Capítulo 3 - Conto de fadas 🧚‍♀️

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Às vezes o amor pode estar ao nosso lado, 

mas a busca pela perfeição e a cegueira causada 

pelas ilusões que criamos nos impede de vê-lo.

Era uma vez, em uma terra distante, uma linda princesa, filha de um rei bondoso que perdeu sua amada esposa no nascimento da segunda princesinha.

A princesa mais velha tinha personalidade forte, parecida com a de seu pai, ao crescer ficava cada vez mais parecida fisicamente com a falecida rainha. A princesinha mais nova tinha a alma angelical, parecida com a de sua mãe, sempre quieta, falava pouco.

Quando a princesa mais velha contava com dezesseis e a mais nova com dez anos de idade, o pai resolvera casar-se novamente. Em um evento oficial conhecera sua futura esposa. As mocinhas, que haviam lido todos os contos de fadas disponíveis na biblioteca do palácio, receberam a notícia não muito bem, temiam ter uma madrasta digna dos contos que leram. Sendo contrariadas pelo pai, que fazia sempre a vontade das jovens herdeiras, tiveram de jantar com a mulher, que para um primeiro encontro causara boa impressão.

Luiza, a princesa herdeira do trono, havia sido autorizada pelo pai a ler os romances, os mais leves, nada de Romeu e Julieta. Com a personalidade da filha, não seria bom para ela encher a cabeça com romances ardentes, seria de se esperar tamanha loucura vinda dela. Infringindo as ordens do pai ela lera alguns romances que ficavam na última prateleira da enorme estante, precisara escalar a estante para alcançá-los.

Contrariando as expectativas, Luiza, se encantara pelos romances mais leves, não desejava para si um romance ardente, mas sim um amor tranquilo que perdurasse uma vida inteira. Não sendo obrigada a casar-se com um nobre, sonhava com um homem, príncipe ou não, que a protegesse e amasse para todo o sempre, sem bruxas e feitiços, isso dava trabalho demais, pensava ela.

Além da educação formal para uma moça da idade, a jovem princesa recebia instrução para assumir o trono, mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, precisava estar pronta. O pai não acreditava que teria um genro para assumir tais funções, sua princesinha era geniosa, não aceitava um não, não gostava de ser contrariada, reclamava de todos os garotos que conhecia, a cada baile, na manhã seguinte, listava os defeitos de cada rapaz presente na festa. A princesa mais nova era romântica demais, seria enganada pelo primeiro oportunista.

O pai das jovens casou-se, julgara que a presença de uma mulher na criação das filhas pudesse ajudar, a esposa mais nova alguns anos poderia orientá-las melhor. Diferentemente do que as meninas esperavam, a madrasta era uma pessoa doce e gentil, amou-as como se suas filhas fossem. Porém, a união não durou muito, cinco anos mais tarde o casal separou-se, mantendo-se intacta a relação entre a madrasta e suas meninas.

Esse poderia ser um conto de fadas, como os que Luiza e Luz leram na infância, com um final feliz, mas não, essa história se passara nos tempos modernos, em tempos de redes sociais, a pouco mais de seis anos.

Bem, diante disso, podemos dizer que esse é um conto de fadas moderno.

As meninas brincaram de ser princesas por toda a infância e a adolescência da mais velha, que nunca deixara de acreditar nos contos de fadas, nem de brincar com a irmã. No dia mais triste de sua vida ela ganhara o presente mais precioso, uma irmã, uma amiga que a faria companhia por toda a vida. Luz, foi o nome que escolhera, apaixonou-se por aquela criaturinha minúscula assim que colocara os olhos nela, ainda no hospital.

Por seis anos Luiza fora amada e mimada pela mãe, quando teve idade para compreender que a irmã nunca receberia aquele amor que recebera, decidira que daria a ela todo o amor que existisse em si.

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