Os membros do BTS haviam acabado de chegar em seu apartamento, todos ainda muito chocados com o que estava acontecendo, foram para seus próprios quartos em total silêncio, o que por si só já demonstra que algo está errado, eles sempre eram muito barulhentos. Mas não hoje, não depois de prestar condolências a uma família, depois de ver alguém que eles estavam sempre encontravam em eventos, um companheiro de profissão, completamente sem vida, outro que havia sucumbido aos horrores do lado obscuro de ser um idol. Ele não havia sido o primeiro e, por mais mórbido que seja, também não será o último, a pressão é sufocante e nem todos conseguem lidar com ela, ha um limite para o que uma pessoa pode suportar e a principal questão não era "se" eles iriam chegar aos seus, e sim "quando".
RM estava sentado em sua cama, olhando fixamente para a parede, toda vez que colocava a cabeça no travesseiro para descansar, acabava revivendo aquele dia, não conseguia dormir, não podia. Apesar de tudo ele entendia JongHyon, entendia o que o homem sentia, todo o sofrimento, a sensação de dor, a necessidade de fugir da solidão, era muito difícil sorrir todo o tempo para as câmeras, estavam todos estraçalhados por dentro.
Eram fracos, todos eles, é isso que gritam em seus ouvidos a cada erro cometido, a cada pedido de ajuda, dizem para se recompormos, colocar um sorriso na cara e seguir em frente, sua dor não faz sentido, não era para isso que lutam tanto? Pelo reconhecimento, a fama, o amor de todo o mundo, o que sofrem pelo caminho não importa, é apenas uma consequência, devem transformar sua dor em alegria e esconder seus machucados; mas nem todas as suas feridas são visíveis aos olhos de todos, elas não sangram, mas engolem suas mentes e criam cicatrizes, que em algum momento iram aparecer, nada fica escondido por muito tempo.
Trabalhavam duro e apesar disso sentiam que estavam errados, imperfeitos e que isso era por sua próprias culpas, ele queria fugir e conseguiu, o preço da liberdade foi a mesma que pagou pelo sucesso, sua vida. Era assim que todos eles iriam acabar? Mortos pelas suas próprias escolhas? Não era isso que eles queriam, apenas queriam fazer música, fazer as pessoas felizes, não sabiam que seria as custas de sua própria felicidade. Não deveria ser assim, eles merecem ser felizes tanto quanto os outros, famosos ou não.
Naquele momento RM estava triste, talvez essa não fosse a palavra certa para descrever o que estava sentindo, essa era simples demais e ele sabia que nenhuma palavra poderia fazer tal feito, devastado talvez? Em choque, paralisado, todo um vocabulário e nada descrevia totalmente o que estava sentindo; mas naquele momento outro sentimento se alastrava em seu peito e em sua mente, e esse ele sabia muito bem qual era, raiva.
Pura e borbulhante raiva
Eles não mereciam isso, não merecem isso, são apenas pessoas que tiveram seus sonhos realizados e depois distorcidos por outros que só querem o fruto de seu trabalho, querem ganhar as suas custas, não se importam com o que acontece desde que continuem lucrando, sendo suas galinhas dos ovos de ouro. E já está na hora de dar um basta nisso, nunca deveria ter sido assim para começar, por todos eles e pelos outros que viriam depois, sonhadores e ingênuos, ansiosos para realizar seus sonhos sem saber o que teriam que pagar por eles.
Crianças que estavam sofrendo pelas escolhas dos adultos, daqueles que deveriam os ajudar e proteger. Crianças ingênuas que confiaram nas pessoas erradas, que estavam cercados por elas.
Hoje eles se despediram de mais um deles, quem seria o de amanhã? Poderia até mesmo ser ele ou, por mais que essa ideia embrulhasse seu estômago, seus próprios companheiros de banda, seus irmãos. Não é o que ele quer, acordar todo dia e torcer para que não tenha que se despedir de nenhum de seus amigos, torcer para que todos eles consigam começar e terminar o dia vivos, é assim que pensava, que desejava fervorosamente, porque suas vidas não são mais o que eram, agora eram uma tentativa de sobrevivência, uma que nem todos venceriam.
Ele é o líder de seu grupo, é responsável por eles, e está cansado de ver-lós desmaiando de tanto treinar, cansado de ver alguém machucado ser obrigado a colocar um maldito sorriso na cara e terminar um show, rezando não desmaiar, porque sabe será punido por isso. Quem pensam que são para fazer isso com eles, com qualquer ser humano? É isso que eles são, humanos, não robôs ou bonecos sem vida que podem ter a bateria trocada ou ser substituídos quando quebram.
Ele não sabe exatamente o que fazer, mas nesse momento qualquer atitude seria melhor do simplesmente ficar parado. Continuar sem fazer nada, completamente inútil, ia contra tudo que ele jurou fazer ao ser colocado como líder; ajudar, proteger, ele era uma piada, não conseguiu fazer nenhuma dessas coisas. Mas nesse momento? Ele estava cansado, com raiva e qualquer emoção que chegava perto de descrever o desastre fodido que estava sua cabeça. Ele não era impulsivo, nunca foi, mas estava na hora de ser, mesmo que isso arriscasse tudo o que construiu, que conquistou.
Foi até sua mesa e pegou o celular, fazendo careta ao ver-lo todo rachado, talvez fosse a hora de trocar como yoongi havia sugerido. O deixou em cima da cama e passou a revirar suas coisas a procura do cartão que havia recebido meses antes, nos últimos dias no Brasil, de uma pessoa que ele esperava que ainda se lembrasse dele, se lembrasse do que o falou.
Já estava quase perdendo as esperanças, e seu quarto já estava parecendo que havia passado um verdadeiro furacão, quando o achou no fundo de uma das malas que ele usou durante a viagem. Passou o olho pelo cartão(Na mídia), era como ele se lembrava, na frente estava escrito apenas o nome a logo da empresa, então o virou e lá estava o que ele precisava.
(+055)11 XX XXX XXX
Passou a digitar o número no telefone rapidamente, rezando a qualquer tipo de entidade que existisse, que ela atendesse a ligação.
E esperou
E esperou
E esperou
Já estava perdendo as esperanças quando o telefone parou de tocar e ele ouviu a voz de uma mulher, Katherina.
" Alô? - A mulher falou, em português - Quem fala?
- Katherina? Aqui é o Namjoon, você me deu o seu cartão a alguns meses.- Ele falou em coreano, esperando que ela entendesse - Podemos falar na minha língua, por favor? Não sei quase nada de português.
- Oh, é claro, Namjoon - Ela parecia surpresa- Você mudou de ideia e resolveu aceitar a minha proposta? - Disse também em coreano.
- Sim mas..- Ele hesitou- é porque eu preciso da sua ajuda.
- Direto - Ela não pareceu se importar, apenas achou graça da honestidade do rapper- Parece ser bem sério, já que mudou de ideia por causa disso.
- É caso de vida ou morte - Ele respondeu, o estômago se embrulhando com o que estava arriscando ao fazer aquela ligação - Ainda pode me ajudar?
- Me conte tudo - Respondeu, direta - E então vamos ver."
Ele esperava estar fazendo a coisa certa.
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Revolução do Kpop
Ficção Geral"Eles vão arriscar tudo para mostrar que são muito mais do idols, são pessoas" Cobrança e pressão extrema Baixa auto estima Depressão e ansiedade Regime de treinamento desumano Excesso de trabalho Dietas rigorosas, Contratos severos Assédio Esses...