Capítulo 9: Pray for You

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Humilhação. Constrangimento. Vexame. Nada parecia representar bem o suficiente como eu me sentia naquele momento. Harry havia saído do quarto e me deixado sozinho e necessitado com nada além de uma latente vergonha para me lembrar do que havia acabado de fazer em sua frente.

Saí da banheira decidido a desistir de fazer Harry ceder e me liberar de minha punição. Me sequei e vesti, e me preparei mentalmente para enfrentar os dias que ainda viriam pela frente, da forma como deveria ter feito desde o princípio: submissamente.

O tempo restante fora, de fato, uma punição torturante, dezenas de vezes mais eficiente do que qualquer dor física que Harry pudesse ter me causado, o que fez eu me arrepender amargamente por duvidar dele em primeiro lugar.

Suspirei minimamente ao observar Timmy ajeitar uma mecha do cabelo de Fizzy com ternura aparente no olhar - eu sentia falta daquele tipo mínimo de toque. Era possível observar a afeição rodeá-los como fumaça, e me perguntei como não havia percebido aquilo antes com eles sendo tão óbvios. O pensamento me fez olhar para Harry, que estava sentado ao meu lado no sofá da sala de estar, e me peguei questionando se também era possível ver o que sentíamos, um pelo outro só de nos olhar.

Harry me cutucou com o cotovelo e eu trouxe minha atenção de volta à conversa. A Condessa me olhava, parecendo esperar uma resposta cuja pergunta eu não fazia ideia do que se tratava.

- Peço perdão, milady, se importaria de repetir? - Eu disse.

- Perguntei se o senhor tem aproveitado seu tempo no campo. - Ele me deu um sorriso educado.

- Ah! Sim, milady, imensamente. É sempre bom ficar longe da poluição da cidade, mesmo uma cidade encantadora como Londres. - Anne acenou com a cabeça parecendo contente com a minha resposta e se voltou para minha mãe, iniciando outro assunto. As duas haviam se tornado muito próximas desde que chegamos e me alegrava ver minha mãe sorrir genuinamente com a Condessa, o que dificilmente acontecia quando se encontrava com outras damas da alta sociedade.

- Com licença. - Charles entrou na sala, seu rosto enrugado e normalmente sereno, estava carregado de preocupação. - Milady, parece que os cocheiros ainda não voltaram de suas tarefas desta tarde e o rapaz cavalariço se machucou, de modo que não há ninguém disponível para ir entregar as cartas urgentes do conde no correio da cidade.

- Ó! Céus, o que faremos? Não há mais ninguém disponível, alguém da cozinha ou dos jardins, quem sabe? - A Condessa sugeriu com certo tom de desespero. O conde havia saído com meu pai naquela manhã para resolver negócios com um mercador da cidade e estava demorando mais do que o esperado para voltar.

- Ninguém, milady. - Charles respondeu. - Temos apenas mais uma hora antes dos correios fecharem por hoje ser domingo, de modo que não podemos nos dar o luxo de esperar um dos cocheiros voltar.

- Nós podemos ir. - Harry se pronunciou trazendo a atenção para si. - Eu e Louis podemos ir a cavalo até a cidade para entregar as cartas. - Ele me olhou buscando confirmação e eu rapidamente acenei que sim.

- Tem certeza, querido? Pode chover a qualquer momento, não quero que fiquem doentes. - A Condessa perguntou e minha mãe parecia carregar a mesma preocupação em seu rosto.

- Não se preocupe, ficaremos bem. - Harry se levantou e eu fiz o mesmo. - Charles, peça que preparem os cavalos. Iremos nos trocar e o encontraremos na entrada para pegar as cartas.

Charles acenou em entendimento e se retirou com rapidez. Harry e eu também saímos da sala e fizemos o caminho até nossos quartos, onde trocamos os sapatos e a roupa para algo mais adequado a uma cavalgada.

Quando chegamos na entrada Charles nos esperava ao lado dos cavalos com uma bolsa de couro contendo as cartas. Montei Atena e acariciei sua crina a fazendo regozijar em um relincho. Harry pegou a bolsa e subiu em seu cavalo dizendo mais algumas coisas antes de partirmos.

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