O Hóspede

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DIA 1

- Você sabe que não tem como me vencer nessa, né?

Dei língua pra Henrique e dei uma mordida maior no meu hambúrguer.

Dois dias depois da nossa revelação, eu e Henry decidimos fazer uma competição de comida. Sabia que era difícil ganhar dele, mas quis testar meus limites por um dia.

Meus pais trabalhavam juntos como vendedores em uma loja que de vez em quando os mandava para negócios em outro estado por alguns dias.

Assim, eu e Henry iríamos passar três dias sozinhos na casa e, como minhas aulas do primeiro dia após a viagem foram canceladas, aquela parecia a oportunidade perfeita para passar um dia aproveitando sem medo.

O plano era o seguinte: eu ia tentar, por esses três dias, comer tudo que Henrique comia. O problema era que a quantidade era absurda, mas mesmo assim eu queria testar.

Só de imaginar o estrago que aquele tanto de besteira iria fazer pro meu estômago...

Assim, na primeira manhã, já começamos com um café reforçado: uma grande xícara de café com leite, um ovo cozido e dois fritos, dois pães com queijo, uma fatia de pizza gelada que sobrara do dia anterior e um pouco do refrigerante.

-Não acredito que você tem coragem de beber Coca-Cola 8h da manhã- Falei, virando um grande gole e arrotando alto- Porra, isso é bom.

-Sabe, Liana, você é uma porquinha as vezes - Disse ele, lambendo os dedos da pizza- Admiro muito isso em você. Pena que eu duvido muito que você aguente manter meu ritmo.

-Cala a boca e passa o ketchup.

Só com esse banquete eu já estava estufada, me sentindo molezinha de cansaço e querendo ficar deitada.

Aquilo parecia um sonho, pra ser sincera. Fazer tudo isso, realizar meu fetiche, junto de um homem legal e gostoso.

Pelo resto da manhã ficamos cada um mexendo no celular, deitados na cama do agora seu quarto, eventualmente um ou o outro deixando um peido escapar.

10h da manhã ele abriu um pacote de Cheetos onde cada um comeu a metade.

Deitei em cima dele enquanto comia, com uma vontade grande de tirar um cochilo para me preparar para a nova refeição.

E foi o que eu fiz: fiquei deitada toda em cima dele, dormindo, e só acordei quarenta minutos depois ao perceber que estava mijando.

-Puta merda- Acordei assustada- Como isso foi acontecer?

-Acredite, eu mesmo não estou reclamando- Disse ele, me prendendo em um abraço de urso- Pode continuar.

-Mas sua cama...

-A gente bota a colcha pra lavar depois.

Senti a mão dele entre minhas pernas e, ainda sonolenta, gemi, mijando mais.

-Ei...- Falei, meio dormindo, meio acordada- Eu tenho uma proposta meio ousada, mas acho que seria legal testarmos por esses dias.

-Qual ideia?

-Vamos tomar laxante e sair pra passear em algum lugar. Quem cagar primeiro, perde. Se eu vencer, você vai deixar eu te tratar como um baby por um dia, fazendo tudo que eu mandar. Se eu perder, eu viro sua baby por um dia.

-Justo. Que tal amanhã?

Concordei, voltando a dormir.

Quando acordei, Henrique também estava dormindo.

-Ei...- Sussurrei, dando um selinho nele- Que horas são?

Ele despertou, meio desnorteado.

-13h já. Quer almoçar?