CAPÍTULO 4

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Ao abrir os olhos a escuridão já era densa e tomava todo o quarto. Minha cabeça girava um pouco com a confusão de dormir demais. Fiquei por alguns minutos olhando para o teto do quarto escuro quando as batidas de leve na porta me despertaram totalmente. Após o incidente eu havia ficado em um estado de alerta frenético e isso consumia demais minhas energias.

A porta do quarto se abriu e Kao entrou lentamente com uma pequena bandeja em mãos.

- Eu o acordei senhor Kydo? – Sua voz era baixa e calma.

Levantei-me da cama rapidamente, tentando arrumar meu cabelo que estava completamente devastado.

- Não, eu já estava acordado.

Ele acendeu a luz fazendo meus olhos perderem um pouco o foco e se ajustarem lentamente a claridade que invadia o quarto.

- A cozinheira deixou o seu jantar.

Kao depositou lentamente a bandeja com a comida na mesa.

- O senhor irá precisar de mais alguma coisa? – Ele sorriu.

- Sim, você pode ficar comigo enquanto como? É ruim comer sozinho. – Sorri de leve enquanto me levantava para comer.

- Como o senhor desejar.

Deixei a cadeira para ele se sentar e voltei com a minha bandeja para a cama. Comia lentamente os pratos feitos para mim enquanto Kao olhava distraidamente para a porta de vidro enegrecida pela noite.

- Você está bem? – indaguei com a boca cheia de comida.

Ele parecia estar em outra dimensão e mesmo assim conseguiu me responder de forma calma.

- Está, só estou analisando ficar do lado de fora dessa porta, do que ficar no corredor. – Ele sorriu lentamente.

Parei o garfo diante da minha boca atônito com suas palavras. Eu não o queria tão próximo de mim a ponto de me ver dormindo e babando na cama, seria horrível.

- Não há necessidade. Duvido muito que aquele homem faça a mesma coisa. Se ele fosse fazer a mesma coisa, teria tentado algo no hospital novamente. – Suspirei de leve. – Você tem alguma ideia de quem possa estar fazendo isso?

Ele voltou seus olhos para mim. Em seus olhos havia um brilho diferente, como se ele soubesse de algo e estivesse pronto para esconder o que sabia.

- Posso dizer que é uma pessoa extremamente treinada para cometer assassinatos. Arrisco a dizer que é um mercenário. – Ele arqueou a sobrancelha. – Entretanto, fico me perguntando o que há de tão valioso em você que despertou a ira de alguém tão rico para querer a sua morte dessa forma.

- É tão caro assim contratar uma pessoa para este fim?

Sentia minha mão tremer incontrolavelmente enquanto esperava a resposta dele para a minha pergunta.

- Tudo vai depender do grau de dificuldade e posição social dessa pessoa. Acredito que você está saindo caro pelo grau de dificuldade. Já foram duas tentativas. – Ele suspirou de leve. – E para mim esse é o problema.

- Como assim? – Senti um arrepio de leve percorrer toda a minha coluna, chegando a deixar meu corpo todo trêmulo.

- Eu tenho certeza de que se ele quisesse matar você rapidamente ele já teria feito isso. Ele está brincando com você e mostrando que pode matar você em qualquer lugar e da forma que quiser. – Seu semblante mudou para frustração e logo em seguida em preocupação.

O Inimigo PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora