Capítulo único

205 12 8
                                    

Oi 0_0

Smut com angst porque tô viva. Boa leitura.
Alerta de gatilho: suicídio, baixa autoestima e comportamentos autodestrutivos. Não leia se você é suscetível a isso, tá?

----------------------------------------------------------------------------

"And all these thoughts brought us apart
And that's okay, too
'Cause even in the worst of times
You saw the best of me
And that's why I stay here with you"

"Wild at Heart"

Elizabeth Grant (Lana del Rey) / Jack Antonoff

-----------------

A batalha estava terminada. Não havia mais o que temer, e nem comemorar.

Ainda confusos pelos acontecimentos recentes, viam sem enxergar, escutavam sem ouvir.

Apesar dos sorrisos e palavras de alívio, ainda estavam em choque pelo que tinham acabado de viver; foram muitas perdas em muito pouco tempo.

Black fora derrotado, mas junto com ele, a linha do tempo também fora apagada.

Trazida de volta ao passado, Mai ainda observava catatônica o horizonte de West City. Sem se importar com suas roupas surradas e com quem mais estava à sua volta, repousou o rifle de lado e debruçou-se na varanda do imponente edifício da corporação cápsula - novo e bem conservado como nunca conhecera - enquanto os outros conversavam sobre o que ia fazer.

Era possível viver num tempo tão seguro e próspero assim? Era possível ser... feliz?

Depois de tantas batalhas, nem ela se lembrava do quanto uma cidade poderia ser bonita à noite, do quanto a vida poderia ser leve... uma refeição apetitosa, então, nem se fala. A humanidade era mesmo incrível, e ela havia se esquecido disso.

- O que você acha da ideia, Mai? - perguntou Trunks, hesitante, após Whis oferecer-lhes a possibilidade de levá-los a outra linha do tempo, em uma época anterior à de Black, onde haveria duas versões deles.

A pergunta foi o estalar de dedos que trouxe Mai de volta à realidade a que estavam sujeitos; ou melhor, à falta dela. Era preciso se sujeitar ou se sujeitar... sem pensar muito sobre os detalhes, aceitou.

Sorrindo condescendente, concordou - o que não condizia com seu histórico de decisões calculadas. Mas ela odiava quando Trunks a olhava tenso e preocupado, como se ela fosse frágil como um cristal, e por isso precisava decidir. E mais ainda: ela odiava chamar atenção ou demonstrar fraqueza, por isso concluiu que fez a escolha certa diante dos sorrisos otimistas de todos.

----

Bulma ofereceu um quarto para os dois, e Trunks, muito educado e receoso, deu espaço para que Mai tomasse banho e ficasse à vontade, enquanto ele conversava com os demais.

Ela aproveitou o tempo e o conforto para finalmente chorar.

Não as lágrimas que derramou num rompante ao descobrir que seu mundo fora destruído; mas lágrimas que não desciam: o luto por uma vida inteira que tinha se passado para nada.

Nunca conseguira cumprir os planos de Pilaf; e quando encontrou uma causa pela qual realmente queria lutar, também fracassou.

Esfregava a esponja na pele com força, como se a sujeira levasse consigo as lembranças das inúteis batalhas.

Repousou a cabeça sobre os joelhos por um tempo e viu que, junto com a terra que se dissipava na água, havia também sangue.

Passou a mão por trás da cabeça e percebeu um corte na base do crânio que ainda não havia cicatrizado. Quando conseguira aquilo? Ao passar dedo sobre a ferida, despertou a dor encoberta pela dose de adrenalina da batalha de poucas horas antes, e lembrou-se do quanto era fraca.

Wild at Heart :: TruMaiOnde histórias criam vida. Descubra agora