As fortes e geladas rajadas de vento fizeram Kara encolher todo o seu corpo; em pleno final de outono o frio castigava quase que severamente. A garota estava guardando seu crachá em sua bolsa quando suas chaves caíram no chão. Imagine ter que tocar no metal, agora molhado, em pleno nove graus Celsius?
Serenata devido à hora; pouco mais das onze da noite. Kara fez o que mais ou mais tarde teria que fazer e acabou pegando a chave do chão. A garota voltou a se levantar, todavia, algo não a deixou se mover. Ela fechou os olhos ao cair em percepção de que deveria ter ido visitar a senhora Lilian e Lena.
Seus passos foram desajeitados e apressados para dentro do hospital e logo ela estava no elevador rumo ao quarto da garota. Por sorte não precisou ter que gravar outros números de quartos aquele dia, se não, com certeza teria problemas em se lembrar do número do quarto de Lena.
Assim que chegou ao piso em que deveria descer, ela rumou para o quarto. Deu três batidas na porta e a mesma foi aberta.
- Olá. - Ela disse docemente. - Muito tarde? Se quiser eu posso voltar amanhã e...
- Não se preocupe, criança. Entre. - Lilian disse, vendo Kara (agora não uniformizada) entrar. A garota deixou a bolsa no canto da sala e se aproximou de Lena.
- Olá, Lena. Como está? - Kara disse, vendo Lilian voltar a se sentar em sua cadeira. - Vejo que pentearam seus cabelos. Está linda!
- Ninguém a visitava e, bem, ela sempre gostou de ficar arrumada para as visitas. Dei uma leve ajeitada. - Lilian disse sorrindo fraco e Kara agradeceu mentalmente por ter lembrado de visitá-la. A mulher teria se chateado caso o cérebro de Kara resolvesse falhar em lembrá-la de algo novamente.
- Oh! - Kara disse. A menor analisou a expressão da mãe de Lena. Aquela mulher carregava consigo uma dor tão profunda que transparecia no brilho de seus olhos. - Viu só, Lena? Sua mãe ainda se lembra de seus gostos. - Lilian riu baixinho e assentiu.
- Você é muito especial, Kara. - A mais velha disse, causando um sorriso no rosto da loira.
- Obrigada senhora. - Ela disse sentindo-se lisonjeada. - Lena, vou contar para você e sua mãe sobre o meu chefe, quer escutar? - Kara perguntou, sorrindo. - Ele brigou muito comigo por ter entrado aqui mais cedo. Ele realmente não deve gostar de mim. - Falou rindo.
- Oh, querida. Enganos acontecem. Por que ele brigaria com você?
- Por importunar a paz de uma família. Eu deveria ter ido à outro quarto. Levei bastante xingo, mas sabe, Lena? Gostei de conhecer vocês duas. - A porta foi aberta de supetão, roubando a atenção do momento para o doutor que entrava na sala.
- Boa noite, moças. Como estamos aqui? - O homem que aparentava seus quarenta e poucos anos era ligeiramente grisalho, mas incrivelmente lindo e simpático. - Temos visita nova para você, Lena? - O homem disse em um tom alegre e empolgado.
- Kara é nossa nova amiga, doutor Derek. - Lilian disse sorrindo, se afastando para dar lugar ao médico, que retirava sua pequena lanterna do bolso de seu jaleco.
- Vamos lá! - Ele disse, abrindo um dos olhos de Lena e jogando luz neles. Kara pôde ver que os olhos eram verdes, de uma tonalidade incrível, para ser honesta.
- Você não se incomoda com isso, Lena? Se alguém jogasse luz nos meus olhos, eu choraria de raiva. - Kara disse rindo. - Sou meio explosiva na TPM.
- Como disse que se chamava? - O médico perguntou, se virando para Kara.
- Bem, eu não disse. Lilian que me apresentou. Sou Kara.
- Certo. Kara...
- Já sei. Pedirá silêncio. Desculpe! - Ela disse rindo um pouco envergonhada.
- Muito pelo contrário. Continue falando. - Kara arqueou uma sobrancelha.
- Bem, eu não entendi, mas tudo bem. Sou fácil em falar coisas aleatórias do nada. Isso me faz parecer louca? - Ela perguntou, vendo Lilian rir.
- Não, querida. - A mulher respondeu gentilmente.
- Kara, ande até a porta, por favor. - O homem pediu e a garota assentiu confusa. - Vá falando. - Que espécie de louco aquele médico era? Kara resolveu acatar seu pedido mesmo assim.
- Eu não posso ficar falando sozinha doutor. O senhor me pede para falar, mas é complicado e isso compromete a minha imagem na frente de Lena.
- Repita o nome dela. - O homem pediu com veemência.
- Está tudo bem, doutor? - Lilian perguntou preocupada. O homem jamais fizera algo assim em todos os anos que estivera ali. Ele era apenas um interno quando foi apresentado ao caso e permaneceu ali até os dias atuais ao lado daquela família.
- Sim. Só preciso que Kara repita o nome de Lena.
- Claro. Lena, eu não sei o porque o doutor quer que eu repita seu nome, mas gosto de "Lena". É um bonito nome e por isso repito sem problemas.
O homem soltou uma risada animada e apagou a lanterna, olhando para Lilian visivelmente comovido. Ele havia se apegado à garota e dizia naqueles quatorze anos que Lena lhe ensinava sobre perseverança todos os dias.
- Senhora Lilian, podemos trocar uma palavra? - Ele perguntou e a mulher olhou confusa e assustada para ele.
- Eu prefiro que Kara esteja comigo. - Ela confessou. - Você sabe que eu não tenho... mais ninguém, doutor. - Os olhos negros do homem se desviaram para Kara antes de ele assentir.
- Tudo bem. - Disse ele. - Senhora Lilian, de alguma maneira a sua filha parece responder quando ouve. As pupilas se dilatam e se movem, porém...
- Oh, meu Deus. - Lilian disse levando sua mão à própria boca. - Ela nos ouve? Oh, meu Deus. Minha filha... - A mulher começou a chorar e o doutor respirou fundo.
- Preciso que se acalme, senhora. Ainda tem mais. - Ele disse, vendo-a limpar algumas lágrimas e voltar a fitá-lo. Lilian sentiu um aperto cálido em sua mão, virando-se apenas para ver que era de Kara.
- Prossiga, doutor.
- Bem, o mais estranho de tudo é que, bem... Lena só responde à voz de Kara. Eu falei e nada, a senhora falou e nada, Kara falou e seus olhos a seguiram. Quando kara proferiu o nome dela era como se seus olhos quisessem se aproximar dela.
- Está dizendo... - Lilian foi cortada pelo doutor.
- A voz de Kara é o estímulo que procuramos todos esses anos para Lena, Lilian. - Kara piscou lentamente, tentando processar o que acabara de escutar. Como raios seu dia se tornou tão louco?
d * * b
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Em um piscar de olhos - Supercorp
RomanceLena Luthor tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para Los Angeles, porém o destino lhes foi cruel, causando um choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o caminh...