The end.

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Safira ainda sentia sua cabeça girar. Sentia como se uma corrente elétrica tivesse passando por todo seu corpo. Por um momento, respirar se tornou difícil.
O anjo na sua frente tirara seu fôlego. Não era da mesma forma que Sophie tirava, mas de um jeito diferente. Como se ela sentisse que aquele belíssimo ser na sua frente fizesse parte de si. E de fato, fazia.
Safira ainda fitava os belos olhos azuis daquele maravilhoso ser. Seus cabelos louros dourados voavam levemente com a brisa que estava naquele dia. Suas asas brilhavam como se fossem feitas de diamantes, a luz dourada em volta de si a deixava ainda mais encantadora.
Safira reparou na delicada coroa que havia sobre a cabeça do anjo, e a reconheceu de imediato. Mas não sabia o que fazer, muito menos o que falar. Esperara por tanto tempo esse momento...Mas não sabia que aconteceria assim.
- Sei que deve estar assustada - A voz de Dalquiela soava como sinos em seus ouvidos - Mas eu gostaria de explicar tudo perfeitamente.
Ao ver que Safira nada falaria, Dalquiela continuou:
- Sobre eu e seu pai.
Safira conseguiu sair do seu estado de encanto. Não completamente, mas o suficiente para conseguir falar e se mover novamente.
- Como soube que eu estava aqui?
Dalquiela fez uma expressão de dor. A voz de Safira não soava feliz, mas ela não sabia que na verdade a filha estava mais do que feliz.
- Desculpe-me...Sophie disse-me que sentia minha falta e que queria saber sobre o meu romance com seu pai. Eu...Eu sinto muito. Não deveria ter vindo.
- Eu senti muito a sua falta, mãe.
Dalquiela, que já virara para ir embora parou e olhou para o demônio, que agora se encontrava com lágrimas nos olhos.
O abraço tão esperado pelas duas agora finalmente acontecia. Seus corações transbordavam de alegria. No momento em que se tocaram, Safira sentiu como se sua alma tivera sido purificada. Sentiu-se um anjo pela primeira vez em sua vida. Mas ela sabia que não era verdade, pois nunca deixaria de ser um demônio.
- Estás mais do que na hora de saber minha história com seu pai.
Safira, que ainda sentia seu coração acelerado, seguiu sua mãe. Quando chegaram em uma espécie de bosque, onde não havia mais barulho, Dalquiela fez um gesto para que ela sentasse, e assim fez.
Cada detalhe da história fazia o coração de Safira saltitar dentro do peito. Cada mínimo detalhe. O olhar de Dalquiela ao falar de Asmodeus a comovera, e pela primeira vez em todos esses anos ela conseguia ver o lado bom de seu pai. Sentia-se reconfortada sabendo que nascera de um amor verdadeiro. Não tinha palavras para explicar o quão alegre estava, mesmo que, no seu subconsciente ela ainda acreditava ser um sonho. E que sonho.
Depois que sua mãe acabou de contar tudo, ela respirou fundo para absorver todas as informações corretamente. E para sua surpresa, estava chorando. Havia se emocionado e nem percebido. Não se importava em ser tão frágil, não com sua mãe. Ela sentia que sua acabara de desencadear seu coração de vez. Os sentimentos agora eram bem vindos.
- Mãe... - Ela começou, depois de um longo tempo fitando o vazio - Você sabia que poderia ter impedido dele ser expulso, não sabia?
Dalquiela deu um sorriso amigável.
- Sabia.
- E não o impediu?
- Safira...alguns anjos estão destinados à cair. Eu não podia interferir no seu destino...tudo teria sido diferente. Nem conhecer Sophie você teria conhecido, entende?
Safira cerrou o celho. Não conseguia imaginar sua vida sem Sophie, a primeira que conseguira fazê-la ter sentimentos. Sentimentos de verdade. Talvez nós realmente tínhamos que aceitar o destino um do outro.
- Falando em Sophie...Por que foi atrás dela? - Safira perguntou.
- Ela precisava saber. Não que isso tenha ajudado... - Dalquiela olhou para filha, pensando se deveria ou não tocar no assunto - Ela chegou no céu em um estado lastimável - Encarou a filha novamente, nem um sinal de emoção - Foi...foi doloroso vê-la daquela forma. Eu estava observando tudo, e vi quando ela caiu. Foi eu quem pedi para Gabriel socorrê-la. Eu achei que por ela te amar tanto merecia saber de sua origem.
Safira fitava Dalquiela, com a expressão inelegível. Estava pensando em como ficara depois daquele ocorrido, depois de largar Sophie na Lua. Também ficara mal, sentia-se vazia...Descobrira o porque das pessoas não gostarem da dor do amor. Porque era horrível, era destruidora. Se ela não fosse um demônio, certamente teria enlouquecido.
Finalmente, ela demonstrou alguma emoção. Dalquiela soltou um suspiro de alívio quando viu que a expressão não era de raiva ou de dor.
- Eu imagino. - Falou por fim - Não fiquei lá muito bem, também. Mas...tudo ficou bem no final.
- Tem uma coisa que eu tenho que te mostrar.
Sem delongas, Dalquiela fez um movimento com as mãos e surgiu uma espécie de telão na frente de Safira, que arqueou uma sobrancelha.
Letras vermelhas como chamas começaram a surgir.
" Eu, Lúcifer, declaro o amor entre os anjos e demônios permitidos. Desde que cada um mantenha-se no seu devido lugar. E que os anjos não impeçam as missões do demônios. "

Era, de fato, difícil acreditar. Mas assim que encontrou com Sophie novamente, a beijou como nunca tivera feito antes. Sentia que em seu peito radiava amor, tanto por sua mãe quanto por sua namorada.
- Só porque eu estava levemente animada com a idéia do romance escondido. - Brincou Sophie, sorrindo mais radiante do que nunca.
- Com você, meu amor...Eu vou até o inferno. - Disse Safira.
Ambas sorriram.
Mellody também estava lá, sorrindo e alegre. Ela, sendo uma alma pura e inocente conseguia sentir que havia muito amor ali. Estavam todos distraídos até que sentiram um forte vento atrás deles. Dalquiela, Safira, Sophie e Mellody viraram-se imediatamente.
A figura de um homem estava vindo na direção delas. Seus cabelos negros e lisos estavam meramente bagunçados, sua barba mal feita o deixava sexy de uma forma quase que impressionante, suas roupas pareciam ter sidos cautelosamente escolhidas. E seus olhos brilhavam, verdes como esmeraldas.
Safira quase não reconheceu o pai.
- Asmodeus? - Perguntou Dalquiela, pasma.
Ela estava em sua forma humana também. Não mudara muita coisa, apenas não tinha asas e sua coroa.
- Você está encantadoramente linda. Receio que não queira dar um passeio comigo... - Ele sorriu. O tipo de sorriso que desmorona qualquer um.
E então, eles se beijaram. Dava para sentir o quão eles esperaram por esse beijo, e o quão se amavam. Safira não pode deixar de sorrir.
Tudo estava sem seu devido lugar. O amor venceu.
Quem foi que disse que só pessoas iguais podem ficar juntas? O amor sempre vence. Ele ultrapassa barreiras, ele te faz ficar vulnerável e ver o mundo de outra forma. E ele destrói e te reconstrói na mesma intensidade.
Safira avistou uma rosa azul que nascia entre as árvores e a arrancou. Ajoelhou-se na frente de Sophie e entregou a flor a ela.
- Rosas azuis simbolizam amor eterno, conquista daquilo que é impossível. No começo de tudo, Sophie, eu fiquei assustada por amar alguém tão diferente de mim. Você, com a alma tão pura e o coração sincero, fez um demônio sem sentimentos e cruel se apaixonar intensamente. Você é uma das melhores coisas que me aconteceu - Falando isso, virou-se o olhar para Dalquiela, deixando a entender o por que de "uma das" - E eu lhe prometo te amar eternamente. Eu te amo, minha anjinha. Eu te amo. Para todo o sempre.

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⏰ Última atualização: Jul 20, 2015 ⏰

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