Prólogo

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A noite fria e tempestuosa que fazia naquela data em questão era a mais assustadora que a pequena Isabel já havia visto, o que a obrigava a se esconder em baixo de suas cobertas como se fosse seu pequeno forte. Sua irmã, Ivette, por sua vez, apenas ficou deitada quieta, esperando que ela adormecesse logo para acordar somente com a garoa fina da manhã ou com o sol brilhante e quente em seu rosto.

Mas naquela noite, Rogério Hernandez, o pai das pequenas, entrou no quarto delas, no meio da madrugada e por uma coincidência infeliz, quando ele abriu a porta, um raio barulhento e lumioso cruzou o céu, causando um estrondo imenso. Rogério estava com as roupas encharcadas pela chuva, o corpo gelado como se estivesse morto, e talvez, fosse melhor se de fato estivesse....
Ele acordou Isabel, e Ivette levantou eufórica e assustada. Ele então falou para pegarem uma mochila e o mínimo de roupas possível, somente o essencial, e assim as duas fizeram. Os três correram o corredor até a porta da frente, mas já era tarde... Joacquin e seus capangas já esperavam Rogério, que por sua vez implorou sua misericórdia, e pediu que levassem suas filhas em seu lugar, mais especificamente a mais nova. Dito isso ele empurrou Isabel para frente, que caiu ajoelhada na frente dos homens altos e tatuados, carregando todo tipo de armamento possivel, ela rapidamente começou a chorar, mas não pela dor que latejava em seus jovens joelhos, e sim, pela falta de amor que seu pai sentia, aquele que um dia, já foi o melhor pai que alguém em todo México e Espanha já viram. A verdade é que Rogério nunca mais foi o mesmo depois que Paulina, a mãe delas, se fora.

Joacquin apenas olhou para Isabel limpando o nariz com as costas da mão em sua frente, e então se agachou na frente de isabel, que estava agarrada com seu gato rosa de pelúcia.
-Quantos anos você tem, pequeña? - Ele perguntou colocando uma pequena mecha atrás de sua orelha, Ivette ficou apenas calada, atrás de seu pai observando tudo. Isabel o olhou e pegou sua mão que estava estendida no ar, ela levantou com dificuldade e fungou fundo.
-Eu tenho 10 anos. - Ela falou baixo, quase inaudivel, mas o suficiente para que Joacquin escutasse, e se pegasse pensando em como um homem era capaz de fazer isso com a própria filha? Atira-la aos lobos era a definição mais correta no momento.
-Eu sou Joacquin, tenho 25 anos e a partir de hoje irei cuidar de você.  - Ele falou com toda força, coragem e determinação que conseguiu reunir.
-Mas...Mas e meu papa? - Ela falou gentilmente, Joacquin a pegou no colo e a abraçou, sussurrou para ela fechar os olhos e pensar em algo que ela gostava de fazer. Em seguida, apenas apontou para Rogério e estralou os dedos no ár. O disparo foi certeiro, e o grito horrorizado da jovem Ivette ecoou pela casa.
-Levem ela.-.Joacquin falou sinalizando com a cabeça para Ivette, logo um de seus capangas a pegou no ombro, como um saco de batatas e a jogou no banco de passageiro.
Joacquin getilmente tirou seu casaco e colocou em cima de Isabel, a colocou no carro com cuidado pois ela já havia adormecido em seu colo. Joacquin esperava ser a estabilidade que Isabel não teve, e esperava que um dia, ela fizesse coisas incriveis.

A garota que eu eraOnde histórias criam vida. Descubra agora