prologue

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• jade thirlwall •

O dia estava cinzento, típica Londres, todos os pais, em sua maioria mais velhos que eu, estavam com seus sobretudos caros e esbanjando relógios e jóias, em uma rodinha nem tão pequena assim, ocasionalmente olhando os filhos que corriam pelo pátio. Todo o espaço era cercado de paredes com detalhes coloridos, pelo menos metade da sua área total era ocupada por um playground enorme, e o resto estava divido ente adultos conversando, bandeirolas de vários países e uma mesa lotada de pratos típicos de cada um dos países. Deixei meus olhos passearem pelas brincadeiras infantis, era como se eles não tivessem controle dos próprios corpinhos de formiga, ou estavam parados ou corriam como se estivessem em uma maratona, ou ficavam quietos ou gritavam em plenos pulmões, não existia meio termo!

Escaneei rapidamente os cantos do pequeno formigueiro de crianças do primeiro ano, esperando encontrar Blair fazendo algo como arrumar a mochila, ler um livro ou qualquer outra atividade calma e individual, sem contato com outras criaturas pequenas e atrevidas, e pensando assim pareço ser uma péssima mãe, mas minha filha realmente me disse gostar de estar sozinha e quieta, por isso, quando vi ela arrastar os pés enquanto uma garotinha loira, um pouco mais baixa, a puxava pela mão para sabe-se lá onde, fiquei, no mínimo, surpresa.

De repente, minha pequena antisocial estava cercada de crianças, brincando e rindo, enquanto a polly pocket abraçava ela de lado, e a minha filhinha tinha o braço por cima do ombro da amiga. Nunca tinha visto meu bebê ser carinhoso assim com ninguém, então pedi licença da rodinha de pais e arrumei um banco, apenas para observar.

— EI GENTE! "TÔ" DE TEMPO! – a amiguinha gritou, se levantando, depois de cinco minutos escondida com Blair, as duas conversaram alguma coisa em cochichos e a polly pocket levantou denovo. — E A BLAIR TAMBÉM, ENTÃO, QUEM BATER A GENTE FAZ XIXI NA CAMA. – completou, com um risinho, e ajudou Blair a se levantar também, falaram mais alguma e cada uma foi para um lado, a outra, correndo, foi cumprimentar alguns pais e minha monstrinha veio até mim, andando calmamente.

— Oi, pirralha. – bati no banco do meu lado.

— Oi, mãe. – respondeu sorrindo.

— O que é isso?! – passei o dedo perto da raiz do cabelo dela. — Blair Elliot, suando? EW! – fingi limpar em sua blusa.

— Mãe! – guinchou, passando a mão no lugar. — Isso é tão nojento!

— Hey, B! Voltei! – Polly Pocket apareceu, correndo, com um prato de sushis. — Quem é essa?

— Minha mãe, Jade. – respondeu baixo, enquanto a Polly enchia a boca com um sushi e me julgava descaradamente.

— Oi, Jade mãe da Blair, eu sou a Maeve Lynn Edwards, ou só Evie mesmo! – se apresentou depois de mastigar e se sentou no chão em frente a minha filha e lhe oferecendo alguns sushis.

— Pode me chamar só de Jade, e você parece gostar bastante dos meus sushis. – comentei, observando o prato recém recusado por Blair, ser esvaziado em instantes.

— Foi você quem fez? Estão iguaizinhos aos do restaurante bom! – comentou sorridente.

Blair apenas observava, quietinha, mas sorrindo e balançando os pés.

— E o que seria o "restaurante bom"? – indaguei, alternando o olhar entre as duas garotinhas.

— Sempre que eu falo que estou com vontade de ir no restaurante bom, a mamãe me leva no meu restaurante favorito! – Maeve explicou, passando a mão na boca em uma tentativa de limpá-la. — Não vai comer nada, B? Eu tirei Itália e pode apostar que os zeppole que a minha mãe comprou estão ótimos, consegui comer um antes de sair de casa e...

— EI, EVIE, SUA MÃE TÁ AQUI! – um garotinho gritou, apontando para a porta que dava acesso ao pátio.

Maeve, apesar de ter corrido cada centímetro daquele pátio, ainda parecia cheia de energia e disparou para o lugar que o amigo apontava, enquanto eu deixei que meu olhar acompanhasse seu trajeto até a mulher que lhe esperava abaixada . Os fios loiros estavam soltos, caindo perfeitamente e emolduravam seu rosto com pouquíssima maquiagem, exibia uma expressão serena, mantinha os olhos fechados e apertava a filha contra o peito como se não a visse há anos. Logo as duas se afastaram e ela abriu os olhos, levando todo o ar de meus pulmões com a pequena ação, eram azuis e hipnotizantes, e quando sorriu, exibia uma única covinha e dentes perfeitos. Quanto mais tempo eu a observava, mais eu me sentia encantada pela sua figura.

Logo mãe e filha estavam vindo em nossa direção, a mais nova agarrada a mão da mãe, marchava a frente, arrastando-a como havia feito com a minha filha há pouco, Blair estava bastante empenhada em se esconder atrás de mim e a Edwards mãe tentava desacelerar os movimentos da sua pequena.

— Blair e Jade, essa é a minha mãe... – a menor começou, parando no lugar onde comia antes de ir buscar a recém chegada. — Qual seu nome de agora, mamãe?

— Prazer, Perrie. – estendeu a mão, com um sorriso nervoso.

— Jade Thirlwall, o prazer é meu. – apertei a sua mão imediatamente.

— Não precisa ter vergonha, B! – a pequena Edwards voltou a falar. — Mas se não quiser dar oi, tudo bem também, a vovó sempre fala que a minha mãe precisa aprender a ser mais amigável mesmo. Vamos voltar a brincar?

— Aham. – minha filha respondeu se levantando.

— Desculpa estragar a diversão, mas precisamos ir embora, Mae. – Perrie chamou a atenção da dupla, se abaixando para ficar da altura delas.

— Mamãe! Acabou de chegar! – a pequena fez bico.

— Exatamente, eu vim para te buscar, ou seja, hora de ir embora. – explicou paciente, porém séria.

— Isso não é justo! Todo mundo veio com os pais, que cozinharam as comidas dos países, e ficaram aqui com eles desde o começo! Você só trabalha, trabalha, trabalha.

— Eu trabalho para podermos ter o que a gente tem, filha, você acha que as pessoas compram as coisas com qual dinheiro?! O do trabalho. – a mais velha insistiu, mesmo que claramente abalada com a reclamação.

— Mas a gente tem casa, tem roupa, tem comida, o que mais a gente precisa ter? Por que você não podia vir mais cedo ou ficar um pouquinho UM dia? – Evie argumentou ainda com o bico.

Perrie observava a filha sem dizer uma palavra, mas os olhos antes cheios de alegria, agora estavam cheios de lágrimas, eu podia jurar que elas cairiam em poucos segundos e então, mesmo sabendo que não deveria, resolvi me meter.

— Podemos marcar um dia para vocês brincarem depois da escola, se a sua mãe deixar, o que você acha? – sugeri, ganhando a atenção das três.

As duas crianças começaram a pular e gritar abraçadas, comemorando algo que nem estava certo ainda e a loira mais velha se colocou em pé.

— Obrigada por isso. – respondeu baixo, com um pequeno sorriso triste. — Podemos combinar, com certeza.

— Não há de quê. – sorri de volta. — Quer me passar seu celular, você sabe, para combinar certinho?

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