Cap 1

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Anabell

Acordo ainda meio zonza sem saber direito que horas são, foi uma noite péssima. Já não é a primeira vez que sonho com aranhas e outros insetos, elas me perseguem por todo lugar, fazem questão de subir pelas minhas pernas e entrarem dentro de minhas roupas, só de lembrar da situação, sinto uma forte vontade de chorar. Creio que esse seja meu pior traço de personalidade, além de todos já me verem como uma pirralha mimada, eu choro por tudo.
Todos não é bem a palavra certa vai, eu até que tenho um grupo de amigos, eles sabem que eu me viro muito bem, e por mais que eu pareça uma criança, minhas atitudes não estão nem perto de uma... eu acho, mas enfim, chega de devaneios Anabell, tenha um pouco de vergonha na cara e vá pelo menos checar as horas. Percebo que são 05:58, essa porra de pesadelo conseguiu me tirar dois minutos de sono.
Me levanto sem muita pressa e vou até o banheiro, ao tirar minhas roupas percebo meu pijama molhado e meus seios inchados.
— MAAAAE, ACONTECEU DENOOOVO!
... não escuto nada. Mesma coisa de sempre, acordo depois de minha mãe sair e durmo antes de ela chegar. Se eu me incomodo com isso? A resposta é não, minha mãe lutou muito pra chegar onde chegamos e é ingratidão da minha parte me opor sobre sua rotina, na verdade, desejo ser como ela um dia. Em relação ao pijama, é complicado de explicar, pra falar a verdade nem eu entendo muito bem. Aos 16 anos eu desenvolvi um problema nas mamas e eu acabo produzindo leite completamente do nada, as vezes para e as vezes volta, é uma merda mas eu já me acostumei.
Entro no banho e esvazio meus seios lá mesmo, em especial hoje, não tenho tempo para ir ao hospital fazer a doação. Ao sair coloco uma calça preta com um moletom da mesma cor, eu até gosto de me vestir melhor do que isso, porém não estou com paciência para pensar melhor e elaborar um "look" apenas para ir até a escola. Faço um delineado meio lixo meio merda, penteio o cabelo e me olho no espelho insatisfeita. Será que eu refaço essa porra? Ah fodase, não to com saco pra ficar me preocupando com isso agora. Vou até o meu quarto e pego meus cadernos, já que o resto do material fica na escola, eu não tenho nenhuma reclamação em relação ao colégio, faço apenas as matérias que eu escolhi e a aula em período integral até que me ajuda a ocupar a mente, exceto por uma coisa... a bosta da apostila de inglês que pesa minha mochila.
Vou até a cozinha e pego apenas uma água, não tenho fome quase nunca e de manhã é pior ainda. Na porta da geladeira um post-it me chama a atenção. "Não esqueça as chaves e o dinheiro dentro do armário. Com amor, lírio." Minha mãe tem uma ótima habilidade em alegrar essas manhãs chatas, nunca vi uma pessoa conseguir se fazer presente até mesmo longe, meu único medo é que ela descubra daquele maldito detalhe, o foda é que não me faltaria compreensão e apoio, acho que sou eu que me recuso a abrir essa gavetinha dentro da minha própria cabeça.
Sem muita enrolação, pego minhas coisas e desço até a garagem, monto em Lala (minha bicicleta roxa) e tento chegar até a escola antes das 08:20. Foda quê essa mochila, junto com os seios, estão piorando a situação das minhas costas, não consigo me conter de raiva e falo alto em plena rua vazia.
— MERDA DE APOSTILA DE INGLÊS.
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Foi isso vidas, me contem o que vocês acharam que eu vou adorar saber. O próximo capítulo sai provavelmente amanhã também de madrugada. Bjs meus amores. 💜

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