gotas de suor na sua testa e bochechas. O garoto quase desistiu quando Liam disse que ele não precisava fazer aquilo e que poderia pagar a aposta de outra forma, mas Zayn foi insistente em dizer que nada iria acontecer com Harry e que histórias eram apenas histórias, afinal ninguém tinha pisado ali dentro para saber o que tinha de verdade, era só um monte de lendas sem fundamento.

Styles fechou os olhos e respirou fundo.

― Okay, me ajudem aqui. ― disse Harry confiante.

Harry segurou um dos cipós que ele julgou ser o mais resistente, dentre os outros que se encontravam ali, e apoiou um dos pés em uma pedra, do muro, que parecia mais firme. Quando se sentiu preparado para subir, ele virou a cabeça e acenou pra que os meninos impulsionassem-o pra cima. Ele fechou os olhos e só esperou e, quando menos esperava, já estava no topo, no outro lado e tendo o gramado amortecendo sua queda.

Ele ainda não tinha aberto os olhos totalmente, tinha só dado uma pequena espiadinha por entre seus cílios.

― Ei! Você tá vivo, cara? ― perguntou Zayn depois de um tempo em que Styles já estava lá dentro.

― Sim, eu estou.

― Como é aí dentro? ― Niall perguntou enquanto tentava olhar pelas frestas da madeira do cercado - que foi uma tentativa inútil.

― Eu não sei. Ainda não tive coragem de abrir os olhos.

Zayn suspirou de forma dramática enquanto revirava os olhos.

― Deixa de ser mole, Harry!

Aquela frase de novo. Malik sempre dizia para o cacheado. Servia mais como um pequeno incentivo ou empurrãozinho para que Harry ficasse mais desleixado com alguma situação que o incomodava. Sempre dava certo, e Zayn sabia disso. Afinal, Styles é competitivo o suficiente para não dar o braço a torcer.

Ainda relutante, o garoto decidiu que deveria enfrentar seu medo, aliás, era só uma história para criança dormir - como Niall constumava dizer.

E sem dúvida era.

Tell me about the stars, babe || l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora