Dormir, talvez sonhar.
— Hamlet.Lauren mal dormiu naquela noite. Seus pensamentos foram consumidos pela peça. Toda vez que fechava os olhos, podia ouvir seus personagens falando, vê-los em movimento, e sua voz interior começou a adicionar instruções de palco até que toda a tranquilidade desaparecesse. Ela havia se esquecido desta parte da escrita. O fato de não conseguir se desligar e de os personagens exigirem que você os ouça, mesmo quando seu corpo está exausto. Se ela tivesse se lembrado disso, poderia ter levado um bloco de anotações para a cama a fim de rabiscar quaisquer ideias que surgissem durante a noite. Em vez disso, só tinha um copo de água e um romance antigo e surrado que estava tentando ler desde que chegara à Itália.
Toda vez que um dos personagens falava, era como se estivesse ouvindo as vozes de suas irmãs. Por um momento, ela estava de volta à casa fria de Hampstead, e as quatro corriam pelos corredores cheios de eco, gritando umas com as outras quando não conseguiam encontrar o dever de casa ou o batom favorito.
A nostalgia parecia metal em sua boca. Lauren desejava a presença de todas elas. Sentia falta de estar constantemente cercada pela família. Apesar de terem se passado anos desde que Ashley e Demi saíram de casa, rapidamente seguidas por ela mesma, Lauren se viu querendo voltar à cozinha para ferver água para um chá.
Talvez por isso seus personagens estivessem gritando tão alto em seu cérebro. Não havia mais nada que ela pudesse fazer. Teria que se levantar e descer as escadas para pegar seu bloco de notas. Saindo da cama, procurou um robe para se cobrir. Com esse clima, usar short e um top era a melhor maneira de dormir. Amarrando a faixa ao redor da cintura, saiu do quarto com os pés descalços no chão de mármore. A villa parecia estranhamente silenciosa, ainda mais que o habitual. Ao descer as escadas e deixar seus olhos se ajustarem à escuridão, Lauren se encontrou envolvendo os braços ao redor do corpo.
Havia uma luz amarelo-clara vinda da biblioteca, formando uma névoa retangular em torno da porta fechada. Ela franziu o cenho, parando com timidez na entrada e inclinando a cabeça para ver se conseguia ouvir sons lá de dentro. Camila ainda estaria acordada? Por algum motivo, isso fez o coração de Lauren acelerar. Ela não se preocupara em criar uma senha para proteger a peça; achava que ninguém mais usaria o computador. Até alguns dias antes, ela era a única na casa.
Não que ela pudesse imaginar que Camila estaria interessada em sua peça. Ela havia tido tão pouca consideração pela última, desistindo na véspera da estreia. Era muito egoísta para se preocupar com o que alguém estava fazendo, ocupada demais em ser uma estrela de cinema. Os textos de uma garota insignificante de Londres jamais seriam notados por ela.
Lauren respirou fundo. Ela iria entrar, pegar seu bloco e verificar o que ela estava fazendo. Provavelmente ela estava matando tempo, pesquisando seu próprio nome no Google ou algo assim.
Com uma explosão de energia, ela conseguiu abrir a porta e entrar na biblioteca, mas foi ali que parou. Karla estava sentada à mesa, vestindo apenas um short de pijama e sutiã, o seios chamativos e iluminados pela luz da lua. Era impossível ignorar o sutiã transparente deixando seus mamilos marcados, ou a forma como seus braços se moviam quando os dedos atingiam o teclado. Lauren sentiu a boca seca enquanto a encarava, incapaz de afastar os olhos.
Por princípio, ela nunca assistira a nenhum dos filmes dela, e, quando esteve ensaiando sua peça, ela permanecera completamente vestida. Mesmo estando juntas em Varenna, ela sempre usava camisetas, blusas e camisas. Ela nunca imaginara que o que havia debaixo das suas roupas era assim tão... lindo.
Droga, não havia fim para sua perfeição exterior? Quando ela olhou para cima, Lauren desviou o olhar rapidamente, brincando com o robe para ocupar os dedos.
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Um verão na Itália (Camren)
RomanceFérias de verão gratuitas em uma bela villa na Itália. A condição? Dividir a casa com sua maior inimiga... Lauren Jauregui chegou ao fundo do poço. Depois de escrever uma peça de teatro premiada que acabou em desastre, o bloqueio criativo se instal...