Orobas e Selene sentaram-se a mesa para dar prosseguimento a conversa. Selene queria saber mais sobre sua história, seus pais e todo o envolvimento deles nisso tudo. A partir dai, seria um caminho sem retorno.
— Então, por onde começo... — Não era uma pergunta. Orobas estava achando um meio de iniciar as revelações sem confundir Selene ou afastá-la de sua responsabilidade.
— Comece pelos meus pais. Por que foram embora? Por qual razão me fizeram acreditar que estivessem mortos? — Selene demonstrava irritabilidade. Estava brava consigo mesma e inconformada com essa mentira. Ama seus pais acima de tudo, e em troca, recebe anos de ausência e segredos mortais. Sua revolta tinha um motivo.
— Seus pais não eram apenas médiuns como eu disse. Eram estudiosos das artes ocultas e aprendizes de uma Sacerdotisa. Foi com ela que eles aprenderam a controlar seus dons e de utilizar esse benefício em favor das pessoas. Um dia, porém, a Sacerdotisa foi assassinada no antigo Templo da Chama Azul, por uma Ordem rival. Seus pais então tomaram a decisão de arriscar a vida em troca dos segredos que o Templo protegia. Segredos como história da humanidade, livros apócrifos, grimórios de magia e tudo o que imaginar. Eles sacrificaram tudo e pegaram esse material, escondendo aqui.
— Aqui? Aqui onde?
— Na sua casa. — Para Orobas era óbvio. Já para Selene era impossível.
— Impossível, eu vivo nessa casa a 25 anos. Saberia se tivesse qualquer material suspeito.
Orobas levantou-se impaciente com a incredulidade de Selene e perguntou:
— Onde fica o escritório de seu pai?
— Eu te mostro. — Selene o guiou pelos cômodos de sua casa até uma porta dupla de madeira envernizada. Ele entrou e começou a vasculhar as paredes, procurando alguma coisa.
— Não tem nenhuma entrada secreta, tá bom? — Selene riu achando graça mas recebeu de volta um olhar frio. Ela engoliu em seco como um nó em sua garganta e ficou séria imediatamente.
Orobas abriu gavetas de cada armário e começou a vasculhar os documentos das pastas. Ele soltou um riso baixinho e colocou sobre a mesa uns documentos amarelados.
— Nada suspeito, não é? — disse se gabando de sua descoberta.
— O que encontrou?
— Um dos apócrifos da Chama Azul.
— Isso? — Ela franziu a testa em ironia. Discordando em sua cabeça que aqueles papéis se tratavam de algum segredo poderoso ou algo relacionado a história que ouviu. — São apenas rabiscos. Já tentei ler isso várias vezes.
— Não são só rabiscos, Selene. É uma mensagem espelhada, deixada aqui de propósito para você.
Selene continuou em discordância, negando qualquer envolvimento seu com essa fantasia contada por ele.
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Feitiço Sombrio (Escrevendo)
FantasyMantendo a sagrada tradição de Aphotecarium, Selene decide honrar o legado da irmandade e proteger os conhecimentos mágicos da ganância de uma Ordem rival, a Ordem dos Tronos. Com sua coragem ela enfrentará os desafios que virão com essa responsabi...