Centeio seco. Chuva escaldante qual tomou posse do local que o sol dominava. Brisa sombria que bate na janela e lhe rouba um suspiro. Suspiro roubado por sorrisos seguidos, estava chovendo e já fazia semanas de tal ocorrido.Alegra o local, pois de manhã teremos pão para alimentar vossas crias. Lábios sujos de morango, resultado da torta que mordia. Com pressa se comia não permitindo nenhum resquício de farelo em cima do tecido xadrez que cobria o cedro de tua mesa.
Calcei meu sapato esverdeado e mantive um sorriso estampado em face.
— Teu sorriso é o mais belo, e o meu preferido. — Fora o que disse antes de tocar em meus lábios e os pincelar com os teus, trazendo uma tonalidade avermelhada para ambas as bocas.
Era belo tal envoltura. A coloração de teus olhos que me puxava como o maior dos fenômenos e me segurava, deixando uma brecha caso eu queira escapar.
Jamais fiz tal, me recordando de que você se transformou em meu lar assim que abriu os braços para me abrigar.
Jazia em minha cama que me confortava e trazia consigo a sonolência quando acomodada.
Trovoadas passaram a se acalmar da bravura que havia dentro de si e o desabafo resultante em lágrimas dos céus já quase não existia mais.
De mãos dadas, fomos nos aventurar.
Observando as pequenas gotas escorrendo pelo trigo e os pássaros que voavam com euforia. Os longos assovios e a pura cantoria, festa no céu era o que ocorria.
Fios brancos refletidos na pequena luz que perfurou as nuvens e trouxe a claridade novamente ao ambiente. Retirou de um pomar baixo um fruto e o estendeu para mim.
Em uma só mordida pude ser capaz de apreciar o doce, nossa árvore plantada há meses atrás havia pela primeira vez nos permitido experimentar de ti. Guiei para tua mão enrugada, desejando que provasse também e um sorriso foi o resultado visto que o fruto também o deixou animado.
Catamos mais dos frutos, deixando algumas para os pássaros. Carreguei a cesta e senti teu peso, era bom sinal. Quando mirei meu olhar pra ti, pude vê-lo colher alface e cenoura, as abrigando em tua bacia. Era linda a cena.
Teu semblante sério, apreciando as folhas e verificando se havia algum problema, expulsando dali alguns insetos.
Seu olhar cruzou com o meu e sua sobrancelha relaxou, abrindo um sorriso enquanto levantava a bacia, ela estava cheia do mais natural alimento que continha também sentimentos; afeto, amor e carinho foram capazes de nos trazer tanta comida.
Quando estávamos ainda caminhando sobre o gramado, pude observar o vento beijando delicadamente cada folha da tão bela macieira. Se mexia e remexia como se fosse teus cabelos, parecia até uma dança suave.
Me recordei de que essa tinha sido minha bisa que havia plantado, poucos meses antes de virar uma estrela.
— Quando a Lua nasce se encontrando com uma pequena parte de seu amante Sol, ela segura teu choro na esperança de que algum dia possam se ver. Dizem que ela tem tanta saudade de seu amado que ocorre o eclipse para interromper o sentimento que preenche teu ser. Espero que um dia eu possa observar tal fenômeno de pertinho e saiba, minha filha, que quando isso ocorrer estarei sorrindo. — A senhora disse quando eu ainda era pequena.
Achei belo teu pensamento. Agora, toda vez que vejo a tão brilhante estrela, sei que é a senhora me olhando e esperando seu tão e belo desejo.
Pude sentir uma mão tocar a minha e meu sorriso se permitia aparecer. Caminhamos até uma pequena parte, observando o riacho.
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𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐏𝐨𝐦𝐚𝐫𝐞𝐬
RomanceEm dias chuvosos quando se está sentado na beira da grande janela de vidraça embaçada devido ao clima gélido pela manhã com a companhia de uma xícara de chá, se recorde de teu passado. Tente se lembrar de todas as sensações já sentidas quando seus o...