Disappearing Into You

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"You live your life, You go in shadows, You'll come apart and you'll go black

Some kind of night into your darkness, Colors your eyes with what's not there

Fade into you..."


Em meio as ruas enfeitadas com suas luzes laranjas, abóboras e fantasmas, as palavras ainda quentes pairavam entre eles. O ar fresco do outono não foi suficiente para desfazer a sensação. Billy e Steve se encaravam pelo o que parecia uma eternidade, quando na verdade apenas alguns segundos tinham se passado. Em algum lugar daquilo tudo Harrington ouvia a voz de Dustin, mas estava atento demais ao toque de Billy para se importar.

O menor segurava seu pulso, tinha o impedido de dar as costas para ele antes que pudesse falar. Eles se encontraram por acaso, cada um em seu papel de babá na noite de halloween. Billy devia manter Max em segurança, e Steve toda horda de pirralhos Lucas, Dustin, Mike, Will e Eleven.

 Hargrove.

 Harrington.

E ele estava indo embora. Nunca trocavam mais que algumas palavras desde que aquilo começou. As vezes era um cumprimento silencioso, um simples aceno. A questão é que eles não ficavam horas e horas conversando em público, era algo que estava pré-estabelecido entre eles, sem que precisassem de um ponto sobre. Também era algo compartilhado apenas assim.

Não era como se eles fossem confidentes depois do primeiro beijo. Steve desconfiava de algumas coisas, Billy de outras, mas não tinham tocado nos assuntos em questão. Eles não estavam declarando algum tipo de sentimento, mas existia alguma coisa ali, eles sabiam. Steve teve certeza pela forma como Billy o segurava em seus pesadelos e não ia embora, não se afasta. Billy sabia por cada curativo que Steve fez sem questionar.

Ele recebia os gestos de Billy da forma como sabia que ele podia fazer. Não se tratava da pessoa mais gentil e doce do mundo, mas Steve descobriu que ele poderia ser mais do que raiva e violência vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.

Harrington deixava-o tocar suas feridas como se não tivesse sido responsável por algumas delas. E era um toque sem jeito, mas que parecia pertencer aquele lugar em sua pele. Então era aquilo. Eles não falavam sobre seus sentimentos, sobre os pesadelos que acordavam Steve suando frio em desespero e as vezes em lágrimas, ou sobre o rosto machucado de Billy e as marcas em seu corpo. Mas eles se tocavam mesmo assim, tocavam cada ferida que estava além da superfície de suas peles. Eles encontraram um ritmo que funcionava bem em meio a tensão de serem quem eram, e carregarem todas aquelas bagagens. Mesmo sem confissões, eles estavam vivendo aquilo.

Billy contou que tinha sido transferido para as turmas avançadas quando o mais velho perguntou sobre as aulas que tinham juntos. Steve sabia que se formariam juntos, as vezes pensava sobre o que aconteceria depois do ensino médio. Ele tinha decidido encarar o Pai e entrar numa universidade, sair de Hawkins, porque há muito tempo ele estava deixando sua zona de conforto. Ele sabia que Billy queria voltar para a ensolarada Califórnia. Steve as vezes se perguntava o que Billy pensava, porque claramente não se sentia em casa naquela pequena cidade fria, mas eles nunca tinham conversado sobre. Ele tinha se questionado noites seguidas sobre o depois e ali diante daquelas palavras estava paralisado.

 Vem comigo para Califórnia – era algo entre uma sugestão e um pedido? De qualquer forma não deixou Steve menos confuso.

Era um passo além do que ele esperava. Estavam em alguma coisa então? Eles eram alguma coisa? Ele sempre pensou que estavam apenas, de alguma forma, se apoiando para aguentar até a formatura e então estariam livres e cada um seguira seu caminho. Eles estavam no mesmo caminho então?

Oh Mother!Onde histórias criam vida. Descubra agora