4. Convite

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Minha cabeça estava doendo.

Meus olhos pesavam uma tonelada.

Eu tive que segurar o choro o caminho todo de volta para casa. Eu havia feito papel de palhaça e agido feito uma completa idiota na frente daquela mulher maravilhosa. Eu fiquei demente do nada. Era muito ridículo. Minha chefe provavelmente vai acabar encerrando meu contrato de estágio, se antes ela não gostava de mim, agora então... Respiro fundo e tiro a chave de dentro da bolsa. Mal tive tempo de abrir a porta de casa e minha mãe já foi abrindo.

— Oshe, tá doida mulher? — disse aos risos para minha mãe.

Logo senti aquele estalo na minha mente. Alguma coisa tinha acontecido.

Minha mãe abre caminho, logo enfiei a chave de volta na bolsa amarrotada. Tirei meus sapatos e segui para dentro de casa.

— Quando você iria me contar... — minha mãe começa a falar, enquanto eu vou para a cozinha pegar um copo de água gelada. — Vocês estão juntos a muito tempo?

Franzo o cenho.

Minha mãe bateu a cabeça na quina?

— Mas eu não estou saindo com ninguém, não. De onde você tirou isso?

Coloquei o copo na pia e segui minha mãe até a sala. Na passadeira de fotos e flores próximo ao sofá, estava muito bem colocado uma caixa linda e preta. O laço é num tom de azul muito profundo. Há um cartão de papel elegante e que parece caro preso no laço. Minha mãe não teve nenhuma chance de xeretar o que havia ali dentro. O envelope havia sido lacrado com cera de vela vermelha. Meus olhos se arregalaram. Quem teria tanto trabalho para fazer uma coisa dessas? Ainda mais com essa pompa toda.

— Isso não é meu, não.

Minha mãe — curiosa do jeito que é — foi até a caixa e a pegou, entregando-me logo em seguida. Meus olhos tremeram quando segurei a caixa com as minhas próprias mãos. Pesava um pouquinho e meu coração batia muito forte contra meu peito. Inclinei minha cabeça e encarei o envelope com uma letra dourada linda e delicada, com meu nome escrito. Catherine.

— Isso muda tudo — digo ao encarar meu nome escrito no envelope.

— Então quem é o pretendente? — minha mãe quis saber.

Revirei os olhos.

— Mãe, não é ninguém especial — minto na cara dura. — Isso é coisa do estágio. Sempre ganhamos algum brinde de uma empresa. E quando o presente é bom de verdade, minha chefe faz um sorteio — ergo a caixa pesada. — Então, como pode ver, eu fui a sortuda.

Ela fica pensativa e dá de ombros.

— Eu nunca ganhei nem em bingo de festa junina quando você ia para a escolinha.

Dei uma gargalhada e senti alívio por ter acreditado em minha mentira besta.

Assim que subi para meu quarto, tranquei a porta e coloquei a caixa sobre a cama, como se ela fosse uma bomba prestes a explodir.

Meu coração que me arrebentava por dentro me deixava atônita. Minhas mãos suavam muito e meus sovacos queimavam de tanto que eu transpirava. Sovaco é uma palavra feia, credo. Dando risada de maneira nervosa, limpei minhas mãos na calça jeans e desfiz o laço da caixa. Assim que meus dedos tocaram o rigor da caixa, eu senti um calafrio. Tirei a tampa e fui golpeada por um cheiro sensualmente delicioso. Eu derramaria aquele cheiro em mim se fosse possível.

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⏰ Última atualização: May 15, 2021 ⏰

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Degradação - Uma História De Inverno Russo - Vivian AngelovOnde histórias criam vida. Descubra agora