Mais uma vez, a ofuscante luz branco-azulada vinda do patio externo da cidadela sitiada cegou a família real, os cortesãos e Companheiros fiéis reunidos no balcão, no centro da grande torre central da fortaleza. Em menos de uma fração de segundo, ruiu o trovão.
O rei Krain gemeu desesperado.
- Pela Dama Branca, desta vez não pode haver dúvida! O feiticeiro Orogastus realmente provocou relâmpagos no céu azul e este último arrasou o muro do pátio interno!
Os soldados da infantaria de Labornok entraram, às centenas, pela imensa abertura na muralha, seguidos de perto pelos cavaleiros das montanhas, conduzidos pelo brutal general Hamil. Os atacantes arrasaram os defensores da cidadela com a facilidade com que um furacão arrasa a relva do pântano. Alguns momentos depois, viu-se outro clarão mágico e cegante, e outro e mais outro, abrindo novas brechas nas muralhas, pelas quais entravam às gordas inimigas.
- É o fim- disse o rei- se aquela antiga muralha com seus bastiões múltiplos pode ser demolida pelos relâmpagos mágicos de Orogastus, então a grande torre central não oferece mais nenhuma segurança!
Voltou-se para um dos companheiros fiéis:
- Lorde Sotolain, traga minha armadura. Lorde Manoparo, eu o encarregou da segurança da nossa querida rainha e das princesas. Leve-as para o mais profundo e seguro baluarte da fortaleza, onde com seus cavaleiros deve defende-las até a última gota do seu sangue. Os outros devem se preparar para enfrentar comigo o inimigo.
A rainha Kalanthe apenas concordou com um gesto, mas a princesa Anigel e suas damas de companhia começaram a chorar. A princesa Haramis ficou imóvel como uma estátua de mármore, e só os olhos azuis e os brilhantes cabelos negros disfarçavam a brancura do seu rosto, do vestido e do manto que vestia. A princesa Kadiya, com sua roupa verde de caça, de corte masculino, desembainhou a adaga e a brandiu.
- Sire, querido pai! Deixe-me lutar e cair ao seu lado! Prefiro isso a me esconder com as mulheres lamurientas, enquanto os homens das planícies conquistam Ruwenda!
A rainha e os nobres olharam para ela, chocados, e a princesa Anigel e suas damas, espantadas, pararam de chorar e se lamentar.
A princesa Haramis limitou-se a sorrir com frieza.
- Irmã, acho que está dando muito valor à sua capacidade para lutar. Estes não são os vermes ordinários que fogem da sua lança de brinquedo numa caçada, mas sim os intrépidos homens armados do rei Voltrik, protegidos pelos encantamentos de um feiticeiro de negro coração.
- Dizem os oddlings - respondeu Kadiya - que uma mulher da casa real de Renda provocará a queda de Labornok, matando sei cruel rei!
- E você então se arvora em nossa salvadora ?- disse Haramis com um riso amargo. E com as lágrimas inundando e fazendo brilhar os olhos que pareciam duas geleiras azuis, exclamou: - deixe disso, sua toda! Poupe-nos essa boba atitude. Não vê como você faz nossa mãe sofrer ?
A rainha empertigou-se orgulhosamente. Como Anigel, usava o traje tradicional da corte ruwendiana para os dias comuns, de cetim sem ornamentos , com mangas e colete rendados. O vestido da princesa era rosa claro, mas naquela manhã a rainha ordenara às suas damas um vestido e um manto vermelhos como sangue.
Kalanthe disse:
- Meu coração está repleto de mágoa e temo por todos nós, mas conheço o meu dever. Kadiya, não acredite nas profecias dos oddlings. Nossos servos nyssomus fugiram da cidadela para a segurança do Pântano Labirinto, deixando-nos aqui para enfrentar o inimigo. Quanto às suas pretensões de guerreiros...- ela começou a tossir. Os objetos mágicos lançados pelos invasores haviam ateado fogo nos prédios de madeira do pátio interno e rolos de fumaça erguiam-se sobre às muralhas.- Você deve ficar conosco como mandam sua posição e sua classe.
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Trílio Negro
FantasyRuwenda é uma terra fértil e agradável, onde humanos e oddlings convivem em paz sob a guarda da secular Arquimaga Binah. Mesmo aqueles a quem foi concedida uma vida desmedida, no entanto, devem desaparecer um dia, e, à medida que o poder de Binah en...