Em fim terça feira, e depois de tudo aquilo acordei com uma mensagem da Isa e do Edu perguntando se eu estava bem e porque eu não estaria. Uma vez li que existem 5 fases da perda e acho que aquela não era uma situação necessária para passar por alguma delas e eu apenas respondi com um simples sim.
Me arrumei e deixei meu cabelo solto porque estava atrasada e não valia a pena arrumar, desci as escadas, engoli meu café da manhã e como estava atrasada pedi um carona para meu pai que já estava saindo para trabalhar. Ele sabia sobre o Bruno mais preferia não tocar no assunto então deixou que o silencio constrangedor falasse por ele.
Ele parou o carro na frente da escola e enquanto eu descia falou:
-Se precisar de mim pode ligar está bem. Tenha um bom dia querida.
Eu sorri e concordei com a cabeça, peguei minha mochila e entrei na escola.
Era inevitável não encontrar ele no corredor ou em qualquer lugar da escola mais por incrível que pareça eu estava bem com isso, até vê-lo na minha frente. Sem reação e com uma enorme vontade de chorar eu apenas respirei fundo e continuei o caminho até a sala, lá encontrei o Edu e a Isa que estavam sentados nos lugares de sempre e fui até eles e disseram um previsível:
-Como você está?
-Bem.
Depois daquele encontro inusitado mais inevitável uma das cinco fases da perda vieram até mim e foi justamente a aceitação. A cada puxada de ar que eu dava na intenção de controlar o choro esse turbilhão de emoções foi passando gradativamente e quando no meio do dia o encontrei novamente perto do seu armário consegui olha-lo nos olhos e entender que apesar de doloroso era necessário.
Queria poder dizer que não me imaginava sem ele, sem o "nós" mais o problema é que eu me via facilmente sem ele e não era em um futuro distante.
Depois de uma longa aula o intervalo é anunciado, saímos das salas cansados e famintos então vamos direto ao refeitório para pegar o almoço, sai junto com o Edu mas não vi para onde a Isa tinha ido então perguntei a ele e ele apenas apontou na direção da pilastra em frente ao corredor. Ela estava com um menino e não sei dizer quem estava agarrando quem mas posso falar com toda certeza que não iria durar muito.
-Alguém precisa avisar esse garoto antes que ela quebre o coração dele como os outros dez.
O Edu riu e fomos para a mesa de sempre com as bandejas, o refeitório era barulhento como qualquer outro mais conseguíamos nos ouvir apesar das vozes atravessadas e sem nenhuma sintonia. A Isadora tinha a fama de ficar com todos e não sei se isso era bom, mas todos sabiam que ela não tinha namorados e sim corações para partir e eu realmente tenho dó de todos os garotos.
Eu costumo dizer que ela é o tipo "garota sereia" encantadora, exuberante, audaciosa e muito perigosa. Ela aceitava muito bem esse nome e até se dizia a garota sereia principalmente por causa dos seus cabelos extremamente ruivos.
-A víbora de corações vem aí.
O Edu disse.
Não gostava muito bem desse termo víbora de corações mais confesso que ele se encaixava perfeitamente a ela. Isa foi até nós e se sentou na mesa, ela pegou o espelho da bolsa e começou a retocar o batom.
-Onde você estava?
Falou o Edu sabendo a resposta.
-Fui resolver uma coisa.
Ela respondeu.
-E por acaso essa "coisa" estava na boca daquele garoto?
Ela tirou os olhos do espelho e olhou para mim com aquele olhar só dela e disse:
-Você é tão ridícula Elisa.
-Eu que sou ridícula?
-É.
-Qual o nome desse?
O Eduardo disse enquanto tomava um suco de caixinha.
-Acho que é Zac.
-Acha?
-É Zac mesmo.
-E então, como você pretende arrancar o coração do peito desse coitado?
Falei.
-Ah não sei...ele parece ser diferente.
-Isadora você teve dez namorados, porque o decimo primeiro seria diferente?
O Eduardo falou indignado.
-Não sei mas parece mais do que um passatempo.
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"Nós "
Teen FictionAdolescência já é uma fase dificil, ainda mais quando se tem problemas no amor como a Elisa a Isadora e o Eduardo que tentam se entender e manter essa linda amizade, pois nao há nada mais lindo do que escolher a nós mesmos.