capítulo 7

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 “O desabrochar do amor é como a primavera que floresce em nossos corações, e logo vem o verão nos aquecer e nos impulsionar a sempre alimentar esse amor com o calor da paixão, o outono pode trazer renovação de cenário, onde tudo tende a mudar, mas é quando chega o inverno que seremos mais provados, e ele sempre chega para todos, inclusive para os que amam...”

Fazia vinte graus aquela tarde. A chuva havia vindo pela manhã e por hora dera trégua.  Era bem verdade que o céu ainda estava cinzento, como se fosse uma constante ameaça que ela voltaria a qualquer instante, mas eu não estava mais me importando. Cinco dias trancada dentro do meu quarto era o meu limite, e uma temperatura “tão alta assim” naquela época do ano não era para ser desprezada. Por isso coloquei meu vestido amarelo com listras brancas, minhas botas de cano alto, luvas, gorro, cachecol, e saí, tudo exigência de Karol e Luiza.

Havíamos marcado de sair só as meninas, e lógico, isso excluía o pobre Arthur, mas planejávamos levar uma rosquinha caramelada para ele em retribuição a se separar por algumas horas de Karol.

O roteiro era incerto. Luiza, obviamente sugeriu cerveja, mas a ideia logo foi rechaçada por Karol, que a lembrou que eu acabara de sair de um forte resfriado.

Então decidimos ir ao shopping fazer algumas compras. Na verdade  foi Luiza quem decidiu, pois Karol e eu lembramos que não tínhamos dinheiro para gastar com o que não fosse estritamente necessário.

Aquela não era a primeira vez que a paulista se dispunha a fazer aquele tipo de coisa, afinal, dinheiro para ela não era problema, mas Karol e eu sempre rechaçávamos a ideia. Não entrava em nossa cabeça ficar tirando vantagem de uma amizade. Mas dessa vez ela insistiu tanto que foi impossível dizer não. E agora, nós três andávamos sorridentes pelas lojas, hora ou outra comprando coisas aqui e ali.

Karol, linda como sempre, essa tarde vestira calças pretas colada em suas coxas grossas, camisa gola polo e jaqueta de couro marrom. Seus longos cabelos loiros agora estavam presos em um coque, e no pescoço um belo cachecol azul o adornava. Era impossível não se apaixonar pela minha amiga.

Luiza usava óculos escuros, o que eu achava um exagero, já que o clima não estava para isso, mas guardei o pensamento para mim. Também usava macacão branco com camisa preta manga longa por dentro, botas pretas e anéis em todos os dedos. Nos lábios, o batom mais vermelho que já havia visto na vida. Ela tinha uma elegância europeia tão natural, que parecia ter nascido ali.

Por onde passávamos os olhares nos seguiam. Eu também tinha meu charme, mas não alimentava a ilusão de que a maioria deles eram para mim.

E assim seguíamos, de loja em loja, com as sacolas cada vez mais se acumulando em nossos braços. Até que decidimos nos sentar na praça de alimentação para lanchar.

— Pelo menos os lanches nós pagamos, Luiza! — Falei enfaticamente, não lhe dando chances para contestações, mas era a Luiza.

— Já disse que não precisa! — Ela começou. — Para que serve o dinheiro se não for para gastar?

— Sim, sabemos disso — Interveio Karol — Então também nos deixe gastar um pouquinho do nosso.

— Que teimosas vocês são! — Luiza fez uma expressão genuína de raiva.

— É que nos sentiremos melhor, amiga... — Falei tentando vencer a batalha.

— Ahhh tudo bem suas chatas! — Ela se desfez do olhar zangado e abriu um largo sorriso vermelho. Sério, onde foi que ela comprou aquele batom?

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