Capítulo 08

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POV RENATO

Sou pai e agora é oficial. Acabo de sair do exame que confirmou e tornou isso realidade. Mia não mentiu e provavelmente vai jogar na minha cara que esteve certa esse tempo todo. Espero que ela não cobre uma pensão milionária, já que, ela mesma falou que não se interessa no meu dinheiro. Deixei claro que não pretendo ser de fato, pai da menina, acho que ela até prefere assim, já que sinto um pouco de desdém toda vez que ela fala comigo. Guardo os exames no meu escritório, pois a reunião com Mia e seu advogado seria apenas na semana seguinte.

POV MIA

Acabei pedindo férias de um dos meus empregos pelas próximas semanas para ficar com Estela. Assim que me separei de Thiago, comecei a trabalhar em dobro para dar uma boa vida a minha menina, por isso tratei de arrumar um segundo emprego. Por pouco não termino minha graduação, mas graças aos meus pais terminei antes do nascimento de Estela. Infelizmente, hoje não trabalho na minha área, pois não é tão lucrativa no início de carreira. A boa notícia é que já calculei tudinho e minhas economias serão o suficiente para sustentar minha filha com folga por um bom tempo até que minha carreira como designer cresça.

Enquanto casada com Thiago tive que pausar esse meu sonho de ser designer. Além de exigir muita dedicação, Thiago não gostava da carreira, achava perda de tempo, e eu, tola, aceitei e foquei minha atenção em Estela. Agora vejo como isso me prejudicou profissionalmente, um designer com 2/3 anos de experiência tem muito mais credibilidade, experiência, clientes e contatos no mercado de trabalho.

Pela manhã trabalho e ela fica com meu pai e no período da tarde, fico com ela. Esse esquema é provisório já que ano que vem Estela completa 3 aninhos e vai começar a escolinha e então os horários vão se encaixar direitinho.

Na terça-feira saio do trabalho, busco Estela e vou para a casa de Sabrina. Ao que parece, ela e Pedro tem uma novidade para nos contar.

Logo ao entrar na casa, noto os olhares radiantes que o casal troca.

— E então o que vocês querem nos contar? – pergunto ao casal, já sentando no sofá da casa.

Sabrina sorri, troca olhares com Pedro e finalmente conta a novidade.

— Estamos noivos! – a morena anuncia animada.

— Meu pai amado, quando isso? Estou muito feliz por vocês! – solto um gritinho histérico e então abraço o casal de noivos.

— Estávamos ontem no píer, quando de repente, me deparo com Pedro ajoelhado e uma pequena multidão de estranhos em volta de nós. Ele me pediu em casamento e é claro que aceitei!

— Que incrível! Parabéns... – digo com sinceridade

Estela então nos olha com curiosidade e lhe conto.

— Filha, titia Sabrina e titio Pedro vão se casar

— Ebaaa, festaa! – Estela diz entusiasmada e sai para brincar com Shelby, a pequena ama cachorrinhos.

Rimos os três da reação de minha filha.

— Então Mia, queríamos saber se você aceitaria ser nossa madrinha de casamento e Estela nossa daminha. – Pedro me pergunta.

— Claro que sim, será uma honra... vocês já tem uma data?

— Ainda não definimos, está tudo muito recente, mas decidimos que será no outono, ainda este ano. Vai ser um pouquinho corrido, mas é melhor que fazer no inverno perto das festas de fim de ano, né? – Sabrina me explica

— Verdade amiga, tenho certeza que a cerimônia será perfeita, vocês dois merecem demais

— Obrigada Mia, a melhor madrinha de todas. – Sabrininha diz sorrindo.

Conversamos mais um pouco sobre tudo e Sabrina pediu minha ajuda com a lista de convidados, minha amiga esperava há tempos pelo pedido, e por isso, não quer perder um segundo, ela deseja casar-se o mais rápido possível. Eu a ajudei, é claro, até que o entardecer se aproxima e volto para casa.

O resto da semana se passa e logo o dia da reunião com o doutor Caio chega. Decido não levar Estela comigo e a deixo na casa de Jojo, uma grande amiga minha desde os tempos de escola e que voltou a morar aqui em LA faz pouco tempo. Renato obviamente chega atrasado e ainda por cima esquece os papéis do exame. Irresponsável da parte dele. O advogado pergunta como está Estela e porque eu não a trouxe comigo. Ele sempre gostou da menina e costuma se importar com ela. Digo que a ele que não pretendo que ela conheça o pai biológico e Renato me olha com sua carranca típica, não compreendo, essa decisão foi dele afinal, e se depender de mim, pretendo manter assim.

Tratamos as pendências burocráticas e fica decidido que o nome de Renato constaria nos registros oficiais de Estela. Deixo claro que não quero pensão. Renato não insiste, afinal, deixou claro seu desinteresse na pequena Estela. Renato e Caio trocam telefones para facilitar a comunicação e encerramos o encontro. O Moreno promete entregar os papéis do teste de paternidade o mais rápido possível para agilizar o andamento do processo. Passo na casa de Jojo, tomamos um café, colocamos o papo em dia e logo volto para casa com minha filha.

POV RENATO

Assim que me reúno com Caio e Mia noto que deixei os exames no escritório. Pergunto ao advogado se poderia enviar via fax e ele me explica que precisa dos documentos oficiais para dar entrada no cartório. Fica combinado então que eu entregaria o mais rápido possível.

Mia comunica ao advogado que não tem pretenção de estabelecer uma pensão. Me espanto com sua afirmação, pois me acostumei a lidar com pessoas que só me procuram por dinheiro, mas também não insisto em oferecê-la uma ajuda financeira.

Terminada a reunião, volto para o escritório para finalizar uns contratos. No fim do expediente, faço uma ligação para Caio perguntando se poderia deixar os exames agora em seu escritório. Ele avisa que está resolvendo outro caso e me orienta a deixar com Mia. Explico que não tenho o endereço e ele me passa.

Eu poderia enviar os exames por Carla, minha secretária, mas justamente hoje ela tirou seu dia de folga, ou seja, vou ter que gastar meu precioso tempo indo até a casa de Mia. Sou um homem ocupado e recentemente tenho cancelado diversos compromissos devido aos últimos acontecimentos. E é por isso que não tenho tempo para gastar com filhos. Bastou uma semana mais desligado dos afazeres de CEO e já recebi uma ligação desagradável do meu pai, se é que posso chamá-lo assim. Amo a empresa e amo meu trabalho e essa foi a minha única motivação para aceitar tocar os negócios da "família".

Sou recebido por uma mulher que acredito que seja a mãe de Mia. Ela parece não gostar da minha presença assim como a filha. Verifico a estrutura da casa, não é ruim, mas é bem básica para uma Garcia. Logo me pego pensando em seu futuro. Que raios está acontecendo comigo? Entrego os papéis com pressa atordoado com meus pensamentos e vou para casa.

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