Gonna catch a witch,

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1 — Gonna catch a witch,

Cedrico Pov

Suspirei, olhando para a grande Árvore-Mãe na praça central da cidade.

Meus dedos dos pés já estavam quase congelados, e eu os remexia dentro dos sapatos, tentando causar algum atrito que gerasse calor, enquanto assoprava entre minhas mãos unidas para afastar o frio.

A verdade é que eu não queria sair dali.

Queria continuar sentindo o vento frio, mesmo que ele estivesse extremo demais.

A forma como ele balançava a grande árvore me fazia pensar que eles não passavam de sussurros.

Era uma crença ali no vilarejo de que aquela árvore sabia de tudo, e guardava todos os segredos do mundo dos homens.

Algumas vezes, eu me permitia acreditar que os ventos fortes daquela região não passavam de sussurros vindos de todos os lados do mundo, com os segredos para ela guardar.

Outras vezes, eu acreditava que os ventos fortes eram para abafar os segredos que a árvore escondia.

De onde estava, sobre o telhado da capela da igreja, quase de frente para a árvore, eu conseguia ver as ruas quase desertas, a não ser por um cão ou outro perdido.

Afinal, domingo a noite era dia de todos se reunirem no salão da cidade para a missa, afinal a capela e a igreja, que estavam quase em ruínas, velhos e sem telhado decente, agora eram apenas um símbolo na praça, onde também ficava a árvore.

Se me levantasse, poderia ver as luzes acessas do salão, ao lado da casa do guarda da cidade.

Mas agora, o que me interessava era um corpo magro, bonito e encantador, que fazia todas as moças da cidade suspirarem, correndo de forma furtiva, sempre olhando para trás para não ser seguido, e tão distraído, soltou um grito de susto quando sua cintura foi apoderada por mãos possessivas que o viraram para si, colando os corpos até estarem encostados à Arvore Mãe.

Eles se beijaram de forma apaixonada, entre abraços e risos abafados, por um bom tempo.

E eu fiquei ali, deitado no telhado sem ser notado, enquanto via o carinho entre os dois e toda a devoção de Draco.

Porque eu sabia quem eram eles.

Um deles costumava ser Draco Malfoy.

Filho do fazendeiro mais poderoso da região, era um garoto loiro muito bonito, porém fechado, que não gostava muito das pessoas e costumava ficar sempre sozinho, afastando todos quando era pequeno. Eu sabia que isso era devido ao acidente que fez sua mãe, uma doce e gentil moça jovem, morrer precocemente.

Quando eu vim morar aqui com meus avos após a morte dos meus pais, de alguma forma estranha, consegui a amizade do garoto reservado, e pelos próximos cinco anos éramos inseparáveis.

De uma forma que foi crescendo cada vez mais.

E na véspera do meu aniversário, conversando largados no seleiro da casa dele, ele disse estar apaixonado por mim.

Eu não acreditei, e fui embora, recebendo mais tarde uma carta, onde ele dizia que como prova de seus sentimentos, na noite do meu décimo quarto aniversário, daria-me um beijo debaixo da árvore mãe, para mostrar seu amor.

E eu esperei por isso. A noite toda. Debaixo da chuva, tentando entender o que tinha acontecido. Era a promessa dele.

Á meia noite.

E no dia seguinte descobri que ele não havia vindo pois seu pai tinha obrigado ele a ajudar na comissão de boas vindas de um grande amigo que se mudaria trazendo consigo um menino órfão, que viveria na cidade.

E pelas duas semanas que seguiram, eu vi Draco rodar a província inteira, apresentando o garoto para tudo e todos, que não demoraram a se sentirem cativados por ele.

Harry era um menino educado, que apesar de ter nascido em boa família, era humilde e gentil com todos de forma igual. Sempre sorrindo de forma doce, se oferecendo quando via alguém precisando de ajuda, em pouco tempo era tido como o anjo encantador de todos.

E eu vi, de longe, como Draco parecia estranhar essa forma gentil e doce.

E gradualmente, essa estranheza virou uma admiração.

E eu nunca mais o vi sem Harry.

Eram como uma única coisa, andando pela cidade, conversando, em todos os lugares, todos os momentos.

Draco não havia nem se dado o trabalho de me apresentar ao recém-chegado, como fizera com as outras pessoas. Era como se Harry tivesse me apagado completamente da sua cabeça.

E um ano depois, largado sobre o telhado da igreja, eu vi o meu beijo prometido acontecer.

Nos lábios de Harry.

Com o carinho e a dedicação que eu sempre desejei receber, eu ouvi as juras de amor deles, e eu descobri porque havia duvidado de Draco quando ele tinha dito estar apaixonado por mim.

Porque apesar de saber que amava ele, eu não tinha visto isso em seus olhos.

Eu via carinho, via desejo e não via amor.

Aquela coisa que fazia os olhos azuis dele ferverem, parecendo quentes e deleitosos sempre que focavam no moreno esbelto.

E eu assisti emocionado, a forma que eles se beijaram, após ele dizer que amava Harry.

Não 'estar apaixonado', como havia se declarado para mim. Ele disse amor. Com todas as letras.

E então, a árvore mãe, o vento, a capela e eu nos tornamos expectadores daquele forte sentimento entre eles.

Suspirei ao ver ao longe algumas pessoas virem andando em uma das ruas de acesso, e me estiquei, chutando para fora do telhado uma daquelas tábuas velhas, que caiu estrondosamente no chão, fazendo os dois se afastarem, parando para localizarem a fonte do barulho, se dando conta que tinha gente vindo, se afastando alguns passos até o padre aparecer, franzindo o cenho.

– Porque não os vi na missa?

– Eu não estava com paciência para essa droga. Harry veio atrás de mim me convencer a ir, dizendo umas bobagens sobre ser importante e um monte de merda – Draco rugiu, e como ele era daquela forma o tempo todo, o padre apenas suspirou, pousando a mão sobre o ombro de Harry.

– É tão bom ter um garoto como você por aqui, Harry. Mas... Não perca seu tempo. Sei que são muito amigos, mas Draco é um caso perdido.

– Eu nunca vou desistir – Afirmou sorrindo daquele jeitinho que fazia todo mundo se derreter, e eu revirei os olhos, vendo eles se despedirem com um aceno e cada um ir para a sua casa.

Voltei a pousar as costas nas telhas duras dali, olhando para as estrelas, me sentindo um grande idiota.

Um dia desses, eu iria deixar eles serem pegos.

Um dia desses...

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Essa é curtinha, tem apenas 4 capítulos!

Ela tem uma energia diferente, espero que gostem!

Alguém ai sentiu dó do Cedrico, ou ainda lembram dele em Jogada Drarry?

That's who we really areOnde histórias criam vida. Descubra agora