II

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No dia seguinte Taehyung finalmente teve alta. Com o braço enfaixado apoiado por uma tipóia e curativos em feridas mais superficiais. Tinha  um corte leve na bochecha e um arranhão na costela,  mas não estava bem, porque não eram as feridas do seu corpo doíam. Diferente do que todos esperavam, Taehyung não chorou ao acordar. Mas ele se manteve apático a tudo e a todos - exceto seu filhote -,  dando respostas curtas e monossilábicas.

Felizmente Byemol liberou Taehyung antes que o Ritual de Passagem fosse efetuado,  Taehyung conseguiria dizer um último adeus à mulher que mais amou na vida. A família Kim saiu do hospital às sete da manhã. Um silêncio mortal pairava entre eles, o clima estava pesado e nem a beleza do inverno de prata era capaz de distrair as mentes abaladas daquela família. Com toda certeza uma cena dolorosa de se ver.

Byemol se despediu dos Kim's com um semblante abatido. Era profissional, mas era uma pessoa também, uma pessoa muito empática, por isso seu coração doía sempre que uma família perdesse um ente querido.  Naquela manhã, antes que desse de fato alta para o ômega loiro, o chamou para conversar. Trocaram o número de telefone e prometeram manter contato. Principalmente pelo fato de estarem investigando  juntos os genes do ômega. Mas isso era apenas uma desculpa para se manterem amigos. Park estava preocupada  com Kim loiro, que parecia ignorar a situação.  Então logo arrumou um jeito de se manter por perto para garantir que o ômega ficasse bem. E finalmente a família partiu para casa vovó Chisun. Seu destino inicial.

Não podia negar como sentiu falta do aroma da comida de sua avó. O cheiro familiar e gostoso entrou por suas narinas e o preencheu com memórias doces de sua infância assim que entrou na residência Kim. E a sensação de estar de volta ao lar, que deveria ser boa, dilacerou o coração do ômega. Todas as memórias de Taehyung com sua mãe naquela casa invadiu sua mente assim que o carro parou na garagem. Mas o ômega não chorou. Não tinha esse direito. Não quando todos estavam tão tristes também. Tinha que ser forte, por sua vó, seu irmão, sua tia  e seu filhote.

Namjoon ficou de subir as malas com a ajuda de Sora, a irmã mais nova de sua falecida mãe. Taehyung caminhou ao lado de Jin como Byeong-ho em seu colo. O filhote ainda não estava entendendo o porquê de os adultos estarem assim. Tão quietos e com cara de quem levou bronca do papa. Então ele ficou encolhidinho no colo do seu genitor sentindo toda a dor que ele emanava em seu cheiro. Durante o percurso fungou algumas vezes com vontade de chorar. Por que seu papa estava assim? Por que ele não sorria e brincava consigo? Taehyung somente afagou os cabelos do seu filhote e sussurrou que o amava todas as vezes que sentia o pequeno se desesperar. Parecia ser um bom remédio.

— Vovó? — Taehyung chamou escorado no batente da porta da cozinha com seu filhote no seu colo. Sorriu pequeno ao ver a doce senhora de setenta e sete anos se virar e sorrir triste. Ambos se encararam por longos segundos até uma lágrima solitária escorrer pelo rosto do ômega loiro. Lágrima que desceu pela sua bochecha como uma labareda de fogo.

— Oh, Avelã… — Disse triste  se apressando para abraçar seu netinho e o consolar. Byeong-ho desceu do colo do pai e abraçou as pernas do tio Jin, que apenas assistia a cena sentindo o coração pesar. Chisun e Taehyung apertaram o abraço e choraram de soluçar. Afagaram as costas um do outro num cuidado mútuo. —  Vai ficar tudo bem, querido. A vovó está aqui.

Taehyung sorriu pequeno e se afastou para acariciar o rosto da senhora semi grisalha com carinho. Secando delicadamente o rosto da mulher. — Seu lobinho está aqui, vovó.

A mais velha concordou e deixou um beijo terno na testa do ômega, esse que se abaixou para que ela pudesse cumprir tal ato.

— Senti sua falta. — Falou doce e Taehyung secou as próprias lágrimas. — Venham, vou servir um ensopado para vocês. Depois vamos ao templo.

Surreal. Taekook.Onde histórias criam vida. Descubra agora