00. Prólogo

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HUMANITY

por Jaxtom

pan.de.mia
etimologia (origem da palavra): do grego pandemías, "todo o povo".
definição: doença infecciosa e contagiosa que se espalha muito rapidamente e acaba por atingir uma região inteira, um país, continente, etc.

Antes da ciência nos salvar do COVID,
ela precisa nos salvar de nós mesmos.

x.x.x

PRÓLOGO

Cinco anos se passaram desde a Última Onda, a fase do vírus conhecida como a mais devastadora de todas. Tanto a doença quanto a situação dos serviços públicos de saúde foram tão amplamente subestimadas por todos. A mutação veio e tornou-se implacável. O tempo dos humanos era paralelamente inferior à velocidade com que o vírus se adaptou às vacinas, remédios e medidas preventivas — medidas essas que começaram a ser levadas a sério tarde demais.

Em pleno 2030, o mundo virou um caos, terra sem lei, ou melhor, voltou aos seus primórdios de lei da selva: cada um por si. Os poucos sobreviventes que restaram em meio à devastação das cidades, criaram colônias, acampamentos e abrigos para tentar recomeçar — o que, eles não sabiam, mas a esperança ainda habitava o coração dos poucos que sobraram.

Londres nem de longe era o que costumava ser. Agora não passava de um deserto de carros abandonados na estradas, prédios parcialmente destruídos pelo abandono das pessoas, apartamentos invadidos e, apesar da escassez de comida, água, remédios e eletricidade, a maior adversidade da humanidade naquele momento não era o vírus letal ou a falta de recursos: era os próprios seres humanos.

Grupos se formaram ao redor da cidade principalmente, alguns vindo do interior da Inglaterra e outras partes do Reino Unido, forças que apareciam com a mesma facilidade que desapareciam. Era quase impossível saber a quantidade de sobreviventes até o momento, uma vez que a perda de contato era constante, principalmente pela falta de energia elétrica, sem falar em parte da tecnologia estar parcialmente desativada.

As capitais de todos os lugares estavam praticamente desertas, os vilarejos se acumularam ao redor dos campos e pouca agricultura ainda era mantida, embora bastante rudimentar. Londres, desde a Última Onda, estava sitiada: ninguém entrava ou saía. Haviam túneis clandestinos ao que se sabia, mas tudo concentrava-se nas mãos de um grupo de forças especiais que ainda permanecia forte e mantendo o pouco de ordem que tinha: a Strategic Homeland Division, ou simplesmente, The Division.

O grupo era parte da elite militar das Organizações da Nações Unidas — agora basicamente inexistente. O grupo lutava contra outras várias organizações paramilitares ilegais que se formaram conforme as revoltas contra o governo britânico e a coroa cercaram as ruas da capital inglesa.

O tempo tratou de fazer com que a humanidade finalmente quase alcançasse a passada do vírus, embora já fosse tarde demais para a esmagadora maioria da população mundial que não sobreviveu. Os números ainda eram confusos, mas estimava-se que a população sobrevivente estivesse abaixo de 1%. Um respiro para o planeta, diriam alguns. Mas a cura ainda estava por vir, e apesar de poucos cientistas ainda estarem na ativa, tentavam dia e noite fazer o impossível: correr contra o tempo. Apesar da letalidade da doença ter diminuído, ainda assim era grave, os sobreviventes ainda corriam riscos.

O Palácio de Westminster agora era o centro de desenvolvimento da cidade inteira. Contava com um hospital improvisado, uma divisão para tecnologia e outro para segurança. Estava cercado e protegido, abrigava vários sobreviventes, algumas famílias com crianças e era basicamente o quartel general de todas as operações que seguiam pelo que restava da cidade, a fim de começar a reconstruí-la.

Há quase duas horas dali, ficava Porton Down, onde se encontrava o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Defesa e um pequeno time de cientistas persistia em suas pesquisas, mesmo que de forma bem mais precária do que costumavam fazer há alguns anos. Todas as tentativas eram válidas dentro das possibilidades e equipamentos, e só havia uma regra para eles: não desistir.

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