XIX. Luiz

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Larissa P.O.V.

 

A viagem de volta foi bastante tranquila, acompanhei Ohana até a casa dela no táxi, e fui a pé até a minha, tomo essa decisão por achar melhor não deixar o taxista saber onde moro. Todo cuidado é pouco. Era quase dez horas da noite, e uma quarta feira quente. 

Quando chego na porta de casa vejo alguém sentado na escada da entrada, suspiro.

Finalmente, Luiz.

Eu me aproximo e ele se levanta. ‘’Oi’’ - ele diz sem jeito.

‘’Oi…’’ - digo desconfiada. ‘’O que faz aqui?’’

‘’Vim conversar, sei que te devo explicações.’’ - ele admite. Pude observar seu olhar, ele estava cansado. ‘’Chegou hoje?’’ - pergunto.

‘’Agora, na verdade.’’

‘’Certo… vamos entrar, não é bom ficar aqui fora conversando.’’ - aviso e destranco a porta. Seja lá o que esteja acontecendo, não é bom nos verem juntos aqui. Ele entra e eu fecho a porta, observando se havia alguém ao lado de fora nos observando. 

Entramos e me sento no sofá da sala, minha mãe não estava em casa, havia ido passar uns dias com a minha tia na fazenda.

‘’Quando quiser…’’ - digo, insinuando para que ele começasse.

‘’Olha Larissa…’’ - ele senta no sofá que estava à minha frente.  ‘’Sei que demorei para contatar vocês, e você deve estar agora questionando minha lealdade...com razão.''

Encaro ele e não respondo.

‘’Eu ouvi muitas coisas nos últimos dias, e nao sabia com quem falar, em quem confiar.’’

‘’Sabe que pode confiar em mim Luiz’’ - digo ríspida. ‘’Eu posso confiar em você?''
‘’Diga logo o que sabe’’

‘’Sobre um pen drive’’

Eu observo suas feições. ‘’O que que tem?’’

‘’Estavam atrás de um pen drive, não atras da nossa área, nossos clientes, ou nosso carregamento. Um pen drive do seu tio.’’

‘’Certo…’’ - continuo.

‘’Pera? Você sabia?’’ - Ele me olha confuso. ‘’Como assim?’’

‘’Luiz… muito aconteceu nas últimas semanas, você demorou pra aparecer.’’ - digo suspirando. ''Não tem ideia de como tem sido minhas últimas semanas, e ter você aqui talvez tivesse me ajudado. Mas não, VOCÊ PREFERE NÃO COMPARTILHAR AS PORRAS DAS INFORMAÇÕES!" - me exalto por um momento, eu poderia acabar com ele aqui, preciso de pessoas leais ao meu lado. Luiz fecha os olhos e passa a mão no rosto. ‘’Me diz Luiz, o que eu estou fazendo com você ao meu lado em vez de John?? Qual o sentido de ter um parceiro nos negócios se a gente não se comunica?’’

‘’Eu sei! Me desculpe, eu só… não sabia em quem confiar Larissa’’

‘’Quem te disse sobre o pen drive?’’ - questiono. 

‘’Cristal, ela estava, tentando me levar pro lado deles, achando que poderia ser útil de alguma forma…’’ - ele admite. ‘’Eu estava perdido…’’ - sempre se ferrando por causa de mulheres.

‘’Luiz, você disse alguma coisa pra ela?!’’ - questiono me alterando novamente, só fica pior. 

''Não! Mas eu também não disse nada a você, eu não sabia em quem confiar, tentei contatar Melissa várias vezes… aquela…’’ - eu o interrompo. Esqueci que ele não sabia. 

‘’Melissa morreu’’ - ele me olha incrédulo.

‘’O que?’’ 

‘’Ela morreu’’ - admito tentando ser o mais fria possível. ‘’Semanas atrás me capturaram e… Melissa chegou no local com um pen drive na mão, dizendo tudo que havia dentro dele, não sei se estava certa… mas… foi o suficiente para distrair eles e John e Pedro tentaram me libertar, ela foi pega no fogo cruzado, tentando me alcançar.’’

‘’Larissa eu… sinto muito… não sabia’’  - ele diz abatido. 

''Óbvio que não sabia Luiz, você sumiu, Melissa se arriscou por mim, e você estava por aí com sua crise existencial!” - Me irrito e me levanto indo em direção a janela tentando me acalmar.

“O que ela disse ter dentro do pen drive? Como ela sabia?’’ - ele questiona e eu me policio para não vazar mais nenhuma informação. ‘’Eu estava machucada, desidratada e amarrada, não me lembro.” - minto. “Os meninos estavam do lado de fora esperando a deixa para entrar, não sabemos.” - tento meu máximo para parecer convincente. Ele não precisava saber. 

‘’Merda… o que vamos fazer?’’ - ele questiona. Eu tinha que explicar pra ele. 

‘’Luiz… não existe o que vamos fazer! Não existe mais! Como posso confiar em você? Você estava todo esse tempo longe, além de ter que tentar resolver esse problemão, ainda tive que lidar com os negócios sozinha! Como posso ter certeza que posso confiar em você?’’

''Você está me mandando embora?’’ 

‘’Luiz… você tem todo o direito aos negócios, meu tio deixou isso claro. Não vou me meter nisso, mas… vai ser só isso. Espero que seja fiel a suas obrigações. Mas além disso, não posso eu não irei compartilhar mais nada com você. Sinto muito, queria que fosse diferente, queria mesmo. Não quero que fique com raiva, mas… por favor. Para o seu bem, não se intrometa em nada. Foque nos negócios que tudo vai ser bem mais fácil para você. Deixa eu sozinha com o resto’’ - Eu tinha medo dele se revoltar de alguma forma e ir pro outro lado, liberar informações sobre mim. 

‘’Eu… entendo… juro que sim.’’ - eu me alivio. ''Você tem razão, eu faria o mesmo. Mas… sinto que se eu estiver aqui, ainda estarei muito envolvido.’’ - eu não entendi onde ele estava indo. “Vou ver minha família, me redimir, começar direito, não quero mais desconfiar de todo mundo que me dá um olhar torto.” - eu entendia, não era o melhor jeito de se viver mesmo. 

‘’O que está querendo dizer?’’ 

‘’Acho que chegou minha hora de sair, sei que consegue se virar sem mim. Seu tio te treinou bem, garota.’’ - eu sorri e continuei o observando. 

‘’Quem você engravidou Luiz?’’ - Ele me olha surpreso, mas logo relaxa. 

‘’Conheci uma garota na última vez que visitei meus pais.’’ - ele admite, eu sabia. ‘’Ela me contou mês passado, esta de 6 meses.’’

‘’Luiz!’’ - Me emociono. ‘’Eu não acredito!”

“Quero começar direito, Larissa. Preciso. Não a vi ainda por medo de levar essa bagunça pra minha família.'' - eu me sento ao seu lado. 

‘’Ei, entendi. Relaxe.’’ - agora entendi porque a cabecinha dele estava bagunçada. 

Me levanto e vou até meu quarto, volto com uma sacola de pano branca. 

‘’Aqui’’ - entrego.

‘’O que?’’ - ele pergunta analisando o conteúdo na sacola. ‘’Que isso Larissa?” 

‘’30.000 dólares. Não que você merecesse…’’ - brinco. ‘’Mas acredito ser o suficiente para recomeçar.’’ 

Ele me olha segurando o choro.  ‘’Nada de choro’’ - advirto. 

“Obrigado Larissa’’ - ele me abraça e eu devolvo o abraço meio desconfortável, ainda estava me acostumando. 

‘’Agora vai, toma cuidado’’ - falo e me levanto abrindo a porta. Ele me encara e sorri.

 ‘’Boa sorte, cuide dessa Ohana’’ - ele pisca pra mim e sai indo em direção ao seu carro. O observo ir embora, vendo se estava seguro. Bom… eu imaginava essa discussão acabando de outra forma, Ohana estava me deixando mole.




Genteeeeeee, esse foi um capitulo rapidinho que escrevi mas que quis soltar logo. Logo mais vem capitulos maiores! Estao curtindo?

Ohana e Larissa (anitta) - uma historia diferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora