Capítulo 20

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Kaahra Muhammed Bin Zayed Bin Al Nahyan | Point Of View





— Kaahra desde que soltamos a nota oficial sobre a parceria das nossas empresas, eu venho acompanhado a boa repercussão e a ansiedade de todos em ver os frutos dessa parceria. – Gunz gesticulou animado, eu sorri fingindo ter a mesma empolgação que ele.

— Espero que sejam frutos bons, tem muita coisa em jogo nessa parceira. – Comento olhando de canto observando James se aproximar da mesa aonde Lena se encontrava com nossos amigos.

Com certeza serão, até o final do ano já iremos ter contratado toda mão de obra necessária e daremos início a primeira remessa de produção. – Gunz ainda animado da um longo gole na sua bebida.

Era só o que me faltava para completar o martírio que será essa noite, ter que aturar esse velho bêbado falando como uma maritaca sem parar nos meus ouvidos. O pior de tudo era saber que dessa vez não haveria escapatória, já que várias pessoas importantes e alguns jornalistas estão presentes aqui. Eu teria que manter a minha postura superior como se ninguém aqui fosse digno da minha presença, me manter longe das pessoas que eu realmente queria por perto, ficar ouvindo assuntos tediosos e bajulações.

E o principal que era ter que ficar longe da minha rainha para que ninguém soubesse da nossa relação, já que por decisão nossa ainda não acreditamos que agora é o momento correto para expor para todos nossa relação. Tanto eu como Lena ainda estamos buscando formas de lidar com a chuva de opiniões que se cairiam sobre nós, já que eu como um membro da família real, estou me relacionando com uma estrangeira e ainda por cima uma mulher como eu.

O que me faz lembrar um dos questionamentos mais feitos pelas pessoas assim que tornei madura, afinal de contas para que lado eu deveria ir? O fato de eu ter nascido com um pênis e com todas as outras características de uma mulher, levantou várias possibilidades na mente das pessoas. Deram aos meus pais diversas idéias absurdas, que hoje dou graças a minha mãe e meus avós por conseguirem impedir que meu pai aceitasse uma das loucuras que diziam para ele.

Logo quando eu nasci, se sentindo culpado por eu ter nascido como nasci. Meu pai achou que aquele era um castigo de Alá por causa de um acontecimento entre ele e um dos meus tios, acontecimento esse que nunca ninguém se atreveu a contar sobre o que havia ocorrido. Com isso meu pai cruzou o oriente para falar com diversos religiosos e curandeiros em busca de uma resposta ou solução, até mesmo refez a peregrinação até a cidade de Meca para pedir que Maomé lhe iluminasse ou me que me curasse.

Das diversas loucuras sugeridas, um médico muito famoso no Irã sugeriu ao meu pai que fizesse a cirurgia de redesignação de gênero. Naquela época lembro-me que minha avó na intensão de me proteger das possíveis atrocidades que meu pai poderia cometer, pensando que estava me ajudando. Ela me levou para a tribo onde seus pais haviam nascido, eu passei alguns meses vivendo em Shalozan uma pequena cidade do território do Paquistão.

Quando voltamos para Abu Dhabi, meu pai já estava mais conformado que se eu havia nascido assim era porque Alá quis desta forma. Com o tempo todos se adaptaram a realidade de que eu era diferente, e quando meu pai assumiu como Khalifa e presidente do país a aceitação das pessoas foi ainda maior. Com o passar do tempo e eu fui envelhecendo, aos poucos consegui ter o respeito que tenho hoje perante a sociedade, com o meu esforço e trabalho.

Mas mesmo com todo o respeito, as pessoas ainda permaneciam curiosos para saber para que lado eu optaria quando chegasse a hora de me casar. Mesmo que a resposta para tal questionamento fosse bastante óbvia, certamente eles só acreditariam quando finalmente acontecesse.

SHEIKH - Adaptação KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora