Violett Cardinsk
Mãe e filha estavam encarando o médico, sentado em frente a elas. Doutor Franklin carregava uma expressão caridosa e por dentro, ele sentiu pena da garota.
Depois que Jason Morris faleceu vítima de câncer, Megan insistia veemente para a filha fazer exames por precaução. Violett era a única coisa que Megan tinha e ela não estava preparada para perdê-la também. Ela não podia e não aguentaria.
Violett não conseguia entender a insistência da mãe para que ela fizesse os malditos exames. O pai dela morreu de câncer e ela sabia que poderia ser hereditário, mas não acreditava que um câncer viria, não por agora. Ela considerava tudo isso um grande exagero.
Enquanto Violett dizia que tudo era exagero da mãe, Megan estava apenas cuidando da filha. Violett Louise Cardinsk Morris, era filha única, de um casamento de dezenove anos e depois da morte do marido, ela era a única coisa boa na vida de Megan. E todo o cuidado era pouco.
Depois da morte de Jason, as duas decidiram mudar da Califórnia para St. Cloud, uma pequena cidade do estado de Minnesota. Os dias da pequena cidade praticamente são chuvosos ou friorentos, e apenas em sair da Califórnia já era um grande alívio para Violett. A garota nunca gostou de sol ou climas quentes e a Califórnia definitivamente não era a sua cidade preferida. St. Cloud era. Simplesmente por chover a maior parte do ano.
Violett estava no meio da penúltima aula quando Megan interrompeu a mesma, dizendo que Doutor Franklin queria vê-las. No começo, tudo estava uma confusão e agora, sentadas de frente para o médico, tudo parecia igual ao começo: uma confusão. Todas as vezes que tinha que pegar o resultado dos exames, o hospital sempre mandava por e-mail e agora, Violett afirmava ser uma frescura ter que ir presencialmente buscá-lo.
— Notamos algo de errado com os seus exames, Senhorita Cardinsk — algo dentro de Megan remexeu com medo e alerta. — E infelizmente não é nada bom.
Violett franziu o cenho e olhou para a expressão desolada do médico.
— Eu vou morrer? — exclamou, tentando descontrair.
Mas percebeu que foi péssima ideia, quando olhou para Megan e notou as lágrimas em seus olhos. Seu coração se apertou ao ver aquelas lágrimas.
O médico não respondeu nada, apenas suspirou fundo.
— Sim ou não, Doutor?
— Infelizmente sim — o médico respondeu com pesar. — A Senhorita precisa ser muito forte nesse momento e...
— Eu entendi que vou morrer, apenas diz o que eu tenho — ela o interrompeu.
Por fora, ela estava conformada e estava se fazendo de forte para ser o suporte de Megan. Mas por dentro, ela queria correr para o seu quarto, deitar na sua cama e chorar em posição fetal.
— O laboratório mandou o resultado dos seus exames e notei uma anomalia não notada antes — ele começou, pegando o resultado dos exames. — É uma doença rara e tem tratamento, pode durar anos ou meses, depende se seu organismo aceitará o tratamento.
— Qual o nome da maldita doença?
— Fibrose cística — o médico respondeu, sem entender a sua voz neutra. Outros pacientes estariam em prantos e prantos. — É uma doença hereditária, provavelmente alguém da sua árvore genealógica teve antes. Essa doença afeta o pulmão e o sistema digestivo. Ela é crônica, podendo durar anos ou a vida inteira. E o tratamento...
— Eu não quero!
— Mas a Senhorita precisa — contestou Doutor Franklin, indignado. — Entenda que a sua disposição não será a mesma, sua imunidade cairá e você se tornará uma pessoa frágil. É necessário cuidados e...
— Eu não quero — repetiu, decidida. — Não quero viver em um hospital ou em uma bolha.
— Princesa, você não pode fazer isso! Isso será suicídio — Megan contrapôs, arrasada. — Pense melhor, meu amor. Enxergue tudo com clareza.
— Não, mãe, eu já decidi — ela estufou o peito, engolindo o choro. — Quanto tempo de vida eu tenho sem o tratamento?
— Nunca ocorreu alguém recusar o tratamento — ele usou um tom acusatório. — Mas você tem seis meses no máximo, se desejar não fazer o tratamento.
— É isso mesmo que eu quero.
— Tudo bem, Doutor! Ela sabe o que é melhor para ela — Megan interveio. — Passe os cuidados e contraindicações, por favor.
— Bom, nada de comidas gordurosas, nada de ficar exposta ao sol por muito tempo e sempre esteja hidratada.
— Só isso?
— Sim — o médico respondeu. — Mas aceite apenas o acompanhamento, Senhorita, precisamos saber quando a doença se agravar ou o seu quadro piorar.
— Tudo bem — Violett concordou.
Depois de marcar a próxima visita ao médico, elas voltaram para casa em silêncio. Megan tentava segurar as lágrimas, mas estava sendo uma tarefa difícil. Quando Megan estacionou o carro em frente à casa delas, Violett franziu o cenho.
— Você não vai descer?
— Não — Megan respondeu. — Preciso resolver alguns assuntos. Não me espere para o jantar.
Ela concordou e Megan saiu dali.
Violett entendeu que a mãe precisava de espaço, afinal, ela também precisava. Aquela vontade de chorar e o aperto no peito ainda estavam dentro dela e ela queria extravasar. Ela abriu a porta de casa, entrou e rapidamente foi para o quarto, trancou a porta e caiu na cama. Violett afundou o rosto no travesseiro e gritou, liberando as lágrimas.
Por que aquilo estava acontecendo com ela?
Depois de horas chorando e com o rosto vermelho, ela deixou um longo suspiro escapar. Violett sempre acreditou que tudo acontece com um propósito, seja ele bom ou ruim, mas acontece. E aquilo que estava acontecendo com ela, cedo ou tarde teria o seu propósito. Cabia a ela apenas aceitar e seguir em frente, porque mesmo não aceitando, a doença continuaria ali.
Porque é assim que a vida funciona: mesmo não aceitando os problemas, eles continuarão ali. Mas basta aceitar e resolver tudo, de cabeça erguida. Afinal, princesas não andam com a cabeça abaixada, porque a coroa pode cair.
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TONS DE ROXO
RomanceVida e morte. Dois sentidos que andam lado a lado. Violett Cardinsk nunca foi o tipo de garota que gostou de aproveitar a vida. Ela é o tipo de garota certinha demais, nunca sai da linha, ela é o orgulho dos pais e nunca faz nada de errado. Para el...