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"Amar é dar a alguém a habilidade de destruir você, mas confiando que não fará isso"

-Autor Desconhecido

Gostaria de dizer que tomei boas decisões na vida. Não todas, mas pelo menos uma quantidade boa para eu ter pelo menos um pouco de orgulho de quem eu sou ou do que eu me tornei.

Infelizmente não posso dizer que essa é minha realidade. Não sei dizer se eu sou incrivelmente burra na hora de tomar decisões ou se a minha capacidade de analisar o que é certo ou errado é totalmente equivocada. Como se eu estivesse o tempo todo andando contra todo o mundo.

Essa é a forma que eu me sinto desde sempre, enquanto todos diziam uma coisa que eu dizia outra. Enquanto todos faziam uma coisa eu outra outra. Enquanto pensavam de uma forma eu pensava de outra. A vida inteira, o tempo todo eu sempre segui apenas o que eu acreditava e me negava a aceitar que opiniões divergem. Me negava a mudar, a evoluir.

Não posso dizer que isso foi totalmente negativo, quer dizer, eu tenho muita coisa a me orgulhar. Apesar de algumas decisões em relação a minha vida pessoal foram ruins, eu tenho muito orgulho de quem eu me tornei, principalmente na minha vida profissional. Aos 28 anos posso dizer que me tornei exatamente quem eu gostaria, uma empresária de sucesso e dona da maior revista de moda de Londres e considerada uma das melhores estilistas do Reino Unido. Tenho todas as formações que eu amo e caminho o tempo todo em direção a todo sucesso e poder que eu desejei e batalhei tanto para ter. Ainda tenho vários sonhos e objetivos a serem alcançados mas hoje posso dizer que profissionalmente eu, Perrie Louise Edwards, sou exatamente o que eu sempre quis.

Já em outros quesitos eu sou exatamente aquilo que eu sempre fui e tentei mudar. Fria, calculista e desconfiada. Completamente descrente de qualquer coisa relacionada a amor, relacionamentos e incapaz de manter uma postura um pouco mais suave. Sou considerada uma megera por quase todos os meus funcionários e posso dizer que até hoje nenhum dos meus namoros deram certo por uma incrível incapacidade de manter a mesma paixão pela pessoa por um tempo maior que três meses. Por mais que a boa parte deles tiveram durado bastante tempo, a maior razão que eu fiquei com aquelas pessoas foi o comodismo. Não era amor de verdade, era apenas cômodo. Eu buscava incansavelmente aquele sentimento e até achava que havia encontrado, até de uma hora para outra eu simplesmente perder o interesse. Como se de um dia para o outro eu simplesmente olhasse para minhas ex namoradas e pensasse: "Por que diabos eu ainda estou com você?" e então tudo sumia, todo o encanto, toda sensação de finalmente encontrado aquilo que meu pai sempre disse que eu encontraria e aquilo que me mudaria, toda aquela sensação de finalmente achar que aquele acordo estava cumprido. De uma hora para outra eu estava errada de novo e tudo desapareceu.

A realidade? Eu nunca vou ser capaz de cumprir aquele acordo, não vou mudar.

Flashback on

"- Por que estamos fazendo isso, pai? - perguntei enquanto separava mais uma rosa na pilha ao lado do meu pai.

Estávamos naquela floricultura a quase meia hora e meu pai ainda olhava cada rosa como se cada uma precisasse for perfeita. Ele analisava uma por uma com toda paciência e me perguntava o que eu achava sempre que ficava em duvida.

Todos os finais de semana nós fazemos uma coisa mesma. Meu pai todos os domingos me trás a mesma floricultura e preparava um lindo e enorme buquê de rosas para levar para minha mãe, depois ele chegava em casa com um sorriso largo e se declarava antes de entregar o buquê. Ela já nem se surpreende mais com o gesto, mas meu pai sempre diz que independente de qualquer coisa ele nunca vai deixar de tratar dela dessa forma.

- Porque sua mãe gosta de receber essas rosas filha, ela fica feliz e isso me deixa feliz.

- Eu sei, mas ela sempre recebe isso, não parece um pouco forçado?

- Talvez um dia você entenda que nenhum gesto verdadeiro de amor é forçado, Pez. Por mais que pareça que não seja verdadeiro, ele é. E ser verdadeiro é o que importa.

Suspirei e assenti, embora não acreditasse muito no que ele dizia. Continuei o analisando e me perguntando como poderia ser esse sentimento, como você consegue amar tanto alguém ao ponto de fazer por ela coisas que você não faria por mais ninguém. Como você consegue amar alguém com toda sua força e ser para ela tudo aquilo que ela precisa?

Por mais que eu não acreditasse nisso eu não podia dizer que meus pais não tinham esse sentimento um pelo outro. A história deles é a mais linda que eu já vi e eu cresci assistindo meu pai tratando minha mãe como se fosse uma rainha, e ela o tratando como um rei. 20 anos sendo uma única prova para mim de que o amor existe e, quando sincero, é puro e mágico.

Depois de mais alguns minutos meu pai finalmente terminou de montar o buquê, estava simplesmente maravilhoso como sempre. Seu sorriso estava radiante e seu olhar brilhava. Tão genuíno que é impossível dizer que tem sequer um pingo de falsidade.

Quando entramos no carro meu pai colocado como rosas no banco traseiro e me analisa por alguns instantes.

- O que? - perguntei rindo pela forma que ele me olhava.

- Sei que um dia você vai entender isso, um dia você vai saber qual a sensação de amar assim.

- Pai, isso de novo não. Olha, eu acho lindo seu amor pela mamãe, mas eu não consigo me enxergar dessa forma.

- Isso porque você nunca passou por isso. Me diga Perrie, como você pode ter tanta certeza de alguma coisa que nunca ocorreu com você? Como pode dizer que não se enxerga dessa forma se ninguém nunca te deu o motivo de enxergar?

- Eu só sei que não consigo, papai. E de qualquer forma, como eu vou saber que encontrei uma pessoa que me faz sentir isso tudo? Como eu posso saber que quando eu sentir isso por alguém essa pessoa não vai embora? Ou vai me fazer mal, me iludir?

- Você só vai saber filha, quando acontecer você vai saber.

- Sua resposta foi bem vaga agora.

Meu pai riu fraco enquanto dirigia até nossa casa em silêncio. Em todo momento eu sentia que ele queria me dizer algo, ele estava paciente mas me analisando lentamente cada vez que ele precisava parar o carro. Minha vontade era de perguntar o que ele queria de uma vez, mas eu não podia fazer isso. Com meu pai tudo era meticulosamente planejado, como se cada palavra fosse estudada antes de sair por sua boca.

Quando chegamos ele pegou o buquê lentamente e entrou na nossa casa, o tempo todo em silêncio e eu o acompanhando. Ele trilhou o caminho até a cozinha e, como todas as vezes, se declarou para minha mãe;

- Querida, eu sei que eu não sou o melhor marido do mundo, sei que tenho minhas falhas e prometo que a cada dia eu vou tentar ser um homem melhor porque você me faz ser melhor. Desde que você entrou na minha vida você me mostrou o que realmente significava o amor e eu prometo que eu te amar incondicionalmente até o fim da minha vida. - e então ele a beijou.

Como sempre minha mãe se emocionou, como sempre eu analisei tudo e como sempre me perguntei:

Como alguém é capaz de amar assim? 

(Acabei de descobrir que o wattpad tá com correção automática mas a correção é totalmente errada, então se tiver alguma palavra fora do contexto eu juro que não fui eu. To lutando pra consertar mas o wattpad fica voltando nas palavras erradas)

The Deal - (Jerrie)Onde histórias criam vida. Descubra agora