KELSEY, A GRANDE GUERREIRA

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Já era segunda, eu estava no meu quarto lendo um dos livros que Blofis mandará seus alunos lerem, domingo tinha sido um dia incrível, minha amigo Kelsey tinha voltado para Herkleston, ela agora estava mais perto de mim e voltará a falar comigo, eu não podia querer algo melhor, mesmo com o tempo que passamos separados e sem nos falar Kelsey era minha melhor amiga de infância, era bom ter ela por perto de novo, então pensei no que Kelsey disse sobre J.P., dele está passando por uma psicóloga, quero dizer, desde aquele dia J.P. mudará muito, mas depois de cinco anos ele começou a ir em uma psicóloga? Não fazia sentido, me perguntava se alguma coisa tivesse acontecido no último verão.

No meio dá tarde eu senti fome e desci para pegar algo para comer. Quando eu cheguei no primeiro andar o jornal estava lá de novo, tinha me esquecido deles por causa do dia bom que foi domingo. Peguei e já ia joga-lo fora quando notei algo.

Ainda era o mesmo jornal, a mesma data, com a notícia do desaparecimento do Poncho Verte, Omar, circulada em marcador preto mas, agora, tinha algo escrito em marcador, logo abaixo do círculo que marcava a notícias estava escrito em uma caligrafia forte.

"LEIA A NOTÍCIAS"

Fiquei encarando aquilo, por que o idiota quem quer que fosse queria que eu lesse aquilo, então pensei, será que era por isso que os jornais vinham todo dia, será que se eu lesse aquela notícia eles parariam de vim, mas como é que quem estava mandando os jornais saberia que eu estou lendo ou não. Por um segundo pensei em jogar esse jornal no lixo também mas, se era para isso acabar. Reuni coragem e comecei a ler.

" NA ÚLTIMA QUARTA-FEIRA UM GAROTO CHAMADO OMAR FOSTER DESAPARECEU DE FORMA MISTÉRIO NO BAIRRO DE HERKLESTON, OMAR, UM GAROTO DE 12 ANOS, ERA NORMALMENTE VISTO BRINCANDO EM UMA PONTE COM UM ARCO E FLECHA DE BRINQUEDO, O GAROTO USAVA UM PONCHO VERDE NO DIA DO DESAPARECIMENTO, TESTEMUNHAS DIZEM QUE O GAROTO TINHA ENTRADO NO BOSQUE E NÃO SAÍDO MAIS, COMO O GAROTO BRINCAVA NO BOSQUE NORMALMENTE NINGUÉM ESTRANHOU TAL COISA, AS BUSCAS PELO GAROTO CONTINUAM, CASO TENHAM ALGUMA INFORMAÇÕES POR FAVOR INFORMAR AS AUTORIDADES."

Quando eu acabei de ler me veio um monte de coisas daquele dia, há cinco anos, na minha cabeça, lembranças do vulto, do medo que eu senti, todas as coisas ruim que aconteceram, comecei a amassar o jornal quando uma coisa me veio a mente, a notícia falava que Omar estava desaparecido.

Entendam, desde aquele dia eu não verá o noticiário nem lerá o jornal, sabia que eu ouviria a notícia sobre o Poncho Verte, e eu não suportaria, desde aquele dia eu pensava que poderia fazer alguma coisa, pensava que se eu tivesse ajudado ele ainda estaria aqui, se eu não tivesse ficado com medo eu poderia ter feito alguma coisa, então pensei, a notícia falava que ele estava desaparecido, uma fagulha de ideia acendeu em minha mente, e se ele ainda estivesse vivo, e se eu ainda pudesse fazer algo.

Mas então pensei melhor, o Poncho estava sumido á cinco anos, isso se ele não tiver sido morto, e mesmo que ele ainda estivesse vivo por aí eu só era um adolescente de dezesseis anos, o que eu poderia fazer?

Fui para meu quarto, não peguei nada para comer, o noticiário tinha revirado meu estômago e eu já não sentia fome, por algum motivo eu levei o jornal para o quarto comigo, não sei o porquê.

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Segunda e terça passaram, tinha progredido um pouco nos estudos mas, sempre que eu olhava para o jornal me desconcentrava, não sei o porquê que eu o havia guardado, talvez algo em mim queria acreditar que minha teoria absurda de que o Poncho ainda estava por aí fosse real. Mas algo bom veio por eu ter guardado o jornal, na tarde de terça já não tinha mais alguém jogando jornal pela passagem de cartas da porta, não sei como o jornaleiro misterioso sabia que eu havia guardado um dos jornais, talvez ele só tenha ficado sem exemplares, talvez tenha ficado entediado de ficar me atormentando. Mas algo em mim falava que ainda não tinha acabado definitivamente.

O LADO SOMBRIO DO RIACHOOnde histórias criam vida. Descubra agora