Sr. Stark

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Calina

Os dias nesse lugar eram entediantes e longos. Literalmente não havia ninguém da minha idade, a maioria eram crianças que corriam para lá e para cá, caíam, comiam terra e enchiam a cara de glitter, mal podia esperar para deixar esse lugar.

Passava mais tempo na sala de informática com os computadores tão velhos que travavam até no campo minado, mas com alguns ajustes consegui arrumar um deles para que ficasse no mínimo aceitável.

"Tratado de Sokovia é expedido pelo governo na tentativa de conter catástrofes"

Li em um dos sites de notícias. Não havia muitas matérias falando sobre Sokovia e as que tinham eram todas repetidas. Toda a população que sobreviveu ao atentado de Ultron acabou ganhando refúgio em solo norte americano e estão espalhadas por vários lugares diferentes. Uma nação inteira desfeita... Isso é tão triste.

Olhando sobre a tela vi que a madre que tomava conta do lugar estava babando com a cabeça para trás. Rapidamente abri o prompt digitando alguns comandos.

A IA do Stark ainda tentava descriptografar a minha ficha, ela se quer passou pelo primeiro firewall e já caiu em uma das minhas armadilhas. Caso não percebesse poderia passar até mesmo dias ali.

— O que quer comigo Stark? — Sussurrei.

Bom, não tinha medo dele, todas as provas que me ligavam aos acontecidos em Sokovia e com os códigos dos mísseis nucleares foram completamente deletados, extintos da internet. Então não há provas contra mim...

Dando uma última conferida na madre comecei a digitar alguns comandos, imagine que mantendo a IA ocupada conseguiria me infiltrar na torre Stark, ou torre dos vingadores, tanto faz.

Eu não tinha muito tempo então o máximo que consegui foi acessar a câmera de segurança da oficina onde vi Tony e Bruce Banner conversando, mas não conseguia ouvi-los. Sai rapidamente antes que sua IA me detectasse.

— Bom, vamos jogar uma isca...

Sorrindo pressionei um botão do teclado derrubando o primeiro firewall lhe dando acesso ao meu nome. Agora ele sabia onde me achar e a quem procurar, só me restava esperar.

Ouvindo passos no corredor fechei tudo rapidamente deixando apenas uma aba no Google em um site de jogos para meninas.

— Calina. — A madre superior tocou meu ombro. — Não acha que está a tempo de mais nesse computador?

— Posso ficar mais 5 minutos?

— Não, vá se lavar para o jantar.

Aqui um não dessas mulheres era de fato um não. Então desliguei o computador seguindo para o quarto que eu dividia com mais 3 garotas.

Elas não falavam comigo, eu não falava com elas, e assim seguíamos a meses, ao menos poupamos problemas para ambas...

Quebra De Tempo

A noite veio e passou. O dia estava ensolarado, um sol quentinho que penetrava meus poros aquecendo meu corpo. Novamente sentada no balanço embaixo da árvore eu me balançava entediada, para frente e para trás, sempre em movimento, sempre sem sair do lugar.

— Calina. — Novamente a madre, mas dessa vez não estava sozinha. — O Sr. Stark veio falar com você.

Quando olhei melhor para o lado ela parecia toda empolgada não sei se pela presença dele, por pensar que enfim se livraria de mim ou se ele havia feito alguma doação bem gorda para o orfanato que já caía os pedaços.

— Pode nos deixar a sós? — Pediu educado e carismático. E ela nos deixou. — Deve se perguntar... Por que estou aqui, Calina.

— Na verdade eu me pergunto porque demorou tanto. Sei que está aqui pelo que aconteceu em Sokovia e só chegou até mim porque eu permiti... — Continuei a me balançar olhando para frente, evitando contato visual. — Sua IA até que é bem astuta...

Ele parecia me olhar sem palavras.

— Quantos anos você tem?

— 15.

— Os seus pais, trabalhavam com tecnologia?

— Não. — Soltei um involuntário riso nasal. — Minha mãe era costureira e meu pai ferreiro.

— Então como...

— Como aprendi tudo que sei? Sozinha, tínhamos acesso à internet em Sokovia, acredite ou não.

Pude vê-lo respirar fundo sentando no balanço vazio ao meu lado que sinceramente mal o cabia e fiquei surpresa por aguentar seu peso.

— Eu lamento pelo que aconteceu com os seus pais...


Este quadrante não é seguro, por favor recuem, estamos aqui para ajudar.

— Filha vem!

Minha mãe pegou a minha mão me puxando para longe dos robôs que eram atacados pela população.

Parte da jornada é o fim. — Dei de ombros tentando afastar aqueles pensamentos.

— Touché.

— O quer comigo Stark?

— Queria conhecer a prodígio que protegeu os códigos de mísseis nucleares e invadiu o sistema do Ultron.

— Queria saber se sou aliada ou inimiga?

— Pode ler meus pensamentos? — Ele me olhou assustado o que me fez rir.

— Não, mas é óbvio. Não sou inimiga, não vou tentar explodir o mundo, mas também não sou uma aliada... Só me deixa envelhecer aqui, disseram que eu posso sair quando fizer 18, nem falta tanto assim.

— Você estuda aqui?

— As freiras dão aulas pra gente, arcaico eu diria eu... — Antes que eu pudesse continuar seu celular tocou. — Melhor atender.

Ele parou tirando o celular do bolso e olhando a tela, pude ver rapidamente uma foto de uma ruiva, Pepper.

— Preciso atender... Foi bom te conhecer pirralha.

Acenei para ele o vendo sumir por uma das portas que levavam a saída.

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