Capítulo 13

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POV RENATO

Já fazem semanas que não vejo Léo e como hoje é um dia mais tranquilo no escritório, aviso que passarei em sua casa no fim do dia por mensagem e ele não visualiza, no entanto, decido ir mesmo assim. Meu amigo tem um problema sério em responder qualquer rede social, então presumo que ele está em casa por conta do horário.

POV MIA

Novamente estou na casa de Nath, estamos cozinhando o jantar enquanto Léo e Estela brincam juntos. Estela já está tão familiarizada com a casa que já explorou cada cantinho, ela realmente ama ficar com Léo e Nath, tanto que seus padrinhos estão até enciumados. A campainha toca e prontamente a duplinha vai atender a porta. Quando a porta se abre e revela quem estava por de trás dela, sinto como se o mundo tivesse parado. Renato estava ali fitando minha filha com um olhar que não sei decifrar ao certo.

POV RENATO

Assim que chego na casa de Léo me deparo com um par de olhos cor de amêndoas idênticos aos meus na entrada da casa e logo noto que se tratava de Estela. Esse instante mudou tudo, fitei os olhos da garotinha e um turbilhão de sensações me invadem, assim que olhei sua face angelical compreendi minha tolice. Ela colocou meu mundo de ponta a cabeça apenas com o sorriso estampado em seu rosto e me fez reavaliar todas as minhas crenças e prioridades. Sinto uma vontade inexplicável de lhe abraçar e então fico preso naquele carinho que eu queria que durasse a eternidade, apesar de confusa, ela retribui o carinho. Naquele instante entendi que aquela garotinha era a minha redenção, quase que como um pedido de desculpas do universo por tudo que me aconteceu, ela valia a pena. Infelizmente era tarde, fui tolo e abri mão da minha menina e por muito pouco, muito pouco mesmo, a empresa sempre foi minha paixão, mas não causava em mim um décimo da felicidade que senti agora. Vejo a confusão em seu rostinho mas ela não se afasta, nossa conexão foi quase que instantânea.

POV MIA

Assim que vi Renato, meus pés pareciam ter se colado ao chão, não sou capaz de me mover estou petrificada assistindo a cena. Léo e Nath estão tão em choque tanto quanto eu e não movem um músculo do lugar. Um misto de sensações me invadem nem sou capaz de explicar meus próprios sentimentos. Renato abraça Estela e é a cena mais linda que já vi em toda a minha vida, minha consciência invade meus pensamentos e lembro que ele a abandonou, minha filha está tão sensível que não sei se é capaz de suportar outra decepção parental. Vou até a porta, chamo por Estela, que está confusa com toda a situação e encaro o moreno.

— Você fez a sua escolha. ㅡ digo friamente fechando a porta na cara dele.

Léo então sai apressado atrás do amigo e eu tento aliviar a tensão causada falando da janta. Nath rapidamente entende o que estou tentando fazer e entra na conversa. Já Estela, fica mais confusa ainda com a saída repentina de Léo e me encara em busca de respostas.

— Mamain, quem é aquele moço? ㅡ minha filha me pergunta e eu sinceramente não sei o que responder.

— Não é ninguém, filha. ㅡ digo tentando soar casual.

Não queria mentir para Estela, mas francamente, não sei como lidar com tudo isso.

POV RENATO

As palavras de Mia me atingiram em cheio e saio desnorteado deixando até meu carro para trás. Pego um táxi e vou até o meu lugar seguro que é um lindo jardim que por toda a minha infância era onde eu podia me esconder do mundo. Assim que atingi a maioridade comprei a propriedade e a mantenho. O local não traz lucros, não é o objetivo, é o único negócio que fechei na vida que nada tem a ver com dinheiro.

Finalmente liberto as lágrimas insistentes e me permito sofrer. Até hoje, eu jamais havia chorado por outra pessoa que não fosse ela. Eu realmente estraguei tudo. Eu quero ser pai dela, amar, cuidar e viver com ela. Não quero trilhar o mesmo caminho que meu pai, desejo ser a minha melhor versão pela minha filha. Eu andaria no fogo por ela. Eu quero concertar minha vida e espero que Mia tenha compaixão de mim e aceite minha participação na criação de Estela. Bastou um olhar de minha filha que toda a minha armadura se desfez. Fito a paisagem do sol ao se pôr que sempre me transmitiu uma sensação de paz por um tempo, até que confiro o celular e vejo 20 ligações perdidas de Léo. Meu amigo deve estar morrendo de preocupação e por isso, retorno a ligação e tranquilizo Léo avisando que estou bem.

Volto para casa de Uber, amanhã um de meus empregados busca o carro. Minha casa não é tão distante do jardim, então em 10 minutos chego. Minha empregada abre a porta da casa para mim e subo direto para o meu quarto. Reflito sobre tudo e percebo que minha vida simplesmente não faz sentido sem a minha filha. Uma segunda chance é tudo que preciso, só de pensar que estava agindo como ele sinto calafrios, ligo para Léo e imploro por sua ajuda.

— Léo, preciso da sua ajuda! ㅡ digo nervoso.

— Renato? Está tudo bem? ㅡ pergunta preocupado.

— Não Léo, não está nada bem, cometi o maior erro da minha vida. ㅡ digo desesperado.

— Realmente meu amigo... Eu te avisei...

— Eu sei... Não dei ouvidos e agora preciso da sua ajuda...

— Convença a Mia de me dar uma chance, preciso muito falar com ela e tentar concertar toda essa situação.

— Olha Renatp, vai ser bem difícil que ela queria falar com você, você vacilou e não foi pouco...

— Você sabe que pra mim esse negócio de família é complicado... ㅡ confesso triste.

— Tá bommm Renato, vou tentar, não prometo nada.

— Obrigado Léo, por tudo. Nunca te agradeci por aquele dia...

— Não por isso Renato, foi de coração, pode contar comigo sempre, mas se você estragar tudo de novo com a pequenina, vai se ver comigo. ㅡ Léo diz tentando soar intimidador.

— Eu jamais iria atrás dela para machucá-la, assim que olhei aqueles olhinhos não sou o mesmo... Senti algo novo... Uma sensação boa sabe...

— Sei sim meu amigo, foi amor. ㅡ Léo diz e me deixa pensativo desligando a ligação em seguida.

Uau... Eu amo minha filha. Depois de tantos anos, dedico esse sentimento que parecia ter adormecido dentro de mim à alguém. E, de repente, outro sentimento reprimido desde a minha infância, veio à tona, a esperança.

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