Meu colega de classe Henry era muito metido, e não havia como alguém negar isso. Ele sempre aparecia com um brinquedo novo para nos fazer inveja, a cada dia era algo mais fantástico. Talvez eu fosse o único a me irritar, pois todos queriam brincar com ele. Mas não era inveja, eu acho, só não gostava como se exibia.
O pai dele era um escritor, e por isso estava sempre com ele. No dia dos pais, houve uma celebração na escola, e aquele garoto mesquinho veio me importunar perguntando onde estava meu pai. Ele começou a falar mal do meu pai, chamando ele de criminoso e outras coisas horríveis.
Eu tapei meus ouvidos com força, as palavras não poderiam mais chegar e apenas meus gritos poderiam sair. Todos vieram me acudir e nos separaram.
Depois daquele dia, eu não vi muito mais o Henry, devem ter falado pra ele não se aproximar mais de mim. Mas as pessoas ainda corriam para ele, e isso me irritava. Foi alguns dias após meu aniversário, que passei a levar o pequeno Jack comigo. Ele era meu único amigo afinal, precisava dele ao meu lado. Mas, Henry não gostou disso.
O garoto metido veio debochar do meu brinquedo, e aquelas pessoas apontaram os dedos para mim, rindo feito loucos. Hienas malditas, eles não fariam mal ao meu amigo. Eu gritei, me joguei contra eles, enfurecido, mas apenas cai na lama. Eles riam e riam descontroladamente. Os adultos novamente interviram, e fui levado daquele lugar ainda com as gargalhadas ecoando na minha cabeça...
Minha mãe foi chamada até a escola, e eu tive de ir junto com ela no dia seguinte. Eu não imaginava o que viria, talvez quisessem me expulsar, mas era outra coisa... O diretor nos contou que o pai do menino Henry fora assassinado.
Foi um choque para nós, mesmo que não nos envolvesse. A polícia já estava executando uma grande investigação, mas nada teria sido encontrado, apenas o corpo do homem debruçado sob várias folhas de papel manchadas de sangue. Alguém havia dado aproximadamente trinta facadas nas costas do escritor, um homicídio brutal e a sangue frio...
Por que haviam nos chamado? Esta era a maior de nossas dúvidas, mesmo que tal notícia fosse trágica, até que uma nova informação fora nos dada. O garoto, Henry, não parava de gritar pelo meu nome. Ele dizia ter visto, a faca, o sangue, a silhueta...
Ele dizia, que eu era o assassino...
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AUTOMATONOFOBIA
HorrorLembranças, sentimento, dor... Talvez tudo esteja neste pequeno boneco de pano com olhos de botão. Seria você capaz de me ouvir?