After the game

A tal "conversa"

Assenti positivamente, mas permaneci calada e deixei espaço para ela falar, afinal eu não tinha visto nada, nem tinha palavras para dizer algo.

- Ju... É até difícil dizer algo porque eu imagino que esteja uma confusão na sua cabeça, você não teve tempo de ver nada, saber nada e não tem como perdoar algo que você nem sabe ao certo o que é, mas eu não conseguiria me perdoar se não falasse com você hoje.

Sei que ainda tem muito pra ver, videos, declarações e tudo que rolou durante esse tempo, mas sei também o quanto eu errei com você, sei das palavras que usei, das atitudes que tive e sei principalmente do quanto desconfiei da pessoa errada, julgo dizer que até da pessoa que mais confiou e acreditou em mim aqui dentro. Só quero que você saiba que desde antes da formação do nosso paredão eu já sabia que havia errado, procurei a Pocah para conversar porque não me sentia segura suficiente para te chamar, eu precisava estar mais forte para isso, deixei minhas feridas falarem mais alto na primeira oportunidade que tive e por isso a desconfiança foi alimentada, sei das amizades que cultivei e consequentemente me fizeram pesar nisso, mas a culpa foi minha, fui eu quem falei e agi. Então quero que independente de qualquer coisa você saiba que sim, eu me importo com você apesar de ter sido tão impulsiva naquele momento e eu quero muito poder te levar pra vida, mas antes de tudo isso eu te respeito muito e quero que você tome seu tempo, veja tudo e a gente possa conversar, e desde já quero te pedir desculpas e perdão por tudo que possa ter te magoado, eu tenho um carinho enorme por você e me importo muito contigo.

Os meses que passei com a Sarah foram suficientes para conhecer ela tão bem a ponto de saber que ela preparou isso na mente há dias e na hora tudo saiu diferente, mas muito melhor talvez do que o planejado. As palavras dela formularam um filme na minha cabeça de toda nossa trajetória no programa e por mim, eu a abraçaria e esqueceria tudo, mas eu não estaria sendo sincera com ela e nem comigo, a mágoa ainda é grande, o "eu não me importo mais" me doeu muito e eu ainda precisava ver tudo. Nós duas nos entendemos pelo olhar e até pelo sorriso, sem precisar dizer nada. O corpo dela me indicava o nervosismo, medo, insegurança desse momento, mas ainda mais a fragilidade.

Eu não podia dizer ou fazer muito.

- Sarah é... Eu gosto muito de você, nunca neguei isso e você sabe. Sempre te defendi quando foi preciso, falava algo com você se necessário mas para os outros não. Fiquei muito chateada sim com você, ainda é difícil porque eu fico relembrando a fala. Porém o jogo acabou, agora é vida real, estamos aqui hoje, é mais um dia, mais uma oportunidade, mas ainda sim eu sei que você entende quando eu digo que preciso ver tudo, analisar com calma e entender o que aconteceu aqui dentro. Eu sinto verdade em você, eu amo você e não vou deixar que o jogo seja maior do que o sentimento e a relação que construímos, eu te perdoo sim, mas se perdoe primeiro e entenda que eu preciso ver tudo para que de fato eu consiga ter.. sei lá é... noção desse perdão sabe? Do "porque" ao menos.

Ela concordou bem nervosa aparentemente apesar dos olhos terem saltado quando eu disse que sentia verdade e a amava, não menti ué. Eu amo ela, mas quero ver tudo para saber o porque estou perdoando, enfim, concluir isso tudo. Pedi a ela um abraço e senti a respiração funda e pesada que ela deu quando nossos corpos se encontraram, eu pude ouvir e sentir nossos corações pulsarem na mesma velocidade, como se fossem saltar do peito e o mundo fosse parar ali, na gente.

Logo fomos interrompidas pela chegada de Camilla, Pocah, Karol e Lumena e o restante do dia foi super leve. Assim que o "pen" tocou pela última vez e a pequena televisão nos alertou "todos: manutenção externa" meu coração disparou, brincamos, sorrimos e por fim finalizamos um dos ciclos mais lindos que nos proporciona coisas incríveis. Me despedi de cada cantinho - inclusive dos meus cactos -, agradeci pela última vez e então de primeira a entrar à última a sair, fechei pela última vez a porta do Big 21.