It's him.

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*Atenção! Esse episódio é bem tenso e se trata de um tema muito pesado. Se você é sensível demais, talvez seja um assunto pesado demais para se tratar com tanta brutalidade quanto nesse episódio.*

"A dor que me atormenta vem de dentro
Da parte mais obscura do meu peito
Meu sangue corre queimando
Meus poros tentam expulsar o que há de errado
Mas não tem como expulsar a mim
Ou as vozes na minha cabeça
Que pedem clemência no final da noite.
Final da noite, só o que restam são cinzas
Cinzas de cigarro, cinzas de queimadas eternas dentro de mim
Cinzas do que um dia já fui, de quem já amei e de quem perdi
Me queima e me deixa na crueldade fria da dúvida do futuro.
Cada passo parece exigir muito esforço de mim
Eu sinto dor nos músculos, meu estômago revira e minha cabeça queima
Por saber que diariamente eu tento fugir de mim
Todo dia essa busca incessante pela felicidade
Por um suspiro de alívio depois de um mergulho profundo. Em mim. No meu mar. Eu sou o mar.
Quase entro em pânico ao perceber que eu queimo e me afogo na mesma medida
Então como eu consigo ser infeliz
Quando eu já tenho os dois dentro de mim?
Existir é pesado.
E eu machuco muito
A mim mesmo."

Jimin termina de escrever o que tanto transbordava em seu coração. E então, joga o celular ao seu lado.
Suicídio. Jimin já esteve perto desse momento tantas vezes. Cada corte sem intenção de morrer era só uma distração para que ele realmente não cogitasse a possibilidade de realmente se matar, porque Jimin sentia medo de ter coragem. Ele no fundo, sabia que teria quando fosse necessário, quando não houvesse mais saída pros seu inferno pessoal. Quando se tem depressão, a forma como você vê a vida é extremamente vazia, e as opções que você vê para sair de sua realidade aterrorizante e agonizante são muito limitaras. Limitação. Talvez seja isso que fez com que Jimin chegasse até aqui. Ele se limitava a fazer tudo por medo de fracassar. Sempre. Talvez o seu ato mais corajoso, tenha sido mandar mensagem para Jeon mesmo sem saber quem ele era; porque sinceramente, o garoto precisou de uns belos meses em seu trabalho para aprender a servir as pessoas de forma natural, sem aquele sorriso social claramente forçado.

O suicídio, pelo menos aos olhos de Jimin, era uma forma de tentar escapar do problema da maneira mais brusca possível, e no caso dele em específico, ele não tinha para onde fugir. Seu passado, suas ações, tudo isso ia persegui-lo eternamente, porque seu problema, era si mesmo. Sua mente, seus pensamentos em demasia que lotava sua mente de inseguranças e incertezas sobre tudo a sua volta. O garoto estava perdido dentro de si mesmo, e a única saída que viu, foi tomar a decisão de cessar sua existência de uma vez por todas.

Com a lâmina que estava quase cega o garoto fez cortes profundos em seus pulso esquerdo, mas pela falta de fio na lâmina, ele tinha que aplicar muito mais força para conseguir um corte de fato profundo, e naquele momento, com seu corpo sendo consumido pela adrenalina, ele fez o máximo de força que sua mente deixava-o fazer.
Enquanto sua pele abria em contato com a lâmina fina, e ele via o sangue aparecer lentamente por dentro de sua carne, vazando por toda sua pele até pingar no chão, Jimin se lembra de Jeon. Pensa em suas mensagens, em como o garoto foi atencioso em fazê-lo se sentir especial, e então sente um aperto no peito.
O aperto que Jimin sentiu no peito aquele momento doeu muito mais do que qualquer outro corte que ele tivesse feito em seu braço naquele dia. Doeu muito mais do que seus pensamentos suicidas e de auto-sabotagem, e qualquer outro soco que a vida lhe deu nesses últimos dias.

Jimin solta a lâmina no chão, e com suas mãos trêmulas, alcança o celular, que não estava a mais de meio metro de si. O garoto envia uma mensagem para Jeon, e quando recebe a resposta, seu coração acelera e seus olhos enchem de lágrimas. Seus olhos enchem de lágrimas por saber que talvez ele não devesse ter feito o que ele acabou de fazer. O garoto olha para seu pulso, vendo-o pingar sangue, e então decide que a melhor decisão a se fazer era contar para Jeon o que ele havia feito. Digita de forma completamente trêmula, mas a frase é salva pelo seu corretor automático, que sempre o ajudava nesses momentos.
A reação de Jeon foi completamente desesperada, e em poucos minutos Jeon avisou o menino que estaria buscando ajuda. Mas ele realmente queria ajuda?

Nesse momento, Jimin entra em uma confusão mental muito mais extrema que a anterior; o garoto estava com milhares de perguntas em sua mente. Se ele contou para Jeon, talvez fosse porque ele quisesse ser salvo, mas se ele queria ser salvo, por que ele tentou cometer suicídio? E pior que isso... a agonia que o menino sentia quando pensava na possibilidade de ter feito isso apenas para conseguir ser salvo por alguém, e sentir a sensação de esperança de novo.
Jimin sentia como se tivesse perdido totalmente sua sanidade mental, e agora, também sentia como se tivesse cometido um erro pedindo ajuda. Agora Jeon sabia o quão vulnerável ele era, o quão fraco ele era. Esses pensamentos estavam massacrando o garoto de dentro pra fora, então ele apenas se levanta do chão de forma brusca.

—Eu não posso deixar que me salvem para que eu tenha que tentar fazer isso tudo de novo.— ele diz bem baixinho, com sua voz falhando e lágrimas em seus olhos.

Seus pulsos tinham cortes profundos demais, o que estava fazendo com que o fluxo de sangue que escorresse fosse grande demais, deixando um rastro de grandes gotas em seu chão. Jimin abre a porta de casa, sentindo o ar gélido entrar contato com sua pele, causando um certo desconforto. Mas nenhum desconforto seria maior do que sua mente gritando para que tudo isso acabasse logo. O menino fecha a porta atrás de si, e sem nem ao menos trancar, começa a andar na rua, dando passos apressados; com suas pernas falhando em cada passo, seus batimentos cardíacos rápidos e seu desespero mais forte do que nunca, o garoto simplesmente desiste. Ele cai no gramado de duas casas ao lado da sua, e desaba em prantos.

As sirenes ficam cada vez mais próximas de Jimin, e a ambulância para em frente a sua casa. Jimin não move um músculo, mesmo vendo a ambulância e os paramédicos entrando em sua casa. Uma hora eles iriam perceber, de qualquer forma.

—Então... ele não veio? Ele só mandou a ambulância?— Jimin comenta em voz baixa consigo mesmo, chegando a conclusão que Jeon realmente havia apenas chamado a ambulância para ele, mas não estava lá.

Os paramédicos saem da casa do garoto e olham em volta, dando de cara com o pequeno deitado no gramado, em prantos. Os paramédicos correm até ele, levantando o garoto do chão. Um dos paramédicos ficava a todo tempo checando seus batimentos e acariciando os cabelos de Jimin, numa tentativa de acalma-lo. Era bem atencioso.

—Por favor, eu não quero ser internado.— Jimin diz em desespero, e enquanto era colocado na maca, um dos paramédicos segura firme em sua mão, e o olha nos olhos. Aquele mesmo paramédico que estava tentando acalma-lo a todo custo. Talvez ele fosse um psicólogo também.

—Você vai sair dessa situação. Estamos aqui para te ajudar.— o homem diz, com seus olhos escuros e intensos, que de alguma forma, acalmou Jimin momentaneamente.

O garoto queria mandar uma mensagem para Jeon. Queria pergunta-lo o porquê de ele não ter vindo, do porque ele não ter aparecido como tinha dito que faria. Agora Jimin estava assustado, e sendo atendido por médicos que não fazia a ideia de quem era, e sendo levado para um hospital que também não sabia onde era. Tudo isso só piorava a situação de sua mente mil vezes mais.
Jimin não entendia o motivo pelo qual ele viu esperanças em uma pessoas desconhecida também. Por mais que Jeon tenha o feito se sentir bem nos últimos dias, eles mal se conheciam, então ter depositado todas suas esperanças nele nesse momento também foi algo irracional.
Já dentro da ambulância, e agora com ela em movimento, seguindo o trajeto para o hospital, Jimin olha para o paramédico que estava segurando sua mão com seus olhos marejados e sua alma gritando em dor, e tira forças para fazer sua última pergunta.

—Moço... você por acaso sabe o porquê da pessoa que chamou a ambulância pra mim não estar aqui?—  o pequeno garoto diz decepcionado, olhando no fundo dos olhos do paramédico, que aperta mais forte a mão de Jimin, não com força, mas com uma intensidade maior, fazendo com que Jimin olhasse atentamente para ele. Os olhos do homem se enchem de lágrimas, ficando claramente mais aberto e  sensível naquele momento.

—Eu estou aqui.— o paramédico diz com seus olhos cheios de lágrimas, e então beija a testa de Jimin, prosseguindo com a frase: —Eu estou aqui agora, Sweetie... irei cuidar de você.— ele termina, e então ali Jimin soube.

Era ele.

———————

QUANTO TEMPO GENTE, QUANTO TEMPO.

Eu não tenho nem palavras para descrever quanta saudade eu senti de escrever, de ver vocês satisfeitos com o que estou escrevendo, de receber as mensagens dando ideias ou até mesmo de leitorxs tentando entender melhor cada coisinha.
Eu sinto muito por ter sumido, foram tempos muito difíceis pra mim.
Mas eu estou de volta.
E agora vou encher o saco de vocês.

ATÉ LOGO LOGO!

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⏰ Última atualização: May 19, 2021 ⏰

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Cigarettes after sex - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora