Capítulo - 1

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Pobre é o amor que pode ser contado.  — Antônio e Cleópatra.

— Você está demitida.

Não era a primeira vez que Lauren Jauregui ouvia essas palavras. Não era nem a sexta, mas foi a única dita dentro do ridículo Cleopatra’s Cat Café, o novo estabelecimento de alta gastronomia para amantes de felinas em Londres.

Lauren pensou que seria uma ideia maluca combinar chá da tarde com gatos peludos que pareciam ter prazer em espalhar seus pelos por toda a comida e bebida. No entanto, desde que ela começara a trabalhar ali, duas semanas antes, o lugar estava com todas as reservas preenchidas e cheio de turistas barulhentos que adoravam o jeito como as gatas se aconchegavam a eles enquanto tomavam chá de lapsang em xícaras de porcelana fina, agarradas a seus paus de selfie.

As pessoas, não as gatas. As gatinhas preferiam lamber leite nos pires pintados à mão.

— O quê? — Não fosse pelo fato de precisar desse trabalho, ou, pelo menos, de ele pagar o aluguel, ela estaria rindo na cara da dona agora. Não se podia mesmo descrevê-la como o emprego dos sonhos, carregar bandejas de sanduíches enquanto tentava não tropeçar nas gatas, pois elas pareciam saltar deliberadamente na sua frente. Mais de uma vez elas a tinham feito perder o equilíbrio, derrubando pratos cheios de bolo em cima de clientes desavisados.

— É óbvio que você não está preparada para trabalhar aqui — Kendall, a proprietária, falou. — No seu currículo, você dizia que era apaixonada por gatas, mas não faz nada além de gritar com Shine, Simba e as outras. E o que você acabou de dizer à srta. Poops foi imperdoável.

— Ela acabou de fazer xixi em cima de uma bandeja de chá da tarde — Lauren protestou.

— Se você tivesse pegado a bandeja assim que eu fiz o pedido, isso não teria acontecido. Essas gatas estão muito tensas. Elas precisam marcar território. É nosso dever impor limites a elas. Você me disse que tinha experiência com raças raras como a da srta. Poops.

Pelo canto do olho, Lauren a viu vagando em direção a elas. A srta. Poops era uma gata sphynx, uma raça sem pelos que fazia parecer que ela havia tirado toda a roupa para ficar saltitando pelo café, toda pomposa.

— Tenho um pouco de experiência. Havia muitas gatas onde eu morava quando era mais nova... — Lauren se interrompeu, sabendo que havia mentido para conseguir a vaga. Não que o emprego fosse grande coisa, mas, quando ela viu o anúncio na vitrine, estava desesperada. O suficiente para trabalhar cercada de gatinhas que ronronavam sem parar e pareciam não querer fazer nada além de infernizar sua vida.

— Bem, não está dando certo. As clientes reclamaram da forma como você vem tratando as animais. Você não pode simplesmente enxotá-las sempre que se comportam mal.

— Eu não enxotei, só tirei da mesa. E foi no meu primeiro dia. Não sabia que as clientes iam gostar de dividir a comida.

— Esse é o ponto. — Kendall suspirou. — Uma verdadeira amante de gatas não pensaria duas vezes. Está claro que você é uma impostora. — Ela baixou a voz, afastando o cabelo do rosto suado. — Você ao menos gosta de gatas?

Dividida entre o desejo natural de ser sincera e a necessidade de manter o emprego, Lauren hesitou. Como se pudesse sentir o drama, a srta. Poops perambulou, passando entre as pernas dela. Encarando-a com seus olhos azuis, ela os estreitou como se fosse um desafio.

— Eu... Hum... Não muito. Mas precisava do trabalho e nunca tive problemas com animais. Costumava passar os fins de semana brincando com o cachorro do nosso vizinho.

Kendall estremeceu.

— Amantes de cachorros não são bem-vindas aqui — sibilou, soando quase como uma gata. — Pegue suas coisas e vá embora antes que você irrite a srta. Poops com essas palavras desagradáveis.

Um verão na Itália (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora