ME REENCONTRO COM UMA AMIGA

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Os dias que se seguiram foram um inferno, todas as tarde quando minha mãe ia trabalhar e minha irmã para o seu grupo de estudo apareciam mais e mais jornais jogados pela entrada de correio, eram sempre os mesmo, a notícia do desaparecimento do Omar, o Poncho Verte, sempre estava circulado com um marcador preto, eu nem conseguia me concentrar nos livros que deveria ler, me perguntava quem era o escroto que estava fazendo aquilo.

Em uma sexta, quando eu estava sozinho de novo, eu fiquei na frente da porta esperando pelo jornal, para pegar o filho da mãe, mas naquele dia o jornal simplesmente não veio, era como se ele soubesse que eu estava a sua espera.

Era sábado, minha mãe não iria trabalhar, Jéssica também estaria em casa. Enquanto eu descia para a mesa do café da manhã vi meu pai, ele era um programador, hoje ele não foi trabalhar, bem, não foi para a empresa pelo menos, porque ele estava com a cara no notebook que ele usava para trabalhar em casa.

— Ei, bom dia pequeno Greg. — Disse meu pai, ele estava usando uma camiseta cinza com as mangas vermelhas, uma calça jeans e sandália de couro.

Meu pai era aquele tipo de pessoa que faz a piada do pavê nos almoços em família, ele era legal e se preocupava com a família, as vezes perdia a paciência e minha mãe tinha que acalma-lo.

— Bom dia pai, bom dia mãe.

— Bom dia querido. — Minha mãe estava fazendo panquecas na cozinha.

Eu me sentei á mesa ao lado da Jéssica, ela estava comendo panquecas, os olhos fixos em um livro de matemática.

Minha mãe colocou as panquecas que estava fazendo na minha frente e me beijo na cabeça. Enquanto comiamos o café da manhã minha mãe perguntou.

— Como está indo suas lições querido?

Eu sabia que ela estava falando comigo, em um jantar passado ela tinha me perguntado sobre os trabalhos de versão, eu dissera que estava com problemas em me concentrar na leitura.

— Então indo bem. — Menti.

— Bem, caso precise de ajuda pode pedir.

Minha mãe era professora em uma creche, e mesmo cuidando de crianças na maioria das vezes ela sempre se propunha a me ajudar com as lições, mas eu não queria isso, não é que eu não goste dela ou coisa do gênero, é só que eu não queria que ela notasse como eu estava ultimamente, ainda não havia falado para meus pais sobre os jornais que apareciam sempre que eles não estavam.

— Está bem, caso eu precise de ajuda eu falo.

Então minha mãe começou a falar com Jéssica, perguntando se ela precisava de ajuda. Durante o resto do café da manhã minha mãe e Jéssica ficaram conversando sobre equações e outras coisas do livro de matemática da minha irmã, meu pai mal tirará os olhos de seu notebook, assim que eu terminei o café da manhã falei que iria para meu quarto fazer as lições. Subi as escadas e me tranquei lá.

Eu tinha começado a fazer o dever de casa mas perdia a concentração rápido, eu tentei ler um livro de um tal de Franz Kafka, li um capítulo todo sem absorver nada, então desisti e fui para o computador, para ver se achava algum resumo do livro. Fiquei pesquisando por um tempo até que vi algo pela janela do meu quarto, um movimento depois da cerca, no bosque, eu tive a sensação de está sendo observado, fechei a cortina e verei o rosto, eu ficava enjoado só de encarar aquelas árvores, meu psicológico me disse uma fez que para acabar com o medo que tinha do riacho eu precisava encarar meu medo, mas eu simplesmente não conseguia, queria ir o mais longe daquele lugar, como Kelsey, mas minha família não tinha condições de fazer isso na época, e agora tinha se passado tanto tempo que acabamos deixando a ideia de lado.

O LADO SOMBRIO DO RIACHOOnde histórias criam vida. Descubra agora