1. Uma loucura de amor, meu imprevisto

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Theo

Grande ironia. Justo eu fazendo uma loucura de amor?

Só se vive uma vez, só se ama... várias vezes, ao menos os sortudos e eu me considero um. Quero viver o famoso amor verdadeiro, aquele para a vida toda, intenso de lhe fazer tremer com sua cara metade, quem te completa.

Espero que Luena entenda, sei que irá se irritar de primeiro momento, mas não há mais o que fazer, o que está feito, está feito, não tem como voltar atrás, e mesmo se tivesse eu não voltaria.

Sinto por ela, porém não tenho arrependimento.

Não é assim que se deve viver?

Meu pai me deu uma bronca pelo telefone no começo da ligação, minha mãe também. No fim, eles já me entendiam e concordaram com minha decisão. Meus amigos acharam loucura, e um máximo, mas ainda assim a loucura pela coragem de deixar aquela mulher para trás, todos concordavam que seria bom no fim.

Foi só um imprevisto. Meu imprevisto possui nome: Milene.

Foi um chamado.

No carro, a caminho, meu celular vibrou e o nome "Michael" estava na tela.

Não via necessidades, "Já estávamos juntos há cinco anos, não? Para que isso?", e Luena me ignorou. Ela estava tão empolgada em dar mais uma festa, viver mais uma cerimônia, me ignorando. Coisas supérfluas feito roupas, sapatos, o cachorro que tinha o tamanho de uma ratazana, tinham mais sua atenção.

Nem filhos tínhamos para justificar sua falta de tempo.

Eu queria ser pai, mas ela não estava com pressa. Somos incompatíveis.

Milene é minha alma gêmea.

Luena, diferente de Milene, não ficava deslocada se eu a levasse para jantar em um restaurante fino, em festas para ampliar meus círculos e contatos, pousar em première nos tapetes vermelhos. Milene não via como uma pessoa glamourosa, tinha o estilo dela e estava tudo bem enquanto eu voltasse a vê-la e ela estivesse lá à minha espera. Igual como quando cheguei em seu apartamento.

Usava um vestidinho de algodão até o meio das fartas coxas, me olhava surpresa, calçando seus chinelos, o cabelo volumoso cacheado todo bagunçado. Ironia, ela usava branco, era ela que combinava com a doçura da imagem de uma noiva. Luena não encaixava.

— Você...? Você veio aqui? Não estava ocupado com trabalho? — Me olhava de cima a baixo.

A puxei pela larga cintura e beijei a bochecha macia, feliz de ter deixado meu paletó no carro.

— O que eu não faço para te ver, princesa?

Entrei. O gato preto dela me olhava, atento a cada movimento meu, deitado no sofá. Era desconfortável. O balançar de sua cauda me lembrava o jeito que Luena mexia as tranças longas de seu cabelo ou sua peruca lisa.

— Theo, você é meio imprevisível às vezes.

— Espero que seja uma boa coisa.

— Eu ainda não sei.

Arquei a sobrancelha. Por fim ri de seu comentário.



À noite voltei para casa. Era estranho, só ouvia ruídos vindo do quintal e cheiro de queimado. Indo até lá pude presenciar o horror.

Luena não precisava ser insana e vingativa!

Gritei o nome dela várias vezes, sendo ignorando, e tive que me desviar de tênis meus sendo arremessados da varanda direto para fogueira. MEUS TÊNIS!

E eu que sou a vilã?Onde histórias criam vida. Descubra agora