13 - O tempo passa...

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Sophie povs~

Era uma coisa assustadora, essa sensação de que um buraco havia sido construído no meu peito, fazendo meus órgãos vitais pararem de funcionar e deixando-os em trapos, com cortes não curados nas beiradas que continuavam doendo e sangrando mesmo com a passagem do tempo. Racionalmente, eu sabia que meus pulmões deviam estar intactos, mas mesmo assim eu lutava por ar e minha cabeça rodava como se os meus esforços não me levassem a nada. Meu coração devia estar batendo também, mas eu não conseguia ouvir o barulho da pulsação nos meus ouvidos; minhas mãos pareciam azuis de frio. Eu me curvei, abraçando minhas costelas pra me manter junta. Eu procurei pela minha torpência, minha negação, mas elas tinham me abandonado.

E mesmo assim, eu achava que podia sobreviver. Eu estava alerta, eu sentia a dor - a dor da perda que irradiava do meu peito, mandando ondas de dor pelos meus órgãos e minha cabeça - mas era suportável.

Eu podia sobreviver. Eu não senti que a dor tinha diminuído com o tempo, mas eu tinha ficado forte o suficiente pra suportá-la.

100 séculos depois.


200 séculos depois.


300 séculos depois.

O tempo passa, mesmo para mim. Mesmo com a dor que nunca passara. Todos no céu não tocavam no seu nome, e quase nunca faziam coisas que me faziam lembrar dela. Mas meus sonhos fazia o favor de me mostrar o quão eu ainda a amava. Era horrível. 

Jesus me chamou, e eu sai da minha cama dando passos calmos.

"Temos uma missão para você, Sophie." - A voz de Jesus ecoou em minha mente.

"Onde?" - Perguntei, pouco interessada.

Eu tinha passado todo esse tempo entorpecida, me desliguei do mundo.

"Em Saturno."

Meu coração parou.

"O que eu tenho que fazer lá?"

"Proteger uma criança." - Ele respondeu, sorrindo.

"Okay." - Eu conseguia sentir meu peito arder.

"Você irá amanhã."

Eu não respondi, me virei e fui para meu quarto. Saturno, onde Cassiel morava. Esse nome ecoou em minha mente fazendo com que minha respiração se tornasse difícil.

Eu evitava pensar nela enquanto estava acordada, mas essa notícia fez meu estômago embrulhar e lembranças nítidas virem a tona.

" Você...É uma resposta ruim?"

Eu fiz uma careta e me deitei na cama, encolhida, esperando a dor voltar. Era difícil amar, era difícil suportar sua ausência. Eu sonhei com ela por todo esse tempo, a dor não me abandonou em nem um momento, era a única coisa que fazia com que eu sentisse que Safira não foi um sonho, ela foi real. Eu desejei encontrá-la, ou pelo menos encontrar Cassiel, mas eu sabia o que isso causaria em mim. Todo meu esforço para não amá-la seria em vão.  Mas mesmo assim, eu queria vê-la de novo, nem se fosse por frações de segundos.

Era um vazio que só ela consegueria preencher.

Me apaixonei por um demônio.Onde histórias criam vida. Descubra agora