Às dezessete flores de margarida

A paternidade

KIM SEOKJIN 🌼

Para a família Kim, imagem era tudo.

Tudo sempre calculado, a maneira de se portar na frente de alguém importante até os que pareciam inofensivos.

Você não deveria fazer isso, melhor a gente fingir que isso não está acontecendo. Hora de mostrar alegria, mesmo que seja mentira. Sua infância e adolescência foram uma farsa.

Lembrava de sua mãe dizer que se ignorasse o que eles mandavam iria acabar machucando-os, que as outras pessoas eram mal e iria atrás deles para fazer o inferno. Atrapalhar a família linda que eles tinham.

Na adolescência entendia que foi enganado, mantiveram ele na linha com palavras de amor que ele nunca sentiu diretamente.

Foi na sua primeira festa de verdade que conheceu Yasmin Olivi, uma menina doce e que precisou de pouco para fazer Seokjin se apaixonar.

Foram meses tentando conquistá-la, mas isso nunca aconteceu. Yas era de outro que também nunca daria o que ela procurava.

Eles não sabem quando tudo aconteceu, nem mesmo lembravam como pararam na mesma cama. Mas semanas depois aquela noite teve resultado.

Yasmin estava grávida.

O dia que descobriu foi uma loucura, Olivi sorria como se tudo estivesse bem, passando uma confiança que nunca viu em seu olhar. Pensou que aquela felicidade só podia significar que eles passariam por tudo. Juntos.

A questão é: Yasmin não planejava ficar, descobrindo um pouco tarde quando já não surtava por ter um filho ainda muito novo. Nem tinha planos para sair de casa ainda, faltou conquistar o mundo.

Foi naquele dia desgastante, andando de um lado para o outro em frente ao mar sem saber que decisões tomava ao ter certeza que seu futuro seria ser um pai solo, que conheceu o homem de cabelos escuros.

Ele caminhava calmamente, aproveitando tudo de bom que aquele ambiente poderia oferecer, molhando as pontas dos pés olhou para trás como se perguntasse o que assustava tanto aquele garoto, pensando que provavelmente ajudaria, perguntou em voz alta.

— Péssimo dia?

— Não exatamente.

— Quer conversar sobre? Não é como se fossemos nós encontrar por aí depois mesmo.

— Eu vou ser pai — Aproximou-se da água, molhando seus pés e sentando sem se importar com a areia úmida. — Acho que não vou conseguir sozinho. A mãe pretende deixar a criança comigo. Eu não acho que sou capaz.

— Sei que nem te conheço, mas se você quer saber, acredito que vá conseguir. Você está com medo e isso é normal, só não deixe que isso te atrapalhe, sua filha precisa de você.

— Está certo!

Nunca agradeceu aquele homem por ter dito as palavras certas, nem teve a oportunidade, quando pensou em quebrar o silêncio, ninguém estava ali.

O homem levantou sem perceber e foi embora, deixando ele ali com os seus pensamentos, desejou tudo de bom o outro e secretamente quis encontrá-lo futuramente e contar que conseguiu.

Seokjin se esforçava para lembrar, mas depois daquilo não conseguia ter lembranças de como era sua vida sem ser rosa.

Sem o seu mundo lilás, a cor que representa tudo que passou ao lado da criança, desde seus primeiros arranhões até a suas complicações de saúde. Lembrar daqueles tempos era assustador para o Kim.

Teve um dia onde Seokjin foi só um jovem sem responsabilidade. Então em um piscar de olhos, ele estava segurando sua menina no colo e vendo a mãe da mesma indo embora.