Está livre essa noite?

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Você não se sentirá usado se souber que está sendo usado.

Era o que Akaashi repetia para si mesmo toda vez que seu telefone tocava. Não importava o dia da semana ou a hora. Ele sempre atendia o seu chamado. E se permitia ser abraçado.

Não se importava se Bokuto estava com o cheiro dela, ou se seu beijo tinha um gosto óbvio de álcool e batom cereja. Enquanto era ele naquela cama, recebendo o que o outro estava lhe oferecendo, Koutarou era apenas dele.

Aquilo bastava. Era o suficiente.

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— Você parece horrível — disse Kuroo, antes mesmo de saudá-lo com um olá.

— Eu diria que também é bom te ver, mas eu estaria mentindo — Akaashi suspirou, estendeu a mão para atrás e pegou sua carteira. — Me dá o de sempre.

— Estamos sem canela, não vai rolar seu capuccino — respondeu, cruzando os braços sobre o balcão que separava os clientes da pequena cozinha da cafeteria. — Posso te fazer uma recomendação?

— Pode ser. — Akaashi deu de ombros.

— Faça uma terapia.

— Isso custa dois reais e vem em um copo quente?

— Eu estou falando sério, Ji.

— Me dá um caramelo com baunilha.

— Você odeia esse.

— Não tanto quanto odeio essa conversa.

— Beleza. — Tetsurou ergueu as mãos, desistindo. Keiji conseguiu ver bem suas sobrancelhas franzidas enquanto registrava o pedido, pressionando o indicador na máquina com certa força. Ele desviou o olhar, naquele momento os jarros de plantas enfileirados ao lado do balcão pareciam mais interessante.

— O que vai fazer hoje à noite? — Kuroo o puxou de volta. Keiji deu de ombros, pairando os dedos sobre um pequeno casal de cactos em um vaso azul.

Ele não fazia planos. Jamais. Akaashi seguia sua rotina à risca; passava na cafeteria de Tetsurou no caminho para faculdade, pagava pelo seu cappuccino e ficava em uma das mesas até que suas aulas começassem. Ao fim delas, voltava para casa, esperando ansiosamente pelo toque de seu celular.

— Você sabe, o de sempre...

— Fica em casa esperando o Bokuto ligar?

— Se você sabe, por que ainda pergunta?

— E se ele não ligar? Você vai ter passado uma noite em vão.

— Mas e se ele ligar?

A campainha atrás de Tetsurou tocou e ele se virou para pegar o pedido de Akaashi. Ele o estendeu na direção do amigo, no entanto, antes que o outro pudesse pegá-lo, ele puxou a bebida junto ao peito.

— Vamos sair hoje à noite. Você e eu, vou chamar o Kenma também.

— Se você chamar o Kenma, ele vai chamar o Hinata e vamos ficar segurando vela.

— Então vamos só nós dois.

Keiji olhou para ele, a testa franzida. Ele estava cansado. Só queria beber seu maldito café e ir para a maldita aula. Ele esfregou o rosto com as mãos, suspirando.

— Tá, eu vou. Agora me dá meu café.

— Aqui. — Tetsurou o entregou, sorrindo seu sorriso comercial. — Volte sempre!

úsameWhere stories live. Discover now