Capitulo 1 - Meu sangue é o seu sangue.

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Antes....

Estar ali sentada naquela cadeira, e principalmente, estar viva, me davam um sensação boa, a luz azul dava um reflexo bonito na água, e o clima estava ótimo, sorri a mim mesma e aconcheguei melhor a cabeça em cima do braço. Minha vida aqui não era das melhores, mas eu era minimamente grata a Joacquin, ele não era o melhor pai, mas era o que eu tinha como exemplo e ele da o seu melhor. Tenho certeza. Mas ao mesmo tempo, estar aqui sozinha me faz lembrar que Joacquin já foi cruel comigo, já foi quase a causa de minha ruína, e isso era algo que eu não poderia facilmente esquecer ou ignorar.
-O que você faz aqui sozinha, pequeña? - a voz grave se materializou atrás de mim, era Miguel. Ele se sentou nos meus pés e começou a passar o dedo em minha perna, desenhando formas. Miguel era o irmão mais novo de Joacquin, mas foi ensinado para ser o meu irmão mais velho.
-Pensando apenas.
-Você pensa demais.
Me sentei na cadeira e dei um peteleco na cabeça dele.
-Nao tenho culpa de ter um cérebro, estupido.-.Falei sem tirar os olhos dele

Senti a brisa fresca que batia em meu rosto, fazendo meu cabelo voar de leve, me encolhi na cadeira, trazendo meus joelhos para perto do peito e me apoiei no encosto da cadeira.
Estou farta dessa vida. Essa é e sempre será a verdade.
Suspirei e o olhei de cima a baixo, ele usava apenas uma bermuda com tons de laranja, como o pôr do sol, com estampa de coqueiros e usava uma corrente fina de ouro, com a imagem de Santa Teresa, que eu lhe dera em seu aniversário.

-Uma mulher não pode ter privacidade nessa casa?! Dios Mio!!- Me levantei e fiquei na sua frente e ele só dava risada, como sempre. Os cabelos castanhos claros estavam bagunçados, o que provavelmente mostrava que ele havia acabado de levantar, os olhos castanhos que estavam apertados, tentando encontrar os meus sobre a pouca iluminação.
-Vim te chamar para comer. Mas acho que está melhor aqui do que com Joacquin e Ivette quase se comendo na mesa de jantar.-. Miguel falou e se sentou na cadeira, dando tapinhas ao seu lado para eu me sentar também. Sentei e apoiei minha cabeça em seu ombro.
-Miguelito, posso te perguntar uma coisa?
-Si.
-Se um dia eu fugir, sei lá, ir embora daqui...- Mordi os lábios e tranquei a respiração nervosa e logo soltei -. Você viria comigo? - Perguntei olhando para o chão, onde meus pés calçavam um chinelo rosa minúsculo que parecia ridículo comparado ao pé de Miguel.
Ele se afastou, fazendo minha cabeça cair no ar, logo levantei e o encarei, seus olhos brilhavam e ele franziu os lábios.
-Mas é claro que eu iria, sua tonta! Não deixaria você sozinha por aí. Mas que droga de pergunta é essa? Nem pense em fazer isso! Me escuchaste bien? -. Ele falou com o sotaque espanhol mais lindo desse planeta, e eu apenas assenti, sem tirar os olhos dos seus.
-Imbécil. - Falei baixinho e ele riu bagunçando meu cabelo. - Você não entende Miguelito, você tem toda liberdade aqui, pode sair, pode ir às casas noturnas e sabe lá Deus o que você faz lá, pode fazer tudo que tiver vontade. E eu? Apenas fico aqui presa para sempre? Saindo uma vez por semana para talvez comprar roupas para Ivette com mais cinco ou sete seguranças? Acha que isso é vida, Hermano? Você entende como isso é terrível? Eu sei que levo uma vida muito confortável aqui, mas do que importa, se não posso aproveitar como uma garota normal? - Terminei e senti como se tivesse tirado um peso das costas. Miguel me olhavam com um olhar triste e pegou minha pequena mão entre as suas.
-Eu entendo perfeitamente, Isabelita, mas agora, Joacquin precisa mais do que nunca de nós dois aqui. Tudo vai se ajeitar com o tempo, é uma promessa. - Ele falou e ofereceu o dedo mindinho e eu enrosquei no meu. Nossas promessas de dedinho nunca são quebradas, nós dois levamos isso muito a sério.

Cruzamos o imenso pátio e entramos na residência enorme, que eu particularmente achava um exagero. Entramos, cumprimentando os dois seguranças que ficavam na porta de cada cômodo daquele lugar. Joacquin achava que ficaria mais seguro assim.

E realmente, Joacquin e Ivette se beijavam com tamanha voracidade, o beijo estalava alto, e eu apenas olhei para Miguel com a cara mais desconfortável que eu poderia fazer. Ele riu e limpou a garganta alto, logo os dois se ajeitaram na mesa e disfarçaram.
-Não vi vocês aí. Perdón. - Ivette falou e eu apenas assenti.
-Como poderia ver se estava sendo praticamente engolida pela boca de Joacquin? -Miguel falou baixo e eu ri.

A garota que eu eraOnde histórias criam vida. Descubra agora