4. "Fofoqueiros que se mordam"

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Quando se pensa em atletas, logo vem a mente uma agenda superlotada. Afinal, são pessoas que treinam do amanhecer ao por do sol — com algumas pausas esporádicas para comer e ir ao banheiro.

Mas, mais uma vez, Yue se viu servindo de staff para mais uma das empreitadas de suas melhores amigas. Dessa vez, o pedido de ajuda partiu de Izumi. O pessoal do jornal finalmente conseguira permissão para produzir uma minissérie — de 4 episódios —, em apoio com a turma de escrita criativa e artes cênicas.

Durante o inverno, não havia muito o que fazer. Depois que os torneios acabavam, todo departamento criativo tinha de rebolar para criar conteúdo e arrecadar alguma coisa para a próxima temporada. Mesclar turmas foi a saída mais viável para reduzir a quantidade de trabalho.

— Seu nome? — a pergunta virou o bordão do dia.

— Maya. — a garota Maya estendeu o crachá de papel. Yue rabiscou o nome e um número.

— Boa sorte, Maya.

"Qual seu nome, Fulano?" "Boa sorte, Ciclano", ela vinha repetindo tais frases tantas vezes, que não ia ser supresa se acordasse gritando as duas frases.

Após pegar o crachá, os candidatos se dirigiam para o auditório, prontos para a avaliação dos produtores. Enquanto isso, do lado de fora, ciborgues falavam e anotavam. Ela escrevia mais um nome quando um copo colorido e suado invadiu seu campo de visão. Devagar, Yue seguiu a direção da mão, passando pelo braço para finalmente dar de cara com o rosto sorridente de DuDu.

— O que é isso? — perguntou, mas já estava com o canudo na boca. O gosto doce e a temperatura fria lhe caíram como um bálsamo. Percebeu, então, que seria facilmente envenenada.

— Chá gelado. — disse simplesmente. — Você não gosta de bebidas quentes, então trouxe isso.

Ela rabiscou o nome do que era, graças aos céus, a última pessoa na fila. Em seguida, esticou bem os braços para cima e para os lados antes de se levantar.

— Obrigada. — engoliu mais um generoso gole. — O que faz por aqui? Pensei que fosse voltar para casa mais cedo.

— É por isso que estou aqui. — então estendeu a mão para a mochila nas mãos da amiga, que passou a alça para ele sem nem pensar. — Tia Jô quer que você vá para casa também.

Com a mochila em uma mão, DuDu abriu a porta do auditório com a outra. No palco improvisado, uma das candidatas gritava e berrava por ajuda. Os cabelos foram bagunçados de forma surreal e os olhos arregalados davam arrepios.

— O que ela está aprontando dessa vez...

Tia Jô não era ninguém menos do que a mãe de Angela, a eterna-namorada-agora-noiva de Timo. Depois que os pais dos irmãos morreram, os pais de Angela os acolheram como se fossem seus próprios filhos. Senhora Jô e a mãe de DuDu eram amigas desde a faculdade, vizinhas por amor e fofoqueiras em tempos livres. Ela nunca a chamaria para casa se não estivesse aprontando algo.

DuDu olhava interessado para o palco. A próxima pessoa parecia ainda mais arrepiante do que a anterior. Os gritos se amplificaram assustadoramente.

— Que raios é isso?

— Ah, é a minissérie. — então ele olhou para Yuw. — Não posso falar muito, só que é um suspense-terror autoral. — ponderou. — Para ser sincera, isso é tudo que sei também.

— Uau, uma staff muito dedicada. — posicionou a mão no peito, balançando a cabeça. — Me lembre de nunca te contratar.

— Claro, me certificarei de jogar fora seu pedido. — Yue sorriu docemente.

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