Prólogo

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"Illyrem! Illyrem por favor!"

Frio, porque caralhos está tão frio? Meu corpo está congelando, queimando de uma forma errada e anormal, está tudo tão escuro. Abro meus olhos e vejo água, escura como a madrugada e tão repleta de cristais frios como lustres apagados, fragmentos de gelo. Eu estou dentro daquele lago congelado, Arseos está gritando por mim mas correntes e estacas feitas do mais enferrujado aço me arrastam para mais e mais fundo. Eu preciso ir até a superfície antes que meus pulmões me traiam e inalem aquela quantidade mortífera de água, desespero toma conta de mim, meus membros tremem e não pela baixa temperatura.

Porra! eu preciso sair daqui, sei que me debater ou gritar não fará efeito mas mesmo assim eu tento com todas as minhas forças, a medida que meus esforços fazem com que meu corpo se torne mais e mais pesado, o pavor se instala de forma avassaladora sobre mim. Minha visão explode, meus olhos giram desesperadamente em busca busca de uma saída, a dor se assenta em meus ossos e carne. A cada segundo minhas pálpebras se tornam cada vez mais difíceis de se manterem abertas, enquanto minha mente se esvai na escuridão do lago. O frio me paralisa me deixando como uma boneca de chumbo, o gelo invadindo cada célula minha sem qualquer delicadeza. Sentindo algo como infinitas adagas atravesando cada centímetro de meu corpo, me deixo levar pelas correntes enferrudas, viagando por entre as malditas águas inclementes . Eu sei o que está por vir, esse é o momento da minha primeira morte.

Arquejo tentando ao máximo por o ar para dentro de mim, meu despertar vem seguido de um frio descendo pela minha espinha como se uma lâmina me acariciasse por ali, suor escorrendo por meu pescoço até a base de minha coluna

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Arquejo tentando ao máximo por o ar para dentro de mim, meu despertar vem seguido de um frio descendo pela minha espinha como se uma lâmina me acariciasse por ali, suor escorrendo por meu pescoço até a base de minha coluna. Lágrimas caem dos meus olhos, seguindo por minhas bochechas até deixarem meu rosto. Eu adormeci em meu escritório, estou fitando o teto enquanto tento controlar meu medo. Mesmo que tenha sido um sonho eu me encontro temendo feito uma criança, manter meu almoço em meu estômago se tornou uma tarefa mais difícil que o normal... de todas as formas, preciso apenas respirar.

Estou viva, viva.
Estou viva. Longe do lago.
Longe de tudo que eu um dia amei.

— Pesadelos? — A pergunta foi desferida por uma voz melodiosa e grave. Suspiro sentindo o tão aguardado alívio se infiltrando em meus ossos ao reconhecer o dono da pergunta. A mão de Salatiel agora segurava meu ombro com força, tentanto me passar segurança. Apenas a imagem do castanho me tranquilizava, saber que não estava sozinha naquela escuridão me fazia voltar a respirar normalmente. Já havia muito tempo em que eu deixara Sali me ver assim, ele é uma das poucas pessoas com acesso a esse lado meu, sensível, miserável e humilhado.

— Sim, o do lago. — sussurro as palavras sem ânimo, minha voz não passando de um fio trêmulo e tênue. Às minhas costas o suspiro de Sali se fez presente, mesmo sem vê-lo tenho a certeza de que sua expressão não possui pena e sim compreensão silenciosa, afinal além de causarmos pesadelos temos o costume de sofrer com eles — Já fazem tantos séculos e mesmo assim, não consigo me livrar de tudo isso. — Limpo meu rosto com força, se antes eu estava assustada agora estou aborrecida. Direciono meu olhar para a vidraça que substitui as paredes de meu escritório, no horizonte, o sol já estava sumindo e sobre ele um azul belíssimo se recostava como um gato preguiçoso. Observei o laranja e magenta se esvair por entre as nuvens, como se fugindo do azul que agora mancha grande parte da paisagem.

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