CAPÍTULO VINTE TRÊS

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"Oxford, Oxfordshire, UK, 19/10/17, 23:57min PM"

QUINTA-FEIRA;

Mansão White, 22h:45min;

Com o auxílio de uma luneta, a garota procurava algumas constelações no céu, acabou não encontrando nenhuma durante algum tempo, seu irmão era bom nisso, mas ela não. Estava tudo tão complicado e confuso, queria ouvir um belo sermão do seu irmão altruísta. Apenas ele seria capaz de compreendê-la. Tom era o seu norte e agora que já não o tinha por perto, estava completamente perdida.

De repente o céu escureceu. Uma brisa leve preencheu seu quarto e um frio congelante se apossou do seu corpo. Segundo a previsão do tempo, uma chuva torrencial estava programada para aquela noite.
Fechou as janelas e desmoronou em sua cama, ao lado de alguns livros. Não estava conseguindo ler os livros de literatura inglesa, estes recomendados por seu pai, não que eles fossem importantes para a sua vida profissional, porém, serviam para a sua formação pessoal.

Como concentrar-se na leitura, se seus pensamentos estavam direcionados ao último homem em que ela deveria estar pensando naquele momento?

Deixando suas emoções e pensamentos nada agradáveis de lado, Mia segurou um dos livros entre os dedos e começou sua leitura. Ler era uma ótima válvula de escape, sempre lhe deixava mais leve. Ao seu lado, mais precisamente em um criado-mudo, estava uma caneca com chocolate quente que ela bebericava uma vez ou outra.

Como os meteorologistas haviam previsto, uma impetuosa tempestade apoderou-se da cidade. Olhava a chuva cair pela janela do seu quarto e imaginou por um momento, como seria estar lá fora. Fechando a porta do pensamento, Mia voltou com tudo na sua leitura, mas, de repente, ela ouviu batidas nas janelas do quarto. Com certo receio, caminhou até as janelas e o que viu em baixo da sacada lhe deixou embasbacada.

Harry?!

A loira estava tão entorpecida, que só o observava o silêncio, como uma estátua. Era estranho, quase bizarro, acreditar que alguém seria capaz de sair em meio a um temporal daqueles. Mas não estamos falando de qualquer um, realmente ele não era qualquer um. Ainda incrédula, Mia abriu a janela do quarto e Harry escalou uma árvore, entrando no quarto de uma forma truculenta. Seria bem mais simples se ele tivesse usado a porta para entrar no quarto. Talvez ele quisesse surpreendê-la, impressioná-la.

Estava ensopado. Lábios roxos e trêmulos; cabelos molhados e um físico de tirar o fôlego à amostra. Uma coisa Mia precisava admitir: ele era um homem corajoso, porém, teimosa como poucas, ela concluiu que ele era...

— Você é louco! — exlamou com exasperação na voz minuciosamente baixa, depois foi até o banheiro, pegou uma toalha para ele se aquecer, em um dos armários e voltou para o quarto. Ele deveria estar morrendo de frio.

— Queria te ver e como te falei, eu consigo tudo o que eu quero, então... — provocou-lhe segurando em seu queixo com as pontas dos dedos gélidos e um frio percorreu toda a sua espinha, eriçando cada pequeno pêlo do seu corpo, incluindo o púbico. — Já me esqueceu? — questionou mexendo em uma mecha solta do seu cabelo e sua única ação foi esquivar-se.

— Achei que não quisesse falar comigo, Styles. — pronunciou com uma dose de sarcasmo em seu semblante impassível, então sentou-se na cama e fixou os olhos no seu livro. Evitar olhá-lo diretamente, era uma ótima forma de controlar o próprio corpo. — Foi categórico quando disse que não queria minha amizade. — articulou dedilhando nas páginas do livro e contra a sua vontade racional, subiu a vista para observar sua reação.

— Realmente não quero sua amizade. — assegurou pousando as mãos no quadril. — Nao dá pra ser apenas seu amigo depois de tudo. — balbuciou com sofreguidão, havia muitas expectativas para ouvir algo resposta, qualquer palavra que fosse. Precisava ter certeza. Mia precisava ser sincera.

Harry Problema X Mia Solução | HSOnde histórias criam vida. Descubra agora