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Sebastian Graham

Tudo estava uma merda.

Mas esse era o pensamento da maioria das pessoas. Ninguém no mundo tem uma vida tão incrível ao ponto de não pensar que tudo está uma merda. É mera ilusão olhar para alguém e pensar que a vida daquela pessoa é incrível. É hipocrisia olhar para uma pessoa e desejar a vida dela, porque ninguém sabe as dores de ninguém e muito menos, sabe o que se passa com aquela pessoa.

Sebastian Graham era o exemplo disso.

Loiro, alto, olhos azuis, capitão do time de futebol americano e desejado por todo o público feminino. Sebastian era o garoto prodígio do time, todos ao seu redor imaginam como é a vida dele, todos querem ser ele. A maioria das pessoas querem viver a vida dele, ter a vida dele. Mas ninguém de fato quer conhecê-lo de verdade.

Ser o capitão do time tem suas vantagens e todos queriam essas vantagens. Como por exemplo, não ter que pagar o lanche ou não frequentar as aulas de educação física, porque o professor acha que ele faz tanto esforço em treinar o time que não exige sua participação na aula. Todas as garotas querem estar na cama dele ou em qualquer outro lugar com Sebastian. Sebastian Graham era a celebridade de St. Cloud High.

Mas a vida dele não era boa o quanto todos imaginavam.

Quem o olhava, via apenas o garoto prodígio, ninguém enxergava suas mágoas e dores.

Sebastian fazia um esforço sobre-humano para transparecer que tudo era mil maravilhas e que tudo estava bem. Mas na realidade, nada estava bem.

Ele cresceu praticamente sendo criado por babás. Seu pai, David, nunca teve tempo suficiente para o filho, já que sempre trabalhou no hospital da cidade. A mãe de Sebastian o abandonou e bom, ele cresceu aprendendo tudo sozinho ou no YouTube, como cozinhar, por exemplo. Desde que a mãe dele foi embora, seu pai não era o mesmo. David sempre fez de tudo pra ficar fora de casa, longe de Sebastian. E o garoto sentia isso, só não demonstrava.

E toda essa ausência de David teve resultados. Grandes resultados. David sabia onde errou, mas não dizia nada por saber que errou e deixar Sebastian assim, era uma forma de perdão.

Sebastian Graham virou aquilo que mais temia: um irresponsável. Desde pequeno, Sebastian enfiou em sua cabeça que nada iria atrapalhar sua carreira. E ali estava ele, nove anos depois, sendo um adolescente irresponsável, festeiro e alcoólatra.

Era sexta à noite, Sebastian estava se arrumando para mais uma festa. Ele penteou os cabelos loiros, arrumou a lapela da jaqueta de couro, amarrou os cadarços dos coturnos e borrifou o perfume no pescoço, pulsos e atrás das orelhas. Depois de estar pronto, ele pegou as chaves do carro e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Na escada, um cheiro bom consumiu o ar. Ele expirou fundo e seu estômago se agitou, exigindo algo para ter em seus domínios. Curioso, Sebastian seguiu até a cozinha e encontrou o pai com a nova vizinha.

Qual era o nome dela?

Madeline?

Margareth?

Megan?

Isso, era Megan.

Megan estava sentada da banqueta do balcão de mármore com uma taça com vinho na mão esquerda. Seus olhos seguiam David de um lado para outro.

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