A Surpresa de Aniversário

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Aos doze anos

Eu peguei a minha mochila do gancho detrás da porta do meu quarto e a joguei em cima da cama. Então abri a primeira gaveta da cômoda, peguei alguns gibis, meu tabuleiro de damas, a minha lanterna e enfiei tudo dentro dela. Depois fechei bem o zíper e a pendurei no ombro direito.

Apanhei o saco de dormir aos pés da cama, o embolei ao redor do braço e peguei o travesseiro com a outra mão, antes de sair do quarto, fechando a porta atrás de mim. Desci as escadas e fui até a cozinha, onde minha mãe estava começando a preparar o jantar e minha irmã desenhava sentada à mesa.

Abri o armário, peguei um pacote de Oreo, enfiei no bolso externo da mochila e sai em direção à porta, ao mesmo tempo em que dizia:

— Tchau, mãe; tchau, Izzy.

— Tchau, Alec. – responderam as duas, em uníssono.

Enquanto descia os degraus da varanda, ouvi minha mãe completar:

— Não esqueçam de trancar o portão e também não durmam muito tarde.

— Pode deixar! – gritei, já atravessando o nosso gramado.

Quando cheguei ao quintal de Magnus, a familiar barraca laranja já estava montada sobre a grama, bem em frente à casa. Olhei ao redor, procurando por ele. Como não o vi, imaginei que estivesse dentro dela e segui para lá.

Fazia uns três anos que a gente costumava acampar no quintal dele em algumas noites de verão. A região em que morávamos era muito calma e segura, uma das razões pelas quais meus pais a escolheram para viver, por isso os adultos não viam problema nisso, desde que lembrássemos de trancar o portão antes de dormir.

Me agachei para entrar pela abertura da barraca e então, como eu suspeitava, encontrei Magnus sentado sobre o seu saco de dormir. Ao me ver, um sorriso iluminou o rosto dele.

— Pensei que você não viesse mais!

— Você acha mesmo que eu furaria assim, sem te avisar? – retruquei.

Ele me ajudou a estender meu saco de dormir. Assim que acabei de me acomodar, peguei o pacote de Oreo do bolso externo da mochila e sacudi na sua direção.

— Olha só o que eu trouxe!

Magnus arregalou os olhos e arrancou o pacote da minha mão com um movimento hábil, o que me fez rir.

— Eu tenho o melhor amigo do mundo! – disse, me dando um desajeitado abraço lateral. – Essa vai ser a nossa sobremesa. Agora adivinha só o que a minha mãe preparou para a gente?

Pensei por alguns instantes, mas nada me veio à mente e desisti de tentar adivinhar.

— Não sei, o quê?

Só então reparei que havia uma tigela no canto da barraca, coberta por um pano de prato. Ele a segurou com ambas as mãos, bem na frente do meu rosto.

Tcharã! – disse, puxando o pano e revelando dois hot dogs imensos, cheios de ketchup e mostarda, bem do jeito que gostávamos.

— Eu já disse que amo a sua mãe? – perguntei, agarrando um dos sanduíches, e Magnus riu.

Nós devoramos os hot dogs e depois nos entupimos de biscoito, até ficarmos cheios. Jogamos algumas partidas de damas, então ligamos a minha lanterna e deitamos em nossos sacos de dormir, lado a lado, lendo os gibis que eu trouxe.

De repente a barriga dele gorgolejou muito alto. Eu virei o rosto e o encarei com um olhar chocado por alguns segundos, até que não consegui mais me controlar e cai na risada. Por fim, ele também começou a rir e disse:

Friendship (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora