YOU DESTROYED ME

CAPÍTULO 11

Minha alma encontrará a sua
                                   autor desconhecido

      Ouvi vozes masculinas na cozinha, o que dizia que alguns  dos meninos haviam chegado. Eu queria ir lá receber eles só que eu estava tonta por conta da garrafa de vodka que eu acabara de tomar, e minha cabeça rodava sem parar, não era só o álcool que me deixou assim, os pensamentos desinfreados também contribuíam. Tudo contribui pro meu desgaste.

    - Oie nega - disse o Kauã, encostado no batente da porta.

   - oi - disse porque eu não conseguia formular outra resposta.

     Eu ainda estava sentada , a garrafa vazia estava no chão ao lado da cadeira. Observei que ele levou os olhos até a garrafa e disse:

   - Nada que tu fizer vai trazer ele de volta, você sabe disso, você também sabe que a culpa não foi sua, nunca foi, mas insiste em se culpar - ele disse com uma expressão séria.

   - Nada que vocês me falarem vai fazer eu mudar de idéia sobre isso - dizia com uma voz amargurada - mas mesmo assim vocês insiste em me dizer que a culpa não foi minha se ele resolveu simplesmente...- não pude terminar porque ele me interrompeu

   - Não Nicolly, não podemos fazer você mudar de ideia, mas você pode - ele dizia enquanto caminhava pro meu rumo - Você está acabada, fisicamente e psicologicamente - ele dizia enquanto me observava, meu cabelo estava abaixo da cintura, sem corte, em um castanho escuro que estava ressecado, devido ao mal trato - Você precisa voltar a viver, precisa seguir em frente - nesse momento eu abaixo minha cabeça e sem querer choro, porque mais uma vez eu me sinto destruída, fraca, insuficiente - As meninas precisa de você de volta, eu também, porque era você que fazia as pessoas felizes com suas piadas sem graça suas patotas parecendo uma doida, uma doida feliz.

   - Kauã eu não consigo, eu não sei o que fazer, como recomeçar, eu tô perdida, eu não tô vivendo, eu tô sobrevivendo, eu queria muito que fosse diferente, eu também sinto falta de quem eu era - nesse momento as meninas já estava no quarto a Bia do lado do Kauã e a Elly na porta - mas poxa, eu não sei como, eu não consigo recomeçar. Eu estou perdida. Eu só queria nunca ter conhecido ele, porque ele - nesse momento eu já estava com raiva. - ele me destruiu, eu odeio ele de todas as formas possíveis.

   - Nicolly, tu não pode odiar ele, só porque ele resolveu não prosseguir com tigo. Deixa esse rancor de lado, tu tem - ela disse essa última parte mais devagar pra mim entender - e precisa recomeçar antes que seja tarde demais, antes que possa ser tarde. - ela disse e saiu rumo a cozinha.

   - Trouxe teu bolo. Tá na geladeira- disse o Kauã antes de seguir a Bia e eu murmurei um obrigado.

    A Elly ainda me encarava na porta com uma expressão vazia. Ela entrou por completo no quanto foi até o canto pegou uma cadeira dobrável, que até o momento eu ainda não tinha observado sua existência e se sentou de frente pra mim.

   Eu observei que ela me encarava, seus olhos cor de mel ficava vagando de um olho meu pro outro. Ficamos em silêncio por uns cinco minutos, quando ela disse:

   - Eu sei que não foi nem é fácil pra você, mas Nicolly - sua expressão agora era a mistura de amor, medo, e desespero juntos.

   - já está na hora de seguir em frente. Já passou da hora de superar isso, tá na hora de você tomar uma atitude, seguir em frente, deixar aquela menina linda meiga louca voltar, sentimos falta dela.

    - Elly, eu não consigo esquecer...- mais uma vez fui interrompida - Ninguém falou pra você esquecer, estamos falando pra você superar, seguir em frente. Deixar pra trás o que não te leva pra frente. Não é por nós e por você - eu conhecia ela desde a alfabetização e nunca tinha visto ela chorar, mas hoje ela enquanto olhava pra mim chorou, ela deixou algumas lágrimas caírem, e isso foi o suficiente pra mim percebe que eu estava destruindo ela, todos ao meu redor assim como ele fez comigo.

    Eu não queria, mas estava acontecendo.
Eu precisava tomar um atitude e por um fim naquilo tudo

- Eu te amo e preciso de você de volta - ela disse enquanto tentava enxugar as lágrimas - não tenho mais com quem conversar sobre os livros, sobre como é agonizante ler um livro e não saber como é falar o nome dos personagens, eu quero poder conversar com você de novo. Por favor, supere.

  Eu já estava chorando e não fazia mais a mínima em pelo menos tentar disfarçar. Eu estava cansada de disfarces.

  Eu me senti mal em ficar magoando eles, mas eu não conseguia evitar, eu precisava tomar uma atitude, só não sabia como.

   - Me desculpa, Elly, nunca foi minha intenção magoar vocês, nunca foi minha intenção tratar vocês de modo frio, desculpa ter me distanciando mas é que tem sido dias difíceis, sabe? Eu preciso do apoio de vocês, eu preciso da ajuda de vocês - ela assentiu com a cabeça levantou, foi até o canto no mesmo lugar guardou a cadeira virou pra mim é disse:

   - Não dá pra ajudar uma pessoa que se recusa a ver a realidade, que se recusa a superar isso, que nem ao menos tenta recomeçar e deixar o passado pra trás, e escrever um novo futuro, fica apenas remoendo o passado, se recusando a viver as maravilhas do mundo. Mas saiba que quando realmente quiser sair desse transe emocional eu estarei aqui. Eu sempre vou estar aqui pra você. Por você .

   E então ela saiu do quarto me deixando sozinha mais uma vez.
Eu tentava superar isso, eu tentava ver algo bom nisso tudo, mas por mais que eu tentasse não conseguia, tinha algo tampando minha visão.

     Quando eu fechava meus olhos seu rosto se materializava na minha mente, então logo em seguida as lembranças invadiam e tornava tudo mais confuso, eu tentava expulsá-las pra ver se eu conseguia recomeçar, mas elas me pegavam e me jogava no chão.

    E eu me quebrava em milhares de pedaços.

Seu amor foi doce no começo e amargo no final. Amar você é a cura e a morte no mesmo frasco, acho que a cura era enquanto eu tinha você, agora eu padeço aos poucos, uma morte lenta e dolorosa, como se todos os pecados do mundo tivesse sendo descontados em mim, na minha vida, ou essa estado de vida que você me deixou.

Anjo, maldito seja esse nome.

Anjo.